Nas décadas de 1960 e 1970, o Brasil embarcou numa política de desenvolvimento baseada no estímulo à produção local de itens que de outra forma seriam importados. A chamada substituição de importações levou à criação de uma indústria nativa, que porém sofreu excesso de proteção e ruiu por falta de competitividade.
O turismo ensaia entrar numa fase que poderíamos chamar, com licença poética, de substituição de exportações. Nosso país é hoje um dos principais ‘exportadores’ de turistas do mundo, o que produz déficit na balança de pagamentos. É preciso despertar nesses turistas o interesse em viagens domésticas, ajudando o Brasil a tornar-se o terceiro maior PIB turístico do mundo em 2022.
Desta vez, porém, não se quer proteger a produção nacional. A estratégia é aumentar a competitividade dos destinos brasileiros. É o que o Ministério do Turismo quer fazer com a nova fase do Programa de Regionalização do Turismo, lançada em maio.
A nova fase fará um ‘zoom’ no Mapa da Regionalização, de 2004, que hoje tem 276 regiões classificadas de acordo com seu interesse turístico. Além de um diagnóstico individualizado, que permitirá categorizar os municípios segundo o desenvolvimento do turismo em cada um, o programa virá acrescido de uma premiação para as melhores práticas.
Precisaremos, porém, de uma mudança de mentalidade. Investimentos públicos deverão ser calibrados pelo interesse do turismo. É preciso, ainda, consolidar parcerias público-privadas e concessões.
Dos agentes nos municípios espera-se uma decisão política clara pelo turismo como alavanca do desenvolvimento regional. Depois, a formulação de uma estratégia. Por fim, espera-se que eles atuem como ‘marqueteiros’ da própria destinação.
Nem sempre isso é fácil. Competir num ambiente aberto também pode ser traumático para indústrias turísticas nascentes. São dores de crescimento, porém. Diante do tamanho do mercado brasileiro, apostar no turismo dificilmente pode dar errado.
Por Vinicius Lummertz, secretário de Políticas de Turismo do Ministério do Turismo
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