Temos o hábito de criticar e relutamos em exaltar o que está dando certo e registrar estes feitos. Neste Brasil que vivemos, com tantos choques e tão poucos resultados nos grandes projetos da infraestrutura, a Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, colada a Porto Velho, é um exemplo animador e que deve servir de referência aos demais.
Em primeiro lugar, em termos de cronograma, o projeto está adiantado, gerando energia há mais de um ano, tendo sido licenciada sua 13ª máquina recentemente. A composição acionária é perfeita: a maior é de Furnas, referência no sistema Eletrobrás — que vive um grande momento na sua gestão em meio às turbulências do setor —; duas empreiteiras de renome (Odebrecht e Andrade Gutierrez) e a Cemig, a melhor distribuidora de energia do Brasil. Bela combinação, com possibilidade de natureza técnica de melhorar sua capacidade pelo aumento de turbinas.
Apesar de surpreendentes e despropositadas manifestações sindicais, as primeiras em obras públicas de porte em nossa história, a obra não parou, e as questões ambientais e fundiárias foram tratadas com competência exemplar.
Fácil se deslumbrar um surto de progresso na região, em especial Rondônia, ao longo da estrada Cuiabá-Porto Velho, obra emblemática na região, iniciada no governo Figueiredo e terminada no de Sarney. Os royalties já estão sendo pagos, correspondentes à energia gerada, beneficiando o estado e a capital, que abriga todas as máquinas, o que também é fato inédito.
Logo, apesar de termos uma burocracia inacreditável, dificuldades inexplicáveis nos setores fundiários, ambientais e indígenas nas obras públicas de porte, o projeto Santo Antônio é prova de que, com competência, as coisas são possíveis. E estamos, neste momento de crise, precisando atrair parceiros para projetos do PAC, acelerar desembolsos, para que a situação não se agrave. Urgência para portos e aeroportos, por exemplo. Um caso a ser observado. Nem tudo está perdido.
Por Aristóteles Drummond, jornalista http://www.franciscocastro.com.br/blog/
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