Protestos cívicos são uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento da democracia. A população, cansada de preços abusivos, realiza protestos que incluem a chamada desobediência civil, que serve para chamar a atenção da imprensa e dos governantes. Por outro lado, esse tipo de manifestação torna mais difícil o diálogo, atrapalha a vida urbana e nubla a proposta original do manifesto.
As lutas travadas entre manifestantes e policiais refletem a falta de conhecimento da população sobre seus direitos e deveres. Os governantes mostram sua inabilidade política ao combater frases de efeito moral com bombas de efeito moral. Da mesma forma, manifestantes tapam o rosto e aderem à causa não por interesse social ou idealismo, mas por puro desejo de extravasar seu ódio e depredar o patrimônio público.
Precisamos separar o interesse individual do interesse coletivo. Sabemos que hoje existem nas universidades públicas e escolas técnicas ‘estudantes profissionais’ que ganham salário para permanecer matriculados com o propósito de captar jovens para partidos extremistas. Muitos olham os atos como forma de promoção de suas carreiras políticas. Alguns dos atuais governantes começaram assim e estão diante do espelho.
As melhores manifestações são pacíficas. O protesto espontâneo, realizado pelo povo sem agendamento prévio, também é bonito de se ver. Foi o que fez a população ao vestir negro quando o presidente Collor pediu apoio dos brasileiros antes de sua deposição. Hoje, o universitário encontra dificuldade para arrumar o primeiro emprego e às vezes precisa optar entre o lanche e o ônibus para ir à faculdade. É tempo de discussão, e não de guerra.
Por João Pedro Roriz, jornalista e escritor.
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