Sempre à frente dos protestos nas ruas nos últimos anos, desta vez as principais centrais sindicais do país chegam atrasadas e divididas à greve geral marcada para esta quinta-feira.
Pegas de surpresa pelas manifestações de junho que mobilizaram milhões de pessoas em todo o país, CUT e Força Sindical agora tentam pegar uma carona no movimento, mas não se entendem nem sobre o que, afinal, as mobiliza neste momento, o que reivindicam e para quem.
A situação é tão esdrúxula que uma central, a CUT, quer levar seus militantes às ruas para defender bandeiras do governo federal como a constituinte exclusiva e o plebiscito da reforma política, que foi enterrado ontem na Câmara. Seria, portanto, uma inédita greve geral a favor.
Do lado oposto, apresenta-se a Força Sindical do deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. Empunhando velhas bandeiras como a redução da jornada de trabalho para 40 horas e o fim do fator previdenciário, ele pretende aproveitar a oportunidade para atacar o governo de Dilma Rousseff, apesar de seu partido, o PDT, fazer parte da base aliada.
Neste Fla-Flu sindical, a única coisa certa é que mais uma vez a vida de quem mora nas grandes cidades e a de quem precisa viajar vai virar um inferno, com avenidas e rodovias bloqueadas, segundo os planos bélicos da Força Sindical.
Na verdade, uma amostra da bagunça programada por Paulinho já começou na manhã desta quarta-feira, com os lideres de uma chapa de oposição do Sindicato dos Motoristas, ligada à Força, fechando 15 terminais de ônibus na zona sul de São Paulo, que afetaram 279 linhas e deixaram mais de 750 mil passageiros sem transporte. Estivadores do porto de Santos, ligados à central de oposição, também decidiram antecipar sua greve para hoje, fechando o acesso pela rodovia Conego Domênico Rangoni.
Em São Paulo, a Força pretende fechar os acessos das principais rodovias a partir das seis horas da manhã, assim como as Marginais – e as centrais marcaram uma grande concentração na avenida Paulista para o meio-dia.
Ou seja, se tudo der certo como programado na greve geral, São Paulo vai parar amanhã. Em todo o país, devem aderir ao movimento professores, comerciários, metalúrgicos e petroleiros, além de 600 mil servidores públicos do Executivo e do Judiciário.
Outra central aliada à Força, a Conlutas, quer parar até o Metrô de São Paulo, o que atingiria 5 milhões de passageiros. A decisão deverá ser tomada pela categoria em assembleia marcada para hoje.
Num cenário político em que o maior líder da oposição na Câmara, Eduardo Cunha, é também o líder do PMDB, o maior partido da base aliada, tudo é possível, inclusive uma greve geral que é, ao mesmo tempo, a favor e contra o governo, embora o atendimento das suas reivindicações dependa unicamente do Congresso Nacional.
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