O desenvolvimento econômico não é uma antítese do desenvolvimento humano – ao contrário, é carregado de potencialidades para a alavancagem deste, e vice-versa. Da mesma forma, desenvolvimento econômico humano e sustentável não é um oximoro se estivermos certos de que nossos interesses acerca do futuro do ambiente global e da economia residem na expectativa e esperança de benefícios para muitos, e não para poucos, senão para todos.
O capitalismo ainda não beneficiou igualmente os ricos e pobres e não está fadado a permanecer litigioso. As oportunidades para o desencadeamento de ações proativas estão sendo expostas e muitas empresas já se empenham para atender às suas necessidades, ao mesmo tempo recorrendo às necessidades das comunidades onde atuam, e incorporando as urgências ambientais atuais de preservação e resgate. Em um capitalismo inclusivo que incorpore valores, preocupações e interesses antes excluídos, o setor empresarial, como sua espinha dorsal, pode se tornar o catalisador para as transformações exigidas rumo ao desenvolvimento sustentável global, sem que tenham que sacrificar seu desempenho financeiro em nome de obrigações sociais.
O que antes separava os negócios dos interesses sociais, hoje está se fundamentando em novas e criativas técnicas para a combinação das duas coisas por meio de parcerias corporativas com diversas formas de inovação social – investimento privado estratégico, negócios sociais, cooperação e parcerias com ONGs, etc. O patamar atual do desenvolvimento sustentável já alinhou o desenvolvimento humano ao econômico, convertendo questões sociais e ambientais em oportunidades estratégicas. A chamada para a urgência do agir, começa – embora ainda a passos lentos – a se transmutar em direção à nova etapa do processo, o como agir.
Lidando com as oportunidades e capacidades das pessoas, ao mesmo tempo em que se ampliam sua liberdade de escolha para que possam se tornar aquilo que desejam ser, o foco do desenvolvimento é realocado para o humano enquanto a renda passa a ser um meio para a elevação da qualidade de vida, que incorpora outras características como as sociais, culturais e políticas. O crescimento por si só não garante o bom desenvolvimento, aquele que seja distante das desigualdades, do desemprego e da pobreza.
Por Marília Carneiro Ferreira
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