segunda-feira, 8 de julho de 2013

A esquerda brasileira tem que colar os seus cacos. A grande dúvida é como fazer isso

Colunistas, editorialistas, enfim, comentaristas em geral da grande mídia partidarizada estão eufóricos. Demorou uma década inteirinha para o governo federal regido pelo PT perder a boa imagem entre a maioria absoluta dos brasileiros, mas, finalmente, aconteceu.
O mais impressionante é que o fenômeno ocorreu em um mísero mês. Entre 1º e 30 de junho, dezenas de milhões de brasileiros de todos os estratos sociais, de todas as faixas etárias, de todas as regiões do país, de repente descobriram que estavam errados ao aprovar Dilma Rousseff.
Pior do que isso. Os acontecimentos do mês passado produziram uma divisão entre a esquerda muitíssimo mais profunda do que a que ocorreu nos primórdios do governo Lula, quando uma defecção do PT formou o PSOL, que se tornaria mais inimigo do partido do que o PSDB e o DEM.
A ficha de setores simpatizantes do governo que caíram no golpe do PSOL começou a cair quando tais setores se deram conta do que aqui se avisou tantas vezes, que a direita mais reacionária e truculenta era parte integrante das manifestações que ocorriam sob o mote da redução do preço do transporte público.
O que ocorreu foi que não dava para fazer distinção ideológica a fim de promover marchas pela redução do preço das passagens de ônibus e metrô. Dessa maneira, o MPL só visou engrossar as manifestações sem se importar com quem aderia a elas.
Um exemplo desse fato: após a rendição dos governos Geraldo Alckmin e Fernando Haddad no tocante ao preço das tarifas de ônibus e metrô, uma manifestação foi convocada para ocorrer diante da prefeitura paulistana no fim da tarde. Ainda pela manhã, este blog recebeu aviso de que na assembleia do MPL havia gente dizendo que iria quebrar a prefeitura e nem assim a manifestação foi cancelada.
Todo esse desastre ocorreu porque os ex-petistas que se tornariam fundadores do PSOL vislumbraram uma chance de ouro de se vingarem do PT por tê-los expulsado no início do governo Lula por divergirem da nova orientação do partido de não hostilizar o capital.
Com efeito, a pesquisa Datafolha funcionou como um despertador…
Em primeiro lugar, com a volta do PSDB ao Planalto haveria uma adesão incondicional de toda a grande mídia – incluindo, aí, a Rede Record – aos novos donos do Poder. Logo após serem eleitos, os acordos começariam.
Imagine, leitor, os Irmãos Marinho, Edir Macedo, família Saad, Sílvio Santos, jornalões e revistas semanais, enfim, toda a grande imprensa a serviço do governo federal. Não seria um governo, seria uma ditadura inquestionável, incontrastável.
Veja o PSDB paulista, que conta com a proteção da imprensa local: está há 20 anos no governo do Estado e continua com alta aprovação, apesar do desastre em que São Paulo mergulhou. Tudo por conta de uma mídia que atribui ao governo federal a responsabilidade do governo estadual.
E nessa mídia, com o PSDB no Poder central, haveria um forte expurgo de profissionais que no passado não aderiram à onda anti-Lula e Dilma e que atacaram o agora presidente José Serra, que, como todo jornalista sabe, tem na vingança um projeto de vida.
Os partidos realmente de esquerda da base aliada, como o PC do B, não teriam recurso a não ser irem para a oposição – com tudo o que significa deixar de ser aliado ao Poder, com perda de ministérios e cargos públicos.
A artilharia contra o governo Dilma continua. A mídia torpedeou com facilidade a reforma política e o plebiscito. A base aliada, como era previsível com a queda de Dilma nas pesquisas, negou apoio. Enquanto isso, as traições vão aumentando.
A pacificação da esquerda, porém, não depende só da militância, dos simpatizantes, dos movimentos sociais, dos sindicatos, da mídia alternativa etc.; depende, também, de Dilma. Ou ela começa a dialogar ou vai atirar o país no colo de Serra e sua turma.
Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania

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