Por Paulo Ovellinho, Empresário
Na véspera da posse do presidente Costa e Silva, em 1967, visitei o ministro da Indústria e Comércio, Paulo Egydio Martins, a fim de despedir-me, pois na sua gestão ele criou o Conselho de Voluntários com participação de 10 empresários _ eu era um deles. Era um dia quente, pleno verão no Rio de Janeiro, o ministro estava recostado em sua cadeira, quase deitado, desanimado, e quando perguntei-lhe o que tinha, ouvi pela primeira vez uma frase que nunca mais esqueci: “Tu não imaginas o que é o vácuo do poder”.
Esse desabafo explica com certeza a forma quase desesperada com que os homens públicos e privados se agarram a seus cargos, que lhes concedem grandes poderes, quase absolutos. O que mais me impressiona com a influência do poder sobre os indivíduos são as contradições entre a sua postura antes e depois, o que permite dividi-los em três momentos:
1) “Deus me livre, o desafio é muito grande e não sei se sou a pessoa indicada para o cargo!”.
2) “Se eu for escolhido, quero desde já deixar registrado que sou contra a perpetuação no poder e a primeira coisa que vou fazer será proibir a reeleição por mais de dois mandatos”.
3) O exercício do poder fascina, e o incrível é a forma suave com que as mutações e as contradições do antes e depois começam a aparecer, refletindo-se não só no seu apego ao cargo, de uma forma cada vez mais ostensiva, até selvagem, e a montagem de uma estrutura de apoio à sua aspiração de permanecer no cargo infinitamente de um modo quase geral, especialmente nas entidades patronais e de empregados, já que no poder público existe um limite para presidência da República, governadores estaduais e prefeitos municipais.
2) “Se eu for escolhido, quero desde já deixar registrado que sou contra a perpetuação no poder e a primeira coisa que vou fazer será proibir a reeleição por mais de dois mandatos”.
3) O exercício do poder fascina, e o incrível é a forma suave com que as mutações e as contradições do antes e depois começam a aparecer, refletindo-se não só no seu apego ao cargo, de uma forma cada vez mais ostensiva, até selvagem, e a montagem de uma estrutura de apoio à sua aspiração de permanecer no cargo infinitamente de um modo quase geral, especialmente nas entidades patronais e de empregados, já que no poder público existe um limite para presidência da República, governadores estaduais e prefeitos municipais.
Quanto aos deputados federais, estaduais e vereadores, o amor ao cargo e suas benesses contagia-os com a busca do infinito; e, dos CCs, nem se fala!
O aspecto que mais me preocupa é que junto ao prazer do poder… do domínio… do exercício do mando… do aplauso incessante de muitos “aspones” que gravitam em torno do poderoso, aplaudindo-o sempre, nunca criticando, talvez com receio de desagradar ao todo-poderoso que se julga perfeito; repito, o que mais me preocupa são as mutações do caráter das pessoas e a negação dos valores éticos e morais dos quais faziam apologia e praticavam: as tentações às oportunidades torna-os passíveis da corrupção que varia de intensidade conforme a dimensão ou o tamanho da oportunidade variável de acordo com o posto do poderoso.
E, nesta preocupação da prevaricação, temos então a figura insinuante e vil do corruptor, o qual acredita fielmente que todo homem tem seu preço, basta atingi-lo.
E o interessante é que, quando vem à tona a figura do corrupto nos escândalos públicos e privados, o corruptor recolhe-se discretamente, enquanto o corrupto é execrado. Passado o espasmo que gera indignação, mas é rapidamente esquecido e falha a memória da sociedade… quando então o corruptor ressuscita, às vezes com uma nova roupagem e pronto para uma nova façanha.
O juramento do “servir sem servir-se” transfigura-se em uma nova postura, “servir, servindo-se”.
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