Nos anos 1980, o Brasil foi apelidado de Belíndia, que significa uma pequena e rica Bélgica e grande e pobre Índia. Essa denominação continua atual, não somente porque a desigualdade continua muito alta, mas também porque o lado indiano do Brasil está crescendo muito mais do que o belga. Por exemplo, os 10% mais pobres melhoraram de vida 550% mais rápido do que os 10% mais ricos, durante uma década inteira. Isso tem feito com que o abismo entre pobres e ricos diminua. Considerando o estado mais pobre do Brasil há oito anos, que era o Maranhão, se verificará que ele cresceu 46%. Por outro lado, ao observar a renda de São Paulo, que é o mais rico do País, ver que a renda cresceu 7,2%. O rendimento no Nordeste cresceu 42%, no Sudeste, 16%; na zona rural, 49%. O Brasil que tem tido alguma prosperidade é o Brasil que tinha ficado para trás em décadas passadas.
A educação tem papel ímpar no desenvolvimento e melhora de vida das pessoas, é a principal de todas as políticas públicas. No Brasil, atualmente a educação reflete algo parecido com o que está ocorrendo com a desigualdade, com a informalidade e com uma série de problemas. A situação ainda é muito ruim, no entanto menos ruim do que era há vinte anos. Ainda estamos muito aquém do desejável, mas temos tido preogressos significativos. Em uma avaliação de proficiência sobre o desempenho dos alunos aplicada em 67 países ficamos em 54º lugar, mas é um dos três onde a proficiência está crescendo mais.
O brasileiro está dando mais importância à educação. Há algumas décadas era a sétima prioridade e, agora, já é a segunda. Em 1970, cada mulher brasileira tinha 5,7 filhos. Hoje, tem 1,9 por vontade própria. E essas crianças passaram a ir para a escola. Em 1990, 16% das crianças estavam fora da escola. Hoje, menos de 2%. O Brasil ainda tem indicadores sociais muito fracos, mas com uma taxa de progresso muito significativo.
Na época do regime militar, se dizia que, se o país vai bem, o povo vai mal. Agora, o povo está indo melhor do que a economia, pelo menos do que o PIB, que é o seu principal indicador. O Brasil é muito mais o país que está fazendo uma revolução social do que um milagre econômico, como no passado.
Nas decisões políticas e econômicas e na aplicações das políticas, na imensa maioria das vezes, o Brasil não seguiu o Consenso de Washington, mas também (ainda bem) não o que se faz na Venezuela. O caminho do meio tem funcionado relativamente bem para as pessoas, e é a nossa escolha. E não estou nem dizendo, como economista, que é a melhor escolha. Mas vivemos em uma democracia e esta é a escolha política que os governos têm feito democraticamente, e o brasileiro, na sua vida, tem feito também. http://www.franciscocastro.com.br/blog/
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