Quando o indivíduo focaliza muito os cargos acima do seu, por vezes se esquece daqueles que estão abaixo. Como consequência, apesar de querer subir, não cria as estruturas necessárias para que sua promoção não cause danos às operações da empresa. Não pensar nesse organograma significa que o profissional não percebe que, para que sua carreira avance, precisa ter alguém capaz de assumir a responsabilidade de seu cargo atual.
Para que isso ocorra, tem de aprender a formar pessoas para sua cadeira. Vamos pensar de uma forma abrangente. Para que a carreira avance, o profissional deve ter uma agenda que compreenda as considerações abaixo.
Contatos com dois níveis hierárquicos acima do seu. Afinal, quem contrata – ou promove – gerentes são diretores. Portanto, não faz muito sentido você querer se mostrar somente para o seu gerente. Embora ele seja um importante influenciador, quem decide sua promoção não é ele. Exceto aquelas para o mesmo cargo, mas com nível diferente, por exemplo: júnior, pleno e sênior. Portanto, ter uma agenda para se expor a gestores dois níveis acima do seu é fundamental para sua carreira.
Segundo, deve ser capaz de conhecer seu valor no mercado. Não é possível você pleitear um cargo maior, se não souber o quanto vale no mercado. Use pesquisas salariais, que você encontra em jornais, e também atenda a solicitações de headhunters (recrutadores e caça-talentos). Afinal, você deve saber se há oportunidades para você fora da empresa. Se possuir uma oferta real para sair da companhia, é muito mais seguro entrar em uma negociação para uma promoção.
Portanto, jamais deixe de responder a uma solicitação desses profissionais e nunca revele esses contatos em sua empresa – você não tem nada a ganhar ao deixar seu chefe saber disso. Eu já vi gerentes, de forma muito desonesta, convencer seus liderados de que eles poderiam revelar-lhes essas conversas, somente para interferir nas negociações e evitar a saída de seus subordinados. Portanto, sigilo é fundamental em sua carreira – considere-a como um empreendimento, não há negócio que exista sem informações sigilosas estratégicas.
Tanto para ser promovido dentro da empresa, ou por meio de uma oportunidade externa, a terceira ação fundamental é formar pessoas abaixo de você. Por maior que seja seu descontentamento com a organização, a habilidade de formar sucessores é a que mais irá precisar ao longo de sua carreira rumo ao topo. Essa competência é muito mal treinada pelas pessoas. Principalmente por aquelas oriundas de cargos muito intensivos em conhecimento técnico, como é o caso das carreiras na área de computação. Muitos profissionais chegam aos cargos de liderança e acreditam que ser líder é ser o técnico dos técnicos. Uma visão operacional daqueles que são bons em acumular e usar conhecimentos, mas possuem grande dificuldade com relações interpessoais. Contudo, para construir uma carreira de sucesso e que seja valiosa à organização e às pessoas sob sua responsabilidade, o profissional deve saber comunicar-se, delegar funções e formar substitutos.
É verdade que há empresas, principalmente familiares, nas quais os líderes não desejam sair de seus cargos. Entretanto, mesmo nessas organizações, é possível treinar sua capacidade de formar pessoas e deixar estruturas bem montadas atrás de você, enquanto galga os degraus do sucesso.
Além disso, se você ficar muito tempo em uma mesma posição, corre o risco de perdê-la para alguém mais jovem, mais barato e com maior capacidade de lidar com novas tecnologias. Portanto, aprender a formar sucessores é uma competência que, por si só, o qualifica a posições maiores e mais relevantes. O pior que pode acontecer a você não é perder o emprego para aqueles que você formou, mas perder seu valor por achar que seu conhecimento é mais importante que sua capacidade de formar pessoas.
Bons líderes são capazes de formar bons líderes, não seguidores. Desse modo, conforme sua carreira avança, sua liderança permanece presente na estrada que construiu para você, mas também para as gerações futuras de profissionais. Vamos em frente!
Por Sílvio Celestino é sócio-fundador da Alliance Coaching e autor do livro “Conversa de Elevador”.
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