quinta-feira, 18 de julho de 2013

Não se pode cobrar dos governos mais do que eles arrecadam

O momento deveria ser de repúdio geral à demagogia e à insistência com que certos segmentos políticos procuram tirar proveito da crise, apostando na facilidade com que o povo se deixa enganar. Seja pela santa ignorância ou pela crédula ingenuidade.
Os governos não podem gastar mais do que arrecadam da população. Todo dinheiro do governo vem dos impostos. Por isso, entrará em vigor a oportuna lei que colocará nas notas o que é imposto embutido nos preços. Logo, quando se abre mão de tributos, ou se congelam os preços controlados — combustíveis, tarifas de energia e transportes, por exemplo —, geralmente o povo acaba pagando mais e recebendo serviços ainda piores. Feliz seria o Brasil se os governos, ao invés de remendos com as famosas ‘renúncias fiscais’, administrassem melhor o que arrecadam, que é muito.
Curioso é que, quando estamos em plena crise na economia, com a volta da inflação, perdas nas vendas externas e mercado interno retraído, ganha as ruas um movimento para se trabalhar menos. A falta de credibilidade internacional do Brasil vem crescendo na medida em que estes fatos são noticiados, assim como as manifestações, que já causam mais irritação do que apoio no seio do povo. E agora esta grosseria de tumultuar casamentos, o que não é do nosso povo, sempre cordial.
Ao invés de imitarmos países que estão em crescimento como Chile, Peru, Colômbia e México, demonstramos especial apreço pelos que estão afundando, como Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador. E, no campo interno, não é diferente. Deveríamos prestigiar governantes com coragem para o combate à violência, ousadia de tocar grandes projetos e atrair empresas, mas surgem (ou ressurgem) políticos de passado medíocre, cercados de reais suspeições, fruto da fraca memória popular.
Fica difícil crer na continuidade das melhorias na qualidade de vida, quando sobrevive esta política populista, enganosa, que tem como personagens figuras que tiveram oportunidade de ajudar a população e não o fizeram. Acham que o povo se vende por um prato de comida ou com sorrisos baratos. Que a vinda do Papa opere o milagre de incluir a demagogia e o ressentimento dos ineficientes como pecado capital!
Por Aristóteles Drummond, jornalista

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