O fator mais destacado que explica a falta de dinamismo econômico nos dois últimos anos é a crise da indústria, cuja gravidade não será captada se não for levada em conta que seus determinantes são profundos, envolvem as dimensões interna e externa e requererão continuidade de políticas para sua superação. A crise mundial deixou patente o impasse industrial brasileiro por estreitar os mercados consumidores de bens industriais ao redor do mundo, o que potencializou a concorrência pelos poucos mercados dinâmicos existentes, como é o caso do Brasil.
O excesso de capacidade de produção a nível global levou à prática de baixos preços de penetração em mercados com essa característica, mas em nosso país certas condições tornaram especialmente favoráveis a conquista de fatias do mercado interno pela produção realizada no exterior: a) as lacunas de nossa estrutura industrial pela não incorporação de setores representativos das revoluções industriais nas três últimas décadas, a exemplo do complexo eletrônico dentre outros; b) a operação industrial a custos muito elevados, particularmente em se tratando de custos sistêmicos; c) a prolongada sobrevalorização da moeda que aprofundou o efeito das distorções anteriores; d) finalmente, nos últimos cinco anos, uma evolução diminuta da produtividade que não compensou o crescimento de salários.
Outra característica distintiva da etapa recente da economia reside no forte declínio do investimento, tanto privado quanto público. A política econômica equivocou-se por ter procurado reproduzir em 2012 o êxito obtido em 2009 quando o incentivo tributário ao consumo de bens duráveis contribuíra para que a economia reagisse bem ao contágio da crise global. Desta feita, como a estagnação é determinada simultaneamente pela crise industrial e pela queda do investimento, o incentivo ao consumo foi incapaz de promover a recuperação do crescimento. Esta exigiria a retomada das inversões.
A etapa desfavorável da economia no último biênio coloca em evidência que uma nova política econômica se impõe. Nesta revisão se faz necessário agregar reformas e reorientações profundas em campos decisivos.
O Conselho do IEDI elaborou uma série de pontos para um programa de superação dos principais entraves da economia que contribuirá para a construção de um marco de referência de uma trajetória de expansão a longo prazo e para o reerguimento da indústria.
As principais deficiências estão na educação, infraestrutura e gestão do gasto e receitas públicas. Também precisam ser revigorados os padrões de produtividade, inovação e competividade da economia. Além disso, a sustentabilidade pode e deve ter uma maior articulação com a política de desenvolvimento e uma mudança profunda precisa ser promovida na inserção externa brasileira.
Finalmente, os pontos relativos à redefinição dos marcos regulatórios visam contribuir para a economia de tempo e de recursos das empresas e cidadãos, para minimizar a insegurança jurídica das atividades econômicas no Brasil e para a simplificação, modernização e maior produtividade do país.
1. Qualidade da educação e da formação da mão de obra que precisa ser melhorada urgentemente
2. Infraestrutura muito deficiente
3. Má orientação do gasto governamental e insuficiente investimento público
4. Sistema tributário injusto, complexo e anacrônico
5. Baixos padrões de produtividade, inovação e competividade da economia
6. Ausência da sustentabilidade como um vetor das políticas industrial e de competitividade
7. Afastamento da economia brasileira da economia mundial – a declinante inserção externa do Brasil
8. Burocracia generalizada
9. Insegurança jurídica
10. Legislação trabalhista
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