sábado, 25 de maio de 2013

Os beneficários do Bolsa Família deveriam ter acesso a instrumentos financeiros

                                               Muito interessante a entrevista que o economista, especializado em pobreza, do Banco Mundial concedeu á revista Isto É dinheiro a respeito dos programas sociais do governo, notadamente o Bolsa Família. A entrevista foi concedida ao jornalista Carlos Eduardo Valim nesta semana, logo após os boatos falsos (evidentemente) sobre o fim do progama no Brasil
Para o indiano Kabir Kumar, economista do Banco Mundial (Bird), que se reuniu em Brasília, na quarta-feira 22, com equipes da Caixa, do Banco Central e do Ministério do Desenvolvimento Social, ajustes precisam ser feitos no programa, como estimular a bancarização e a melhoria dos conhecimentos financeiros da população beneficiada. Esses temas foram objeto de um estudo coordenado por Kumar. O economista lidera o Grupo Consultivo para a Ajuda aos Pobres (CGAP), entidade ligada ao Bird.             
Abaixo, apresento as primeiras perguntas e respostas da entrevista. Ao final deste texto, disponibilizo um link que leva à entrevista completa no site da revista.
DINHEIRO – Os programas nos moldes do Bolsa Família vêm se multiplicando em diversos países. Quais são os benefícios dessas iniciativas? 
KABIR KUMAR – Embora os modelos sejam diferentes, todos têm como efeito mais imediato o crescimento da renda. Hoje vemos projetos semelhantes na Índia, em Bangladesh e no Paquistão. Todos eles se inspiram no Oportunidades, lançado em 2002 pelo então presidente do México, Vicente Fox. No caso brasileiro, um dos fatores positivos é a vinculação do benefício à presença das crianças na escola.
DINHEIRO – No geral, eles têm tido sucesso?
KUMAR – O fato é que, quando as pessoas têm acesso a uma base financeira estável, as famílias podem poupar recursos em pequenas quantidades e, dessa forma, melhorar suas vidas no longo prazo. Existe um debate acalorado no campo político em torno dos programas de distribuição de renda. Mas eu analiso essa questão de forma simples, me debruçando mais sobre os benefícios gerados por esses programas. 
DINHEIRO – E como o Bolsa Família se coloca em relação aos outros modelos mundiais?
KUMAR – Trata-se de um bom programa. Apesar disso, são possíveis ajustes. Dos 13 milhões de beneficiados, apenas cerca de dois milhões possuem conta bancária. E, quando se permite o acesso ao sistema financeiro, cria-se um instrumento importante para um melhor planejamento financeiro por parte das famílias. Por outro lado, dá aos bancos a possibilidade de desenvolver produtos melhores e adequados a essas pessoas. A Caixa está fazendo um grande trabalho nessa área ao estimular o ingresso dessas pessoas no sistema financeiro.
DINHEIRO – A renda oriunda do programa é apontada como uma das incentivadoras para o crescimento econômico do Brasil, por meio da promoção do consumo. Incentivar a poupança não pode afetar o consumo?
KUMAR – As pessoas ricas costumam pensar dessa forma. O importante nesse debate é compreender como se dá a utilização dos recursos e se existe uma opção entre a aquisição do bem e a destinação de recursos à poupança. Não sei se haveria uma regra que deveria ser seguida pelos governos, de modo geral, para estimular uma coisa ou outra. Mas acho que existem ferramentas que os gestores públicos poderiam utilizar, como estimular a concorrência entre bancos e até entre empresas de outros setores, pela inserção dessas pessoas no mundo das finanças. Quem ganharia com isso seria a população. Na África, por exemplo, vemos as operadoras de telefonia ajudando na bancarização das pessoas.
Para continuar lendo a entrevista, clique nesselink.

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