Muito pode ser feito no campo da economia criativa a partir do momento em que o país alcance um nível mínimo de desenvolvimento econômico e bem estar social. Isso pressupõe, entre outros, não apenas a tão exaltada posse do mercado interno mas, obrigatoriamente, competitividade e capacidade de inovação.
Para alavancar segmentos de negócios com grande capacidade de crescimento, que estejam alicerçados em competências estabelecidas ou com grande potencial. Dentro desse contexto, os expedientes mais utilizados são, na área de tecnologia, as incubadoras, aceleradoras e os mecanismos de acesso a capital de investimento; e, nas demais áreas, os arranjos produtivos e respectivos sistemas de financiamento.
Arranjos produtivos locais – também conhecidos como “clusters” – são parte de uma técnica bastante desenvolvida no Brasil, se revestem de caráter territorial, e têm sido aplicados com certo sucesso na área de manufatura.
Já os “clusters” criativos são arranjos produtivos, também de caráter geográfico, que focam os produtos ou serviços das chamadas indústrias criativas: literatura, artes visuais, artes cênicas, artesanato, música, cinema e vídeo, rádio e TV, publicidade e propaganda, software, arquitetura, moda e design, entre outros.
O caráter não repetitivo – uma criação não é igual à outra – torna o mercado das indústrias criativas único. Mas é possível aplicar aos demais segmentos os mesmos princípios de criatividade e inovação, tendo sempre como inspiração o cliente ou o consumidor.
Os arranjos produtivos, em ambos os casos, se alicerçam na capacidade de interagir, cooperar, colaborar e obter, de uma comunidade produtiva, um resultado que não seria possível atingir a partir de empresas ou pessoas agindo isoladamente.
Os desafios na implantação de arranjos produtivos são: o primeiro, de caráter eminentemente cultural, o fato de as empresas brasileiras terem dificuldade em estabelecer pactos de colaboração; o segundo diz respeito à ausência de inovação por déficit de conhecimento ou falta de investimento em pesquisa e desenvolvimento; e o terceiro é a ausência de técnicas de gestão, baixa qualificação de colaboradores e aversão ao risco.
Em alguns casos, encontramos também o excesso de dependência de soluções externas ao negócio – governo, ambiente regulatório, cenário econômico e outros.
Será sempre muito importante a compreensão de que arranjos produtivos, incubadoras ou aceleradoras, devem ter regras e gestão comandadas pelo setor privado.
As iniciativas no setor público não andam no mesmo ritmo desejado pelos negócios privados e têm dificuldade em selecionar, com foco, segmentos com potencial de inovação, ou seja, que consigam conquistar espaço no mercado.
Neste sentido, será oportuna e rica a exposição de técnicas e sistemas de gestão de arranjos produtivos (“clusters”) criativos a ser realizada nos dias 26 e 27 de junho na FecomercioSP.
Experiências europeias e das Américas serão apresentadas e debatidas por especialistas do Brasil e do exterior e, certamente, servirão de inspiração para a identificação de oportunidades a serem exploradas pelo empresariado brasileiro.
Por Adolfo Menezes Melito, presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da FecomercioSP http://www.franciscocastro.com.br/blog/
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