O trabalho se mescla cada vez mais com nossas vidas. Grande parte dos profissionais, principalmente àqueles de cargo mais elevados em empresas médias ou grandes, como gerentes, coordenadores e diretores, tem feito do trabalho sua casa. Chegam antes de amanhecer, saem quando já anoiteceu, levam trabalho para casa e, graças à maravilha (ou não) da tecnologia, estão sempre plugados. Respondem e-mails, checam as vendas e respondem clientes às 4h de um sábado. Alguns, não bastando tudo isso, tem orgulho em dizer “acordo uma hora mais cedo para organizar meu dia e rever o planejamento do departamento”.
Se algum dia nossos pais tiveram medo de crescermos preguiçosos e sem vontade de trabalhar, com certeza eles sentirão orgulho de nós hoje, trabalhadores esforçados e comprometidos… será?
Não sou contra a dedicação com o trabalho ou sua carreira, muito pelo contrário, apoio e encorajo que todo e qualquer profissional seja o mais comprometido, responsável e produtivo possível. Apoio e encorajo mais ainda que o mesmo busque, todos os dias, novos conhecimentos, tecnologias, metodologias, facilidades, culturas e línguas.
Mas, então, qual o problema?
Nós, em nossa ânsia por conhecimento, promoções, resultado e até pela competição, estamos confundindo o real sentido de nosso trabalho e estamos nos tornando verdadeiros zumbis. Claro que não generalizo, existem aqueles que sabem separar muito bem a parte profissional da vida pessoal, mas pelo que venho observando, uma parte dos profissionais simplesmente está abrindo mão de sua vida e se dedicando única e exclusivamente ao trabalho e a carreira, sem se dar conta disso.
Como assim?
Começa devagar. Um dia você está muito cansado para visitar seus pais e não vai. Um fim de semana, aquele que você tinha um aniversário para ir, você faz plantão e fura. No mês que você iria tirar férias com sua família, um compromisso inadiável no trabalho o faz desmarcar. E assim por diante.
Claro, existem contratempos, exceções e acasos, alguns parecidos com os citados anteriormente, e nós, como profissionais, temos de estar preparados e disponíveis para atendê-las. O problema é quando o profissional faz desses contratempos, exceções e acasos uma regra, e, da regra, um meio de vida.
Conheço pessoas que não namoram, não se divertem, não viajam, não sorriem e dizem com orgulho no peito que acordam 3h da manhã para montar planilhas para o dia seguinte. O ápice do assunto em qualquer happy hour é o resultado da empresa, ou os entraves de algum departamento, o corte orçamentário.
Estamos esquecendo de viver. E, sinceramente, acredito fielmente que, em um futuro próximo, olharemos para traz e veremos o que perdemos.
Quantos de nós deixamos de fazer academia por “falta de tempo”? Quantos de nós esquecemos de visitar ou até mesmo ligar para os amigos, parentes e pais porque estamos “muito ocupados”?
Sugestão: pare um pouco, reflita e se organize.
Quando estiver em casa, esteja em casa. Converse com seus companheiros, filhos, pais, etc. Pergunte como foi o dia. Escute as histórias. Se possível, desligue o celular. Curta seu momento.
O bom profissional não é aquele que trabalha mais horas, mas aquele que consegue ser produtivo a ponto de fazer tudo o que precisa ser feito no horário que precisa ser feito. E dificilmente você conseguirá isso trabalhando como louco, já que estará o tempo todo esgotado e estressado.
O profissional relaxado e feliz rende mais, aprende mais e se destaca mais.
Por Emerson Moizés, Cientista da computação e pós graduado em banco de dados
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