Por Wagner Nascimento, advogado
A falta de faculdades para atender à demanda do mercado contribui para um cenário onde empresas disputam acirradamente os talentos disponíveis. A lógica deveria ser: quanto mais faculdades, maior é a chance de atender ao que pede o mercado.
Entretanto, não é isso que se observa dentro dos escritórios de advocacia. Em um momento onde o país recebe investimentos e está cada vez mais presente na mídia internacional por causa dos grandes eventos, as firmas sofrem com falta de advogados qualificados. A economia está aquecida. Há maior demanda para consultoria jurídica e revisão de contratos, além das disputas judiciais que surgem normalmente.
Isso significa dizer que os escritórios precisam de advogados. Há trabalho, há oportunidades de crescimento, mas não há profissionais preparados. O que é uma contradição, pois o Brasil, segundo o Conselho Nacional de Justiça, tem mais faculdades de Direito do que todos os países no mundo juntos. Em 2010, eram 1.240 cursos superiores em território nacional, enquanto no resto do planeta a soma chegava a 1.100 universidades.
Infelizmente, quantidade não é sinônimo de qualidade. A taxa de reprovação da OAB só ratifica o dilema que escritórios enfrentam. Estagiários com dificuldade de redigir um simples texto, advogados que não demonstram domínio básico da lei e com dificuldade de criar argumentos fundamentados e objetivos são apenas alguns exemplos típicos de um dia a dia de uma firma.
É claro que a qualidade do Ensino Superior não é o único motivo. Há outros fatores, como o sonho do concurso público. A tão desejada estabilidade que um cargo oferece atrai pessoas para faculdade que não têm a paixão por advogar. Mas o setor deve buscar soluções para que o país volte a produzir excepcionais juristas e advogados que sempre marcaram a nossa história.
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