Uma menina de 11 anos chegou à Delegacia para a Criança e Adolescente em Porto Alegre. Carregando uma malinha de roupas, ela disse: “Nesse papel está escrito que eu tinha de vir aqui”.
A menina mostrou um recorte de jornal que ela guardava havia quatro meses no seu quarto, em casa. A menina, nervosa, apontou a expressão maus-tratos que aparecia naquele pedacinho de reportagem.
No recorte, via-se claramente os monstrinhos da campanha publicitária O amor é a melhor herança, cuide das crianças. Depois de se acalmar, a menina contou que morava em uma cidade a 30 quilômetros de Porto Alegre.
Pra chegar à delegacia, pegou um ônibus. Daí, andou durante duas horas. A menina havia levado uma surra da mãe na noite anterior. Ela disse ao delegado: “Eu não fiz nada, estava arrumando meu quarto e minha mãe começou a dizer que eu estava muito demorada e a me bater”.
Pra chegar à delegacia, pegou um ônibus. Daí, andou durante duas horas. A menina havia levado uma surra da mãe na noite anterior. Ela disse ao delegado: “Eu não fiz nada, estava arrumando meu quarto e minha mãe começou a dizer que eu estava muito demorada e a me bater”.
A longa jornada em busca de ajuda emocionou a todos. O caso foi encaminhado ao conselho tutelar. Dias depois, mãe e filha receberam o primeiro atendimento psicológico, requisito para que a menina de 11 anos voltasse para casa. Um pouco encabulada pelo susto que causou na família, a garotinha declarou: “Agora, estou feliz. Meu maior sonho é que tudo se resolva”.
Essa história foi notícia em ZH há 10 anos. Em 2003, a campanha dos Monstrinhos entrou no ar, levantando a bandeira de que o amor é a melhor herança.
A campanha mostrava o bicho-papão, a mula sem cabeça, a bruxa malvada, o boi da cara preta e até o diabo _ todos garantindo que monstruosidade mesmo é não tratar bem os nossos filhotes.
A campanha repercutiu muito e o tema “colou” _ em muitos carros, até hoje, a gente vê o adesivo da campanha. A música (“maltratar as crianças é coisa que não se faz”) também grudou _ neste caso, no ouvido de muita gente.
Mas a história dessa menina de 11 anos talvez seja a maior prova de quanto esta campanha foi mobilizadora. E bem-vinda.
Pois os monstros, nesta semana, voltaram ao ar. Como uma verdadeira legião de super-heróis, foram chamados para mais uma missão: deixar claro que, se estamos preocupados com a melhor herança para nossas crianças, educação é fundamental (quem ama educa).
Os monstros e seus filhotes voltaram para estimular o debate e dar visibilidade a soluções que colaborem com a qualidade da educação no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Educação é direito de todos. Educação, por isso, é responsabilidade de todos. Pais, alunos, professores, comunicadores, governantes, eleitores: o assunto vai estar em pauta. Vamos aproveitar para conversar a respeito.
Há 10 anos, quando os Monstrinhos chegaram, não havia o Facebook, o Twitter, o Instagram, enfim, a campanha aconteceu sem a força das redes sociais.
Temos, agora, a possibilidade de opinar muito mais, compartilhar muito mais, curtir e criticar a respeito de um tema que é essencial ao nosso dia a dia _ e, claro, ao nosso futuro.
A frase da menina de 11 anos (que, lá em 2003, procurou ajuda, sozinha, em uma delegacia de polícia) também é perfeita para resumir as esperanças de todos nós com relação à educação.
O maior sonho é que tudo se resolva.
Por Marcelo Pires, publicitário
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