quarta-feira, 31 de julho de 2013

A competitividade no mercado de trabalho e no mercado em geral

O mundo hoje está cada vez mais competitivo, eu diria extremamente competitivo em todos os seus seguimentos, com isso as pessoas também acabam fazendo parte deste círculo vicioso eu diria, por quê? Oras, por necessidade de se destacar diante de multidões.
É uma constante batalha para apresentar o melhor produto, a melhor marca, os melhores serviços e porque não suas melhores qualificações? Com um mundo cada vez mais populoso e repleto de diversidades, apresentar algo novo aos milhares de clientes à espera torna-se um desafio e tanto, mas é o que gostamos, concorda? Ser cada vez mais desafiados é de nossa natureza.
Com isso repare a sua volta que tudo o que o mundo oferece hoje está mudando ou se adaptando as novas realidades de um mercado extremamente competitivo, vejam, por exemplo, as igrejas principalmente as americanas, algumas delas possuem até playground para crianças enquanto os pais assistem aos eventos, a igreja católica com seu Papa mais presente e ‘acessível’ torna uma igreja mais realista e adaptada aos novos tempos, porque se não mudar a imagem tende a ser uma ONG com o próprio Papa Francisco disse. Os shoppings também adaptaram a esta realidade de enquanto você passeia no shopping cuidamos de seu filho, aqui em São Paulo vemos a diversidade de bares e restaurantes um nicho de mercado muito competitivo, música ao vivo e sistema de táxi torna uma boa pedida nas noites paulistana.
Porque aquele estabelecimento está sempre cheio sendo que existem outros três na mesma rua e com preços mais acessíveis? Seria pelo tempo de existência do comércio? O título de tradicional do bairro é conquistado por seu tempo de existência apenas? Acredito que não, é em primeiro lugar pelo respeito ao cliente, segundo lugar ou no mesmo patamar a qualidade dos serviços prestados entre outros fatores como limpeza, aconchego do cliente, recepção, localização entre outros. 
O que quero que você entenda é o processo de competitividade que vivemos hoje, aliás, diariamente, todos os dias têm que vender algo novo, ou inovar o modo de vender a milhares de clientes ali fora e com poder de escolhas, faça-o escolher o seu produto ao invés do concorrente é uma luta gostosa, a lei da oferta e procura e você pode encantar seu cliente pelo preço ou pela qualidade e porque não as duas coisas?
Muitos clientes pagariam mais por uma qualidade cada vez melhor, outros querem qualidade com preço acessível, justo eu diria e a aqueles que não querem comprar apenas testar suas habilidades de venda, os famosos “caroços” não tenha medo deles conquiste-o! É uma boa chance de colocar em prática a suas habilidades de encantar o cliente, se ele chegou até a porta, algo chamou sua atenção, descubra-o.
Se você é do tipo competidor em uma sala de departamento, seja o melhor. Cursos de especialização, uma pós-graduação ou MBA e outro idioma não são mais luxos, e sim ferramentas essenciais de competição, quem as tem está adiantado perante seus “concorrentes” de trabalho, se almeja algo maior dentro da empresa deve-se preparar, traçar objetivos e lutar por eles todos os dias, um verdadeiro administrador de sua carreira e de seus negócios.
Só entra na rotina de todo dia quem quer, todo dia dá pra se fazer algo novo, um sorriso diferente uma conversa de corredor diferente, um telefonema com abordagem diferente, tente! Mas não perca muito tempo, pois a concorrência ai fora só aumenta, não desista! Faça parte da turma do recall faça manutenções constantes em suas habilidades, polua menos suas expectativas futuras, mas não fique só parado na garagem, batalhe e viva o mundo da competitividade.

A criminalidade aumentou, mas a enorme quantidade de crimes praticados pela polícia continua impune

Um pedreiro, pai de seis filhos, foi retirado pela polícia de sua casa, na Rocinha, e levado para o Centro de Controle e Monitoramento da UPP. Não mais foi visto. O desaparecimento de pessoas é padrão da polícia fluminense quando não pode forjar autos de resistência. Casos emblemáticos são os da engenheira Patrícia e do menino Juan, cujo corpo foi encontrado, mas que uma legista oficial quase sepultou o aparecimento e a possibilidade de responsabilização, declarando que se tratava do corpo de uma menina.
O desaparecimento das vítimas é herança do regime militar para as polícias. O corpo do deputado Rubens Paiva, retirado de sua casa tal como o Amarildo, jamais apareceu. A versão do Exército é a de que, apesar dos seus mais de 100 quilos, fugiu pelo vidro de trás de um fusca. O Exército até hoje não deu conta das ossadas dos assassinados no Araguaia.
A legitimação das farsas contidas nos relatórios oficiais perpetua tais ocorrências. Dela têm participado os governantes, as autoridades de segurança, o MP e até mesmo o Judiciário. Nas comunidades ocupadas, as casas são invadidas, reviradas e pilhadas. Os discursos oficiais se limitam a dizer que tudo será apurado, ainda que nem os roubos comprovadamente praticados na ocupação militar do Alemão o tenham sido.
Carlos Luz não assumiu a Presidência da República em 1955 porque, fugindo do marechal Lott, se refugiou num navio da Marinha, o que lhe fez faltar chão aos pés. Preocupado em governar para os ricos, o governador Sérgio Cabral não tem os pés no chão, pois vive nas nuvens, a bordo de helicópteros, e com a cabeça em Paris, deixando a relação do Estado com a sociedade ao sabor dos interesses e da truculência da polícia. Sem controle sobre o que ordena o secretário Beltrame, não assume o fracasso da política de segurança do Estado. O major que comanda a UPP da Rocinha já disse que certo tipo de criminalidade aumentou por lá. Falta dizer sobre a responsabilidade de seus comandados e onde está o Amarildo.
Por João Batista Damasceno, Doutor em Ciência Política pela UFF e juiz de Direito. Membro da Associação Juízes para a Democracia

Emenda ameaça lei contra escravidão no Rio de Janeiro

Projeto que prevê cancelamento do registro de empresas flagradas tramita em urgência e já passou por seis comissões, mas pode ser esvaziado por alterações de última hora
Por Guilherme Zocchio

Projeto de Lei (PL) número 1940/2013, que prevê a cassação do registro de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de empresas flagradas com trabalho escravo no Rio de Janeiro,  tramita em regime de urgência desde fevereiro na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e pode ser votado a partir desta quinta-feira (1º) quando termina o recesso no legislativo fluminense. A proposição,  apresentado pelo deputado estadual Robson Leite (PT-RJ), tem como base a lei aprovada em 2012 pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, e já foi aprovada em seis comissões diferentes. Apesar do avanço, a medida corre o risco de ser esvaziada em função de pedido de emenda feito pelo deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP-RJ).
projleiriocana
Trabalhador resgatado de canavial em Campos dos Goytacazes, no RJ (Fotos: PRT-1)
O PL determina que pessoas físicas ou jurídicas flagradas explorando trabalho escravo tenham o cadastro de ICMS cassado e fiquem impedidas de exercer o mesmo ramo de atividade econômica, ou abrir nova firma no setor, durante um período de 10 anos. Propostas semelhantes já foram apresentadas nos estados do Mato Grosso do Sul e Tocantins. Em seu pedido de emenda, Bolsonaro defende que a cassação do registro de ICMS ocorra somente após a condenação transitado em julgado —isto é, em última estância— das pessoas físicas responsáveis pelos estabelecimentos autuados .
O pedido de modificações recebeu apoio dos deputados Dionísio Lins (PP), Marcos Abrahão (PT do B), Chiquinho da Mangueira (PMDB) e Thiago Pampolha (PSD). Na prática, a manobra esvazia a lei e reduz significativamente a possibilidade de que ela seja aplicada. “Um processo transitado em julgado pode demorar 10, 15 ou 20 anos”, afirma o autor do projeto, Robson Leite. Devido a essa demora, o deputado entende que a lei perderia o seu caráter de repressão econômica, ao dissuadir empregadores de evitar se utilizar de mão de obra escrava. “Há empregadores que encaram as multas do Mistério do Trabalho por empregar pessoas em regime de escravidão como apenas mais uma despesa”, observa.
Em entrevista à Repórter Brasil, Bolsonaro defende que o “trabalho escravo deve ser abominado” e alega que o que pretende é ajudar a “aprimorar o projeto de lei”, por considerá-lo “muito subjetivo” em seu formato original. Ele argumenta que as fiscalizações de trabalho agem de maneira “sumaríssima” e somente a atuação do Poder Judiciário deveria condenar alguém pela prática. “Só pode ser condenado quem for transitado em julgado por decisão da Justiça”, defende. Para o deputado, o autor do projeto, Robson Leite, “jogou para plateia com uma lei de olhar sangrento”. Sobre a aprovação da medida semelhante em São Paulo o parlamentar diz ainda que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) cedeu à “pressão política”.
Em sintonia com a Bancada Ruralista
Mesmo que em poucas palavras, a posição do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP-RJ) está em sintonia com as da Frente Parlamentar da Agropecuária no Congresso Nacional. Com emendas e manobras semelhantes, a assim chamada Bancada Ruralista tem conseguido adiar a votação da Proposta de Emenda Constitucional 57/A no Senado e na Câmara dos Deputados. Conhecida como PEC do Trabalho Escravo a medida prevê a expropriação de áreas em que foi flagrada o emprego de mão de obra escrava, e tramita há no Congresso Nacional há mais de uma década. Além de pedidos de alteração, os opositores do combate ao trabalho escravo em Brasília também fazem críticas sobre a maneira como o combate acontece e alegam estar preocupados em aprimorá-lo. Na mais recente tentativa, condicionaram a aprovação da PEC à revisão do conceito de trabalho escravo contemporâneo, hoje definido pelo artigo 149 do código penal. Mais informações sobre o trâmite da PEC do Trabalho Escravo estão disponíveis no especial da Repórter Brasil.
Homem libertado de trabalho escravo, em 2009, no RJ
Homem libertado de trabalho escravo, em 2009, no RJ
Combate à escravidão
Para o coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Trabalho Escravo Contemporâneo (CPTEC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ricardo Rezende, a emenda proposta por Bolsonaro “esvazia as possibilidades de aplicação da lei”, devido ao tempo que demoraria até à condenação transitada em julgado e aos vários recursos e apelações que poderiam ser interpostos no decorrer de um processo por trabalho escravo. “Um crime dessa natureza [de submeter pessoas à escravidão] deve ter uma punição imediata”, destaca.
O deputado Robson Leite, autor do projeto, explica que o objetivo é o de fortalecer o enfrentamento ao trabalho escravo no Rio de Janeiro. Em 2009, o Estado foi o que mais teve trabalhadores escravizados resgatados no Brasil. “Entendo que, apesar do número menor de vítimas, a situação de lá para cá vem piorando. Acredito que o projeto pode colaborar para erradicar essa prática”, explica. Apesar dos entraves criados no plenário, ele afirma ter convicção de que o projeto deve sair da Alerj no formato original. “O projeto passou em grande velocidade pela casa. Foram seis meses de tramitação até ser colocado em votação”, lembra.
À reportagem ele indica que já existe uma articulação com outros parlamentares para barrar as emendas propostas pelo grupo liderado por Flávio Bolsonaro. O parlamentar propositor do PL afirma que outro problema a surgir para a lei entrar em vigor pode ocorrer nos momentos de sanção e regulamentação da lei, tarefas que cabem ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, assim que a norma estiver aprovada no Legislativo. Embora não tenha muitas expectativas com relação ao empenho do governador Sérgio Cabral (PMDB) sobre a pauta do trabalho escravo, Robson Leite acredita que o fato de o presidente da Alerj, o deputado Paulo Melo (PMDB), ter se mostrado à favor da aprovação do projeto, bem como ser do mesmo partido e aliado do chefe do Executivo fluminense, pode servir como importante intermediação no processo. Procurado por meio de sua assessoria de imprensa para comentar o desenrolar de todo o imbróglio, o presidente da Alerj, no entanto, não se pronunciou à reportagem.
Deputado defende pena de morte e redução da maioridade penal
Apesar de ser integrante da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, Flávio Bolsonaro (PP-RJ) se apresenta na página do seu mandato na internet como alguém que “mantém posições firmes em favor da redução da maioridade penal e da defesa da pena de morte”. No pequeno perfil do parlamentar, ele se diz “contra a criação de antagonismos raciais mediante mecanismos, absurdos, injustos e de impossível aplicação técnica, de cotas raciais em universidades” e “contra a demarcação de terras indígenas”. O deputado também é defensor do porte de armas, e afirma ser “contra o desarmamento do cidadão de bem e em favor de medidas voltadas à valorização da família”.
Confira abaixo as modificações previstas na emenda apresenta pelo deputado Bolsonaro:
projetorj1projetorj2

terça-feira, 30 de julho de 2013

Três processos, uma pergunta sem resposta: cadê o DARF, Globo?

                                          Globo sonegação   Em janeiro de 2013, a servidora pública Cristina Maris Meinick Ribeiro foi condenada pela 3ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro a quatro anos e onze meses de prisão. Entre outros crimes, ela fo  responsável pelo extravio, em janeiro de 2007, de um auto de infração que tramitava na Receita Federal desde outubro de 2006. No documento, um escândalo: R$ 183 milhões sonegados. Somando a multa e os juros, um total de R$ 615 milhões – quase R$ 1 bilhão, em valores atualizados pelo IGP-M. A ré? Globo Comunicação e Participações.
Em plenas férias, Cristina foi ao escritório da Receita em que trabalhava e simplesmente subtraiu o processo. Além dele, a ex-servidora também levou em sua bolsa a Representação Fiscal para Fins Penais anexada ao processo. O extravio foi confirmado pelas câmeras de segurança e pelo testemunho dos seus próprios colegas de trabalho.
Cristina Meinick, a servidora condenada pelo extravio do processo da Globopar.
Cristina Meinick, a servidora condenada pelo extravio do processo da Globopar.
(Você pode ler a íntegra da sentença no Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha)
Mesmo com tantas provas – e tantas condenações, em diversas instâncias –, Cristina se mantém em liberdade. Sua situação estava complicada até seus advogados entrarem com um recurso junto ao STF. Lá, o relator sorteado para o processo foi o Ministro Gilmar Mendes, que se encarregou de lhe conceber um providencial habeas corpus. No entanto, Cristina não é mais do que uma coadjuvante quase irrelevante dentro de uma história que começou há mais de uma década.
Enquanto isso, na Suíça…
Havelange e Teixeira: réus condenados na Suíça, blindados no Brasil.
Havelange e Teixeira: réus condenados na Suíça, blindados no Brasil.
O ano agora é 1998. Antes mesmo do início do Mundial da França ter início, a FIFA já planejava a realização das duas edições subsequentes. Era maio, e enquanto as seleções classificadas se preparavam para estrear nos gramados franceses, João Havelange, então presidente da Federação, negociava a venda dos direitos de transmissão das Copas de 2002 e 2006.
No dia 26, a FIFA fecha com a “Empresa 1” um contrato para transmissão dos Mundiais em rádio e TV para todo o mundo, exceto Estados Unidos e Europa, mediante uma compensação de US$ 650 milhões para o Mundial de Japão e Coreia, e de US$ 750 milhões para a Copa da Alemanha. Posteriormente, nos autos, a identidade real dessa empresa é revelada: trata-se da ISMM X1 AG, do grupo ISL, que opera na área do marketing esportivo e já foi parceiro de alguns clubes brasileiros.
Pouco mais de um mês depois, em 29 de junho, a tal “Empresa 1” assinou um sublicenciamento com a “Empresa 2” e a “Empresa 3” para a transmissão dos eventos no Brasil, no valor de US$ 220,5 milhões. O pagamento ficou acordado para o dia 17 de dezembro do mesmo ano. Nesta mesma data, nasceu a “Fundação 1”, que era composta por membros da diretoria da ISL e alguns outros. Na verdade, ela não passava de uma unidade de negócios da ISL em Liechtenstein, conhecido paraíso fiscal. Havia ainda uma “Empresa 4”, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas (outro refúgio fiscal), que em 8 de fevereiro de 1999 teve seu patrimônio integralmente vendido, exatamente para a fundação em questão.
Essas informações não constam em documentos apócrifos ou “vazados” clandestinamente: estão presentes nos autos da investigação criminal que a Justiça suíça move contra Ricardo Teixeira e João Havelange, e foram tornadas públicas por ordem do próprio Poder Judiciário do país helvético (o blog Tijolaço disponibilizou o arquivo). Não é novidade para ninguém que as batatas de Teixeira e Havelange vêm assando há bastante tempo, assim como é amplamente sabido que a Justiça suíça já os condenou por suborno – este, intermediado justamente pelo grupo ISL. No entanto, os documentos revelam algumas novidades e, principalmente, novas personagens de uma novela que, apesar de pouco noticiada, já vive seus últimos capítulos.
Abaixo, você pode ler os autos do processo contra Havelange e Teixeira na Justiça suíça.

De volta ao Rio
Roberto Marinho ainda estava à frente da Globo em 1999, quando a FIFA negociou os direitos de transmissão dos Mundiais de 2002 e 2006.
Roberto Marinho ainda estava à frente da Globo em 1999, quando a FIFA negociou os direitos de transmissão dos Mundiais de 2002 e 2006.
Pouco menos de oito anos após a “Empresa 2” e a “Empresa 3” realizarem seus pagamentos à ISMM X1 AG para assegurar os direitos de transmissão das Copas de 2002 e 2006 no Brasil, o auditor fiscal Alberto Sodré Zile protocolou o auto de infração contra a Globo Comunicação e Participações. Segundo o documento, a Globopar teria disfarçado a compra dos direitos dos Mundiais, que sofreria tributação, “transformando-a” em investimentos em participações societárias no exterior. A grande curiosidade é que o dinheiro da Globopar foi investido numa empresa denominada Empire (“império”, em inglês) – coincidentemente, nas Ilhas Virgens britânicas, onde a ISL também opera.
Abaixo, os autos do processo contra a Globopar, disponibilizados pelo blog sujo O Cafezinho:

Ora, já se sabe que as propinas comprovadamente recebidas por Teixeira e Havelange são frutos exatamente dos contratos de transmissão dos Mundiais de 2002 e 2006. E no Brasil, só uma emissora foi autorizada a televisionar tais eventos: a mesma que constituiu a empresa Empire nas Ilhas Virgens e, por isso, responde a um processo de sonegação fiscal – que mesmo extraviado, ainda está tramitando. Apesar da emissora já ter publicado nota alegando ter quitado os créditos fiscais em questão (assumindo, automaticamente, ter praticado o ilícito), a Receita continua declarando em seu sistema que o processo está “em trânsito”. Mas mesmo que os mais de R$ 900 milhões tivessem, de fato, sido pagos (ou melhor, devolvidos aos cofres públicos), isso não eximiria essa tal empresa do crime praticado contra o Fisco.
A única forma de esclarecer tudo, portanto, é mostrando aquele boleto extremamente familiar a todo brasileiro pagador de impostos: o Documento de Arrecadação de Receitas Federais, mais conhecido como DARF. Ao exibi-lo, no entanto, a emissora se colocará numa enorme sinuca de bico – mais precisamente, no epicentro de três processos que têm potencial para arranhar irreversivelmente sua credibilidade, já profundamente abalada por tantos episódios de desrespeito ao Brasil e ao seu povo. Enquanto ela mesma prefere fingir que nada está acontecendo e boa parte dos maiores veículos de mídia seguem a toada, os brasileiros seguem ganhando as ruas. E uma perguntinha singela, mas que não quer calar, preenche todos os requisitos necessários para entrar definitivamente na pauta dos tantos protestos espalhados pelo país: cadê o DARF, Globo?
_________
P.S.: A Record vem engrossando o coro das denúncias, e exibiu uma matéria que nós do Doentes por Futebol recomendamos fortemente.

Imagem Macabra Ex-segurança da Ótica Maia teve braço decepado com um facão por invasor de lotes


O ex-segurança da Ótica Maia teve o braço decepado apos uma briga no Parque Alvorada, Leonildon Sousa Aves, 33 anos, morador da Rua João Lisboa, Bairro Vila Lobão, tinha ido ao bairro em companhia de um amigo que possui o lote no Parque Alvorada apos o Cemitério, o proprietário tinha ido conversar com um homem que teria feito um barraco sem a autorização em seu terreno, apos uma briga o invasor pegou uma facão e correu atráz de Leonildon, a vitima ainda levou um corte nas costa, o agressor iria dar outra corte na cabeça da vitima quando o mesmo levantou o braço, quando levou um grande corte de facão que decepou o braço.
Leonildon foi socorrido por populares para Socorrão Municipal, a parte do braço cortada não foi encontrada quando ele estava sendo socorrido, só meia hora depois que policiais militares localizaram a parte do braço dentro do mato, de imediato foi levado para Socorrão, a vitima já se encontrava no Centro Cirurgico,devido a demora o não foi possivel fazer o implante do braço, a vitima foi operado e encontra se recuperando numa enfermaria, o agressor ate as 19:00 horas não tinha sido preso pela Policia Militar.

Rocinha: polícia acha corpo que pode ser de Amarildo em valão




ONG Rio de Paz fez protesto no Cristo Redentor com uma faixa com a pergunta: "Onde está Amarildo?" Foto: Rio de Paz / Divulgação
ONG Rio de Paz fez protesto no Cristo Redentor com uma faixa com a pergunta: "Onde está Amarildo?"
Foto: Rio de Paz / Divulgação

A Polícia Civil do Rio de Janeiro achou um corpo em um valão situado na favela da Rocinha. Existe a suspeita de que ele seja do pedreiro Amarildo de Souza, 47 anos, que desapareceu na noite do dia 14 de julho, depois de ser levado para uma base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade. Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) foram chamados ao local, para recolher o corpo e fazer o trabalho de identificação.
O corpo foi encontrado por policiais da Delegacia de Homicídios, que faziam uma operação justamente para tentar encontrar pistas sobre o paradeiro de Amarildo. O pedreiro foi abordado por policiais da UPP, e teria sido confundido com um traficante da favela. Eles afirmaram que, depois de o mal entendido ter sido desfeito, liberaram Amarildo. O pedreiro, no entanto, nunca mais foi visto.
Foram pedidas imagens de câmeras instaladas próximas à base da UPP, mas elas não foram disponibilizadas, sob a alegação de que as filmadoras estavam com defeito. O sumiço de Amarildo desencadeou uma grande campanha nas redes sociais. “Onde está Amarildo?” é a pergunta feita por muitos críticos das ações da Polícia Militar do governo Sérgio Cabral. O questionamento sobre o paradeiro do pedreiro também vem norteando os protestos de rua que têm como alvo o governador fluminense.
Ontem, em entrevista coletiva, Cabral mencionou o caso e disse que também quer saber onde está Amarildo. “Estamos investigando o caso do Amarildo profundamente, querendo saber onde está Amarildo. Essa é uma pergunta que a sociedade e eu, e posso garantir que o secretário (de Segurança Pública, José Mariano) Beltrame e todos nós estamos fazendo. Só que eles são os especialistas, e estão trabalhando tecnicamente para isso, e eu vocalizo uma demanda da sociedade. Situações como essas são intoleráveis, e vamos descobrir os responsáveis por isso.”

No Semiárido, escolha de cisterna divide opiniões

 Fonte: Valor Econômico

Por Daniela Chiaretti | De Campo Grande e Mossoró (RN)
Cisternas de cimento ou cisternas de plástico? Esse é um debate que ganha calor no quente Semiárido nordestino e foi disparado em Brasília. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) apoia os reservatórios de água construídos a partir de placas de cimento, tecnologia que tem intimidade com a região. O Ministério da Integração Nacional (MI), que chegou mais tarde no esforço de universalizar o acesso à água de qualidade para os moradores das zonas rurais, distribui cisternas de polietileno. Batizadas de “cisternas de plástico”, a opção da Integração Nacional tem que vencer as críticas das entidades sociais que atuam no Semiárido, a desconfiança da população e o calor nordestino.
Os dois tipos de reservatórios captam água da chuva e têm capacidade para estocar até 16 mil litros, o suficiente para atender às necessidades de uma família de cinco pessoas durante seis meses de estiagem. Essa água é usada para beber água, escovar os dentes e cozinhar – o que na região se chama de “primeira água”.
A cisterna de placas custa R$ 2.400 e é construída com mão de obra local. A de plástico custa R$ 5.000, computando-se instalação. As duas opções, ao lado de outros tipos de tecnologias para reservar água para a produção e animais, fazem parte, desde 2011, do programa Água para Todos, coordenado pelo Ministério da Integração Nacional. A meta é beneficiar 750 mil famílias até 2014.
“Esse é um debate muito apaixonado”, reconhece Arnoldo de Campos, secretário de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS. “Entendemos que há várias formas de fazer este trabalho, que não existe caminho único.” O MDS trilha há vários anos o caminho desenhado pelas entidades sociais, de construir cisternas de placas de cimento, capacitando agricultores familiares no processo e movimentando a economia local ao comprar materiais na região.
“O MDS têm uma relação com as entidades sociais desde o nascimento. Essa solução estava desenvolvida e resolvemos adotá-la”, explica. Ele refuta a ideia de que as cisternas de polietileno são alternativa ruim e deformam com o calor. “Existem em todos os condomínios de luxo do país”, diz.
“A opção pela cisterna de polietileno foi para agilizar o processo”, afirma Walber Santana Santos, diretor de gestão de programas de desenvolvimento regional do MI. “É usada em países com Semiárido mais agressivo do que o nosso.” O ministério já tem as 300 mil cisternas de polietileno contratadas e até agora, diz Santos, apenas 160 apresentaram defeitos. “O polietileno é resistente e a cisterna é feita para esse clima. Não derrete, não contamina a água e pode durar 30 anos”, diz. “Não é uma tecnologia que veio competir com a outra, são complementares.”
Essa não é a visão de Naidison Baptista, coordenador-executivo da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) pelo Estado da Bahia, para quem a concentração de terra no Semiárido está intimamente ligada à concentração de água. A ASA é uma rede formada por 3.000 organizações da sociedade civil que atuam na região e foi o pivô da sugestão do programa de construção de um milhão de cisternas.
Baptista não gosta da expressão “combate à seca”, lembra que se trata de fenômeno natural e que é mais adequado pensar em “conviver com o Semiárido”. Não é semântica. “Políticas de combate à seca geram dependência. Na ASA buscamos outra lógica.” Para ele, a diferença entre cisterna de placa e de plástico vai além do material – as primeiras são um processo; as de polietileno, uma doação, diz. “Políticas assistencialistas, em vez de libertar, acorrentam a população.” Acredita que é preciso desenvolver “a política do estoque” para água, mantimentos, sementes. “Quem guarda usa no momento de mais necessidade.”
No governo federal existem R$ 4,5 bilhões para a execução do programa. Desse total, R$ 2,6 bilhões correspondem à Integração e R$ 1,9 bilhão ao Desenvolvimento Social. Está em curso nova geração de tecnologias de “convivência com o Semiárido”, com foco na produção e nos animais. Nessa nova fase há forte apoio da Petrobras, que está investindo R$ 200 milhões em tecnologias de armazenagem de água para produção de alimentos e para os animais.
A segunda geração de tecnologias de cisternas chega para quem já tem a da água de beber. Uma delas é a cisterna-calçadão. Constrói-se um calçadão de cimento de 200 m2 em área de declive. Assim, 300 mm de chuva enchem o reservatório de 52 mil litros.
“Eu me criei aqui. Era uma casa de barro”, conta Maria Nogueira, 80 anos. “Meu pai fez a casa em 1947. Água era só no açude. Buscava numa latinha, na cabeça. Hoje temos água encanada em casa.” Maria é moradora de Caiana, comunidade de 80 famílias, zona rural de Campo Grande. O município fica a 130 quilômetros de Mossoró, cidade do Rio Grande do Norte que ganhou fama como o lugar que mais produz petróleo em terra no país. Mas em Campo Grande a história é outra. É entrar na zona rural e ver casas de taipa, o barro armado na madeira.
Maria tem uma cisterna-calçadão no terreno onde vive com o filho Antonio. Plantam feijão, milho e sorgo. “Vou fazer mais plantio”, promete. Também têm algumas cabeças de gado e ovelhas. “Se não tivesse as cisternas, não sobrevivia”, diz Antonio.
Na casa do agricultor José Maria da Costa, 55 anos, além da cisterna de placa há a barraginha. É uma pequena barragem, com água suficiente para aguentar 4 meses de seca e dar de beber aos animais e regar a plantação de milho, feijão e melancia. Ali ele vive com a mulher Expedita e cinco filhos. “A gente tinha que buscar água de jumento, era difícil”, lembra Expedita, que deixou o jumento “pro meio do mundo”. Ela agora tem água e tempo. Começou a fazer doces de goiaba. Faz 40 quilos por mês e ganha R$ 1 mil. “Comecei este ano”, diz. Com o dinheiro, comprou a mesa e as cadeiras da cozinha.
Na zona rural de Campo Grande não há quem não fale da chuva de 19 de abril. Naquela sexta-feira à noite, durante 13 horas, choveu 150 mm. Foi uma das dez maiores precipitações em 110 anos. “Em uma noite encheu a cisterna”, lembra a agricultora Damiana Fernandes da Silva. “E tem gente que perdeu, que não botou a calha.” Cisterna e calha são palavras vitais para quem vive por ali.
Caiena é área humilde, mas as coisas estão mudando por lá e essas espécies de mini-espaçonaves caiadas de branco ao lado de cada casa têm sua parcela de responsabilidade. Todas as famílias da comunidade rural têm sua cisterna de placa. O funcionamento é simples. A primeira chuva que vem depois da estiagem lava as telhas. Os agricultores recolocam as calhas e os canos de PVC, retirados durante os meses de seca para que não estraguem. Começam a estocar água depois da segunda chuva. Retiram a água através de uma pequena bomba manual. Cursos de gestão ensinam os agricultores a cuidar da água, fazer reparos e construir cisternas.
Na pior seca dos últimos 50 anos, não houve êxodo rural, saques ou corre-corre de carro-pipa. “É política social na veia”, diz a economista Tania Bacelar de Araújo, que cita a aposentadoria garantida pela Constituição Federal e o Bolsa Família. “Veio a seca, mas não tem mais fome aguda. Ninguém precisou sair da região ou saquear o supermercado. Agora podem comprar”, diz a professora do programa de pós-graduação em geografia da Universidade Federal de Pernambuco. “O problema agora foi que faltou água para produzir e para os animais.”
A jornalista viajou ao Semiárido a convite da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)

Texto originalmente publicado no jornal Valor Econômico

É chegada a hora de os responsáveis pela administração pública retirarem suas máscaras de hipocrisia

Diante do cinismo do poder político, que não se deu conta de seu papel de representação da vontade popular — após anos de uma assistência passiva ao que fazem políticos e administradores com a coisa pública sem qualquer respeito às suas finalidades republicanas —, o poder social se manifestou nas ruas como um gigante que acorda de longo período de sono.
Após os anos de chumbo, o povo aguardou ansioso que os homens que haviam sido alijados da vida pública por um regime de exceção tivessem voltado ao poder não apenas para restabelecer a democracia, mas para resgatar a confiança popular. Contudo, ainda não apareceu a liderança capaz de seduzir, unir e levar o Brasil ao lugar que o povo e sua privilegiada natureza desejam.
O mundo globalizado em que se vive está em movimento e em constante mútua influência. Após a queda do Muro de Berlim, muitas primaveras se multiplicaram para combater as desigualdades sociais herdadas das gerações excludentes dos regimes de exceção. A marginalidade e a exclusão social coexistem com o esplendor explosivo das redes sociais, gerando na classe média emergente consenso negativo em razão das privações, violências e atos de corrupção que agravam a cada dia a miséria do povo trabalhador.
Frente, portanto, às carências nos setores essenciais de saúde, educação, transporte, e, sobretudo, de confiança no setor político, o povo reage ocupando as ruas clamando por mudanças. A mentira e a falta de coragem com que os dirigentes políticos têm tratado os temas agendados podem servir para agravar a descrença popular e aumentar o tom dos protestos.
É chegada a hora de os responsáveis pela administração pública e representação popular retirarem suas máscaras de hipocrisia, fazer uma confissão, como sugeriu — mas não fez — o prefeito do Rio, e como penitência dar início a uma profunda mudança na relação com a coisa pública e com a sociedade, investindo na honestidade na execução do orçamento, priorizando a pauta exigida pela população nas ruas.
Por Siro Darlan, Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a Democracia

O governo brasileiro deveria mudar o padrão de desenvolvimento com a adoção de políticas públicas consistentes e não somente com assistencialismo

Nos últimos meses o povo brasileiro manifestou a sua indignação em protestos que tomaram conta de todo o país contra a política e os políticos. É visível a fadiga das representações sindicais, associativas e o enfraquecimento dos partidos. Neste cenário, a sociedade passou a protestar sem uma pauta definida de reivindicações. Este fato demonstra uma crise de representatividade e legitimidade. O cidadão deixou de sentir-se representado.
Não são poucas as zonas de desconforto que separam os brasileiros da atual configuração de nossa “democracia representativa”. Existe uma alta carga tributária e uma contraprestação estatal insuficiente. Os casos de corrupção, para completar, são divulgados todas as semanas pela imprensa.
O governo brasileiro utiliza-se do PIB isoladamente para nortear as políticas públicas, o que acaba sendo um grande equívoco. Isso porque o PIB é um índice de mensuração importante em relação ao desenvolvimento econômico, mas é cego para visualizar as necessidades que determinam o desenvolvimento humano.
O PIB leva em consideração a produção nacional e a renda per capita, mas ignora fatores importantes como a qualidade da educação, saúde, distribuição de renda, segurança, transportes públicos, meio-ambiente equilibrado, previdência, acesso à justiça e cultura.  Quando a presidenta da República comemorou o aumento do PIB, no seu primeiro ano de mandato, o fez como se isto tivesse beneficiado a toda população brasileira. Não foi o que ocorreu. Boa parte dos motivos dos protestos, por outro lado, refletem-se bem no fato do Brasil ocupar a vexatória posição de 85ª nação no ranking mundial de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Por problemas como este, que impedem o bom direcionamento das políticas públicas, foi que o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, um “conservador”, nomeou, no ano de 2008,  dois Prêmios Nobel de Economia, Amartya Sen  e Joseph Stiglitz, além do honorável economista francês, Jean-Paul Fitoussi, para a montagem de uma Comissão (La Commission pour La Mesure des Performances Économiques et du Progrèss  Social). A Comissão propôs 12 recomendações, que vão além do PIB, no sentido de valorizar o desenvolvimento humano e a sustentabilidade.
Não seria a hora do Estado brasileiro mudar os seus rumos e paradigmas de desenvolvimento com a adoção de políticas públicas consistentes e não meramente assistencialistas?
Por Gabriel Wedy, juiz federal, ex-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e da Associação dos Juízes Federais do Rio Grande do Sul (Ajufergs)

Policia prende acusado de roubo e recupera objetos levados de uma residência e da Assessoria de comunicação da prefeitura de Açailândia


Marquinhos, acusado do roubo, ao lados dos eletros da Assessoria da Prefeitura
Dois notbooks, um computador e um botijão de gás foram recuperados do roubo a Assessoria da Prefeitura e joias e outros pertences foram recuperados do roubo a residência de Valdelice Oliveira, proprietária do Jornal do Maranhão.

"Marquinhos", acusados dos roubos
Todos os produtos foram encontrados de posse do homem conhecido como Marquinhos, velho conhecido da Policia por pequenos roubos e uso de drogas, no momento da prisão do acusado, ele estava sob forte ação de entorpecentes, a prisão e a recuperação dos objetos aconteceu no "casqueiro", local onde a maioria dos produtos furtados vão parar, geralmente os frutos dos roubos viram moeda de troca para drogas, os usuários usam isso para alimentar o vicio diariamente.

Segundo a Valdelice, além dos objetos recuperados, teriam roubado também, dinheiro e outros itens de valor de sua residência na Vila São Francisco, o roubo ocorreu por volta das 11:30 da manhã desta segunda feira 29.
Objetos roubados da casa de Valdelice Oliveira
A policia continua investigando para tentar encontrar o restante dos produtos dos dois roubos, os produtos recuperados estavam no quartel a espera dos responsáveis para retira-los.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Obra de Belo Monte pode atrasar por problemas com Ibama

MARCELO LEITE
DE SÃO PAULO

Desta vez não são os índios mundurucus nem os sindicatos. A mais nova ameaça de atraso na construção da controversa hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, parte do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
O risco de paralisação numa fase crucial da obra, iniciada há três anos, é citado em documento publicado silenciosamente pela agência federal na semana passada. Trata-se da análise sobre o terceiro relatório da empresa para acompanhamento do Plano Básico Ambiental (PBA), um rol de 23 exigências sociais e ambientais.
Segundo o documento do Ibama, sete dessas "condicionantes" não estão sendo atendidas. Entre elas, obras de saneamento (rede de água e esgoto), equipamentos de saúde e educação e cadastramento da população a ser reassentada na cidade de Altamira (PA) e região.
"Como resultado da análise dos relatórios (...), fica claro o descompasso entre as obras de construção da UHE [usina hidrelétrica] Belo Monte e a implementação das medidas mitigadoras e compensatórias", conclui o parecer de sete analistas do Ibama.
Pedro Ladeira/Folhapress
Índios mundurucus em reunião em Brasília para discutir obra de Belo Monte
Índios mundurucus em reunião em Brasília, no mês passado, para discutir obra de Belo Monte
"Torna-se evidente que tal descompasso poderá se refletir em atraso na emissão da licença de operação para o empreendimento e consequente enchimento dos reservatórios". Por ora, Belo Monte conta só com uma licença de instalação, condição para iniciar a obra.
O relatório do empreendedor (Norte Energia S.A.) foi entregue em 30 de janeiro. O Ibama divulgou sua apreciação sobre ele quase seis meses depois, na última quinta-feira. São necessários seis cliques para chegar ao documento na páginaibama.gov.br/licenciamento.
A empresa alega que, desde a entrega do relatório, várias ações já teriam sido executadas para atender às exigências do órgão. "A Norte Energia trabalha para manter todos os projetos em execução e dentro dos cronogramas preestabelecidos", afirma em nota.
Se a ameaça de atraso da licença de operação se concretizar, o consórcio Norte Energia pode ficar impedido de encher o reservatório da usina em 2014, como previsto. Sem isso, não terá como cumprir o compromisso de acionar a primeira das 24 turbinas em fevereiro de 2015.
Quando estiver em plena operação, prevista para janeiro de 2019, a usina de Belo Monte terá uma capacidade instalada de 11.233 megawatts (MW), a terceira maior do mundo, atrás somente de Três Gargantas (China) e Itaipu (Brasil/ParaguaI). Mas o sistema interligado nacional poderá contar apenas com uma média de 4.571 MW de energia firme (garantida).
O custo oficial da obra é de R$ 27,3 bilhões. Com as várias paralisações e alterações de projeto, estima-se que deva ultrapassar R$ 30 bilhões. O valor das compensações ambientais está fixado em R$ 99,5 milhões, que o governo poderá destinar a unidades de conservação.
MULTA
Após elencar diversas pendências relacionadas ao PBA, os analistas do Ibama recomendam a aplicação de "sanções administrativas" para algumas delas. A agência não esclarece, porém, se uma nova multa está em cogitação.
Na análise do primeiro relatório da Norte Energia, o não cumprimento de condicionantes socioambientais levou o Ibama a aplicar uma multa de R$ 7 milhões, em fevereiro de 2012. O valor ainda não foi recolhido, porque a autuação é objeto de recurso administrativo.
O Ibama não se pronuncia sobre a possibilidade de nova multa. Sua assessoria de imprensa diz que antes a empresa será notificada e que uma decisão será tomada só depois de obter resposta aos problemas apontados na análise do terceiro relatório.
ESGOTO
Um dos atrasos mais graves se dá nas obras de saneamento em Altamira. Deveriam ter começado há um ano, mas em abril o Ibama constatava que isso não ocorrera. A Norte Energia informa que elas tiveram início "no primeiro semestre".
A própria empresa contratada, GEL Engenharia, calcula em 21 meses o prazo para terminar a obra e prevê obstáculos que poderão dilatá-lo. Ela não ficaria pronta antes de fevereiro de 2015, sete meses depois do estipulado (julho de 2014).
A Norte Energia afirma que o prazo da GEL não considerou etapas anteriores já executadas para detalhamento e elaboração dos projetos.
Para o IBGE, Altamira tem 99 mil habitantes, mas a prefeitura estima que já tenha inchado para 150 mil. A Norte Energia planeja acrescentar 8.000 funcionários, ainda neste ano, aos cerca de 20 mil que já atuam na obra.
Hoje, os dejetos da cidade são lançados sem tratamento nas águas do Xingu. Com seu represamento pela usina de Belo Monte, deve ocorrer significativa deterioração da qualidade da água.