A queda de um ônibus em um viaduto no Rio, com muitos mortos e feridos graves, reflete nossas deficiências em segurança viária. O relato da mídia indica série de falhas, mas as fotos revelam inquestionável deficiência no ambiente viário: um viaduto inadequado ao trânsito.
Nada justifica o conflito entre motorista e passageiro. Mas tendo ocorrido, usuários não poderiam ser condenados à morte. O ônibus não teria caído se existisse barreira apropriada. E, possivelmente, haveria menos vítimas.
Foram as investigações detalhadas das causas de colisões que possibilitaram avanços na engenharia de segurança viária. Em países desenvolvidos, vias passam por auditorias em seus vários estágios, da concepção ao projeto e à operação.
Acidentes são eventos indesejáveis que resultam de falhas operacionais em ambientes bem projetados e controlados. Colisões são previsíveis em um ambiente viário onde circulam milhões de pessoas por dia. No trânsito não temos acidentes, temos colisões.
Em números absolutos, os mais de 40 mil mortos anuais colocam o Brasil na incômoda posição de um dos países que mais matam no trânsito. Em números relativos, nosso indicador de mortos por quilômetro-pessoa transportada é sete vezes superior ao americano e 12 vezes maior que o sueco.
A prática da segurança viária reside sobre três pilares: educação, engenharia e fiscalização. No Brasil perdemos décadas investindo quase que unicamente em educação para o trânsito, na esperança que gerações futuras venham a se comportar melhor. Com o advento da década da segurança viária, iniciamos agora a fiscalização, particularmente do excesso de velocidade e da alcoolemia. Mas, no que diz respeito à engenharia, ainda são raros os casos de ambientes viários concebidos e operados para evitar colisões e mortes.
Por Luis Antonio Lindau, Diretor-presidente da EMBARQ Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário