No passado a escola era um espaço físico, que era dedicado à aquisição de conhecimentos finos que somente os professores tinham. O mestre era um a pessoa que era capaz de saber o que ensinar e da forma mais adequada possível. Os ritmos escolares balizavam o tempo desse aprendizado que se sucedia ao longo de anos. Todas as premissas que balizam o processo de aprendizagem eram dominada pelos professores e acatadas com o máximo respeito pelos estudantes.
Atualmente, o governo, nas três instâncias de poder, tenta compensar as imensas deficiências da escola pública construindo prédios, elevando a quantidade de matrículas e o número de professores em sala de aula, para se obter algum tipo de progresso, no entanto, dentro da sala de aula ocorrem verdadeiras tragédias. Um exemplo disso vem do último exame do ENEM em que um estudante apresentou em sua redação uma receita do miojo, cheia de deboche e altas doses de descrença.
Com o advento da internet com o surgimento das mais diferentes ferramentas que facilitam em velocidade e qualidade jamais sonhada em algum dia, produzem um mundo muito diferente do que era há uns vinte e cinco anos. Além disso, com as mudanças sociais e culturais que levam à diminuição significativa da autoridade do professor dentro da sala de aula transformam o professor de um protagonista a um simples coadjuvante. O resultado é a banalização do conhecimento que aparece difuso, disperso sem coordenação. Enfim, produzindo conhecimento que não é conhecimento.
Essa mudança deu lugar a um abismo geracional que separa professores e alunos, minando as relações de admiração e respeito que, no passado, estimulavam o desejo de aprender. Mesmo quando todos os alunos freqüentarem as aulas, quando houver professores suficientes, recebendo um salário decente, ainda se terá a incômoda questão do que lhes ensinar.
No mundo onde prolifera a facilidade dos meios telepáticos, onde a juventude é portadora de celulares e mais uma infinidade de parafernálias que fazem a vez da mente, o Google dispensando o trabalho da memória, os jovens procuram na internet o que deveriam buscar na escola. Como tudo é registrado sem esforço, é o próprio esforço que se torna um comportamento raro e desvalorizado, o que representa um perigoso efeito colateral. Entre alunos e professores há distância e estranhamento. Muitas vezes, até com agressividade.
A infinidade de dados e informações que estão à disposição toda vez que cada um acessa a internet quando tira o celular do bolso ou qualquer outro instrumento não implica que os jovens tenham a mínima idéia do que fazer com tudo isso. Na verdade, nem sabem qual a diferença entre informação e conhecimento. A aquisição de conhecimento depende do desenvolvimento de aptidões mentais e do domínio dos códigos culturais que permitem navegar com alguma coerência em um oceano de informações desgarradas. As informações disponíveis na internet são um tesouro sem limite. O grande problema é saber processar essa imensidão de informações de forma eficiente, ordenada e buscar o que é certo. Para fazer isso é preciso primeiro ter passado por uma boa escola.
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