Por Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de InfraEstrutura (CBIE)
A Petrobras anunciou na última sexta-feira, 15 de março, o Plano de Negócios 2013-2017, com investimentos totalizando US$ 236,7 bilhões. O anúncio do Plano de Negócios trouxe duas mensagens.
A primeira foi a manutenção do Capex do plano anterior e a segunda, um maior volume de investimentos em Exploração e Produção (E&P), 12% (US$ 147,5 bilhões) e uma redução nos segmentos de Abastecimento, 22% (US$ 64,8 bilhões) e Gás e Energia, 23% (US$ 9,9 bilhões).
A manutenção do Capex e das metas de produção de petróleo mostra que a atual gestão da empresa tem compromissos maiores com a recuperação da credibilidade da estatal.
Existia no mercado uma previsão de que, os reajustes, no preço do diesel no início deste ano poderiam levar a empresa a aumentar o Capex.
Com isso o governo mostraria que, ao contrário do discurso da oposição, os investimentos seriam aumentados como prova de que a empresa estaria em plena recuperação, mas prevaleceu o bom senso e a seriedade da atual gestão da companhia.
O maior volume de investimentos em Exploração e Produção era esperado e, outra vez, sua elevação mostra a empresa indo na direção correta.
Mostra, também, que os investimentos nas refinarias vão ficar restritos a Abreu Lima e Comperj.
A construção das duas Refinarias Premiuns continua adiada. O Programa de Desinvestimento prevê a entrada de caixa de US$ 9,9 bilhões em 2013, o que ajudará a empresa a não recorrer mais a financiamento e capitalizações.
Os desafios continuam grandes. Segundo o plano, em 2014 a relação dívida/Ebitda voltaria para os 2,5x, hoje 2,7x, e tendo uma trajetória de redução nos próximos anos.
Para que isso aconteça, será preciso turbinar a geração de caixa e o desafio é convencer o governo da necessidade dos preços dos derivados seguirem a tendência do mercado internacional.
É bom lembrar que este ano a inflação está numa trajetória de crescimento e em 2014 teremos eleições de governadores e presidente da República.
Um segundo desafio para a realização do Plano de Negócios da Petrobras será conseguir mudar a lei da Partilha no que se refere à participação mínima de 30% da Petrobras nos consórcios e o monopólio da operação dos campos do pré-sal.
Um terceiro é a questão do conteúdo local. A Petrobras já teria comunicado a Agência Naciona do Petróleo (ANP) a necessidade de se rever os percentuais de conteúdo local para a rodada de maio.
Aparentemente, nem a ANP e nem o governo se sensibilizaram para a demanda da Petrobras. Por último, é a realização do programa de desinvestimentos.
Até agora nada se fez e é preciso ser ousado para atingir a meta dos US$ 9,9 bilhões.
Tudo leva a crer que a atual gestão voltou a se preocupar com os rumos da empresa e um pouco mais com o acionista minoritário. Mas seria bom não esquecer que a Petrobras é como um transatlântico que só muda de rota numa velocidade muito baixa.
Portanto, atingir as metas do Plano de Negócios não será nada fácil e se o acionista majoritário não mudar a sua mentalidade em relação à empresa, esse plano pode ser mais uma ficção.
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