quinta-feira, 23 de maio de 2013

A prática do poder de Estado e a política brasileira


Contestador do então imperialismo soviético, o escritor húngaro George Konrad (1933) definiu a antipolítica (seu premiado ensaio de 1985) como “uma força moral da sociedade civil que articula a desconfiança e rejeição públicas do monopólio de poder da classe política dentro do Estado _ um poder usado contra as populações através de legislação. Esta força moral não pretende derrubar o poder político, mas opor-se à opressão que ele exerce sobre as populações”.
Fruto da ascensão e do ativismo político-midiático das novas gerações e cuja ação decorre das modernas tecnologias de informação e comunicação, a antipolítica poderá ser uma nova utopia, uma possibilidade de revitalização das ideias e das esperanças.
E, principalmente, poderá desmascarar um tradicional (e fraudulento!) discurso, que afirma que os interesses da classe política são idênticos aos interesses da comunidade. Ou, que os interesses do Estado se equiparam aos objetivos da população. Ambos falsos!
A antipolítica quer recuperar as manifestações públicas e os movimentos sociais, sua cultura e dinâmica. Como sabe que “não há vida saudável dentro do sistema”, quer refazer e recuperar o sentido e o debate ideológico. Mas ainda não sabe como.
Já a pós-política representa o contrário. Pensa, acredita e aposta no fim da ideologia. A pós-política sabe muito bem o que fazer e o que quer: o poder. E o poder se estabelece pela conquista do Estado.
A pós-política é realista e joga o jogo do sistema. Não tem ilusões, nem pudores. Utiliza e manipula os partidos políticos, faz permanente cooptação das instituições sociais, despolitiza-as e converte-as em instrumentos de sua manutenção de poder. Razão e explicação da persistente e óbvia pergunta: onde estão os sindicatos e os movimentos sociais e estudantis?
Entre esses dois antagônicos movimentos políticos, há algo essencial e expressivo em comum, mas por razões diferentes. Os meios de informação e conhecimento são ponto central de ação da antipolítica para expandir a comunicação e as redes de integração do debate político-ideológico. Já a pós-política, reconhecendo os inerentes riscos à sua manutenção de poder, tenta impor o controle sobre os meios de comunicação.
Qualquer atual semelhança com a natureza do exercício do poder de Estado e a situação geral da política brasileira é mera coincidência!
Por Astor Wartchow, Advogado.

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