sábado, 2 de fevereiro de 2013

A tragédia de Santa Maria deve servir como um marco para a seriedade na fiscalização nas casas de eventos de qualquer natureza


                                                Tragédias que já ocorreram no Brasil e no mundo parece que não ensinaram às pessoas a importância de cuidar, fiscalizar e adequar os locais fechados em que ocorrem eventos. A tristeza que acometeu o Brasil inteiro nesta semana é o resultado da falta de cuidado dos proprietários de casas que recebem públicos em eventos e das autoridades que não cumprem com as suas obrigações de exigir para cada uma delas que ofereçam nenhum risco para os seus freqüentadores. A perplexidade e a tristeza permearam todas as conversas na semana passada.
O Brasil se emocionou muito com a dor de cada pessoa que enterrou um ou mais de um de seus entes queridos. Um dos sentimentos mais fortes, porém, foi o de indignação. As vítimas da boate Kiss devem ser lembradas como no caminho na direção de sempre se fazer a coisa certa. 
O Brasil precisa deixar de ser o país do jeitinho, do improviso, dos pequenos delitos. Não se pode mais aceitar a rotina de contravenções, sejam as grandes ou as pequenas, que se repetem com a máxima naturalidade. A propina para o guarda de trânsito, o fiscal corrupto e, como pano de fundo, a certeza da impunidade. Na Kiss houve um conjunto de falhas gritantes: existia apenas uma porta que servia como entrada e saída de emergência e ainda com obstáculos que afunilaram o fluxo de pessoas.
Não havia sinalização de rota de fuga, o que levou dezenas de jovens a correr para os banheiros onde morreram asfixiados. O extintor não funcionou quando tentaram debelar o fogo que começou após a banda Gurizada Fandangueira disparar fogos de artifício na boate, a espuma que revestia a casa era inflamável e o local não contava com brigada de incêndio. Os seguranças, mal treinados e despreparados, impediram a saída das pessoas em desespero até perceberem do que se tratava. Tudo isso contribuiu para essa tragédia!
 Agora, descobriu-se que há milhares de alçapões como a Kiss funcionando em todo o País, alguns com autorização, boa parte sem. São estabelecimentos que abrem suas portas todos os dias sem alvará de funcionamento e desrespeitam regras básicas de segurança. Somente em São Paulo, existem 600 casas noturnas sem alvará da prefeitura. O que é mais revoltante é que 70% das boates, salões de clube, bufês e locais de show foram vetados pelos bombeiros nos últimos dois anos, mas não fecharam. De 636 pedidos de vistoria sobre segurança contra incêndio recebidos, apenas 194 foram aprovados.
Parece que as mortes no Rio Grande do Sul acordaram as autoridades para a gravidade da situação. Manaus lacrou 66 das 98 registradas na cidade. Em Fortaleza, casas de show tiveram de suspender suas atividades por não oferecer sequer 30% das condições de segurança exigidas. No Estado do Rio, 127 estabelecimentos sofreram interdição. Boates famosas como a Nuth e 021 foram lacradas e terão de realizar obras para funcionar. Na capital paulista, os principais empresários da noite se anteciparam e decidiram não abrir na semana passada alegando “luto” pelas mortes em Santa Maria. Agora, correm contra o tempo para regularizar seus estabelecimentos e, assim, proporcionar diversão sem risco.
Boa parte deste texto foi extraída da reportagem especial da Revista Isto É. Para saber mais, acesse o  link na revista aqui.

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