quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Trabalhadores sofrem acidente por causa de transporte precário da Cutrale

Clipping - Fonte: Página do MST                                  Por José Coutinho Júnior




Na manhã desta terça (26/2), um ônibus que transportava 11 trabalhadores que apanham laranjas para a empresa Cutrale sofreu um acidente na ponte da estrada municipal que liga Iaras ao município de Agudos, ambos no interior de São Paulo.
O freio do ônibus falhou na descida que leva à ponte e, para não bater de frente com um ônibus escolar que vinha no sentido oposto, o motorista jogou o ônibus contra a ponte, caindo no Rio Pardo.
Todos os 11 trabalhadores se feriram, sendo levados ao hospital do município de Cerqueira César (SP).
O motorista e uma trabalhadora se encontram em condições graves, com traumatismo craniano. O ônibus, velho e com problemas mecânicos, apesar de prestar serviços à Cutrale não é oficialmente da empresa.
Segundo Rosimeira de Almeida, assentada do MST na região, “uma pessoa aluga o ônibus, em péssimas condições, para levar os trabalhadores de diversos municípios para a Cutrale. Como a empresa não se envolve nesse processo, ela fica livre de qualquer responsabilidade caso algo ocorra. A responsabilidade pelo acidente vai cair em cima apenas do dono do ônibus, e não da empresa”.
Até o momento, a Cutrale não se manisfestou sobre o acidente.
Para Adir dos Santos Lima, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a precariedade do transporte rural é constante. “Esses ônibus são sucata que vem da cidade para o campo, porque na cidade há uma série de proibições que impedem a circulação desses ônibus. No campo, isso não existe. Tenho certeza que o dono da Cutrale jamais poria seus cavalos nesse tipo de veículo”, disse.
“Precisamos de uma fiscalização do Ministério dos Transportes para que isso páre de acontecer”, cobrou
Trabalho precário
Não é só o transporte que é precarizado na Cutrale. Trabalhadores da empresa estão sujeitos a más condições de trabalho.
Durante o Tribunal Popular da Terra ocorrido em 2012, trabalhadores da empresa denunciaram as situações de exploração que viviam, como receber apenas 29 centavos por cada caixa de laranja colhida.
A caixa pesa de 48 a 50 Kg e devem ser carregadas pelos próprios trabalhadores que realizam a colheita, resultando em problemas de coluna, LER (Lesão de Esforço Repetitivo) e outras doenças
Outro problema é a aplicação de agrotóxicos pela empresa, que contamina os rios e represas da região de Iaras (SP) e é responsável pelo surgimento de doenças nos trabalhadores.
“As condições de trabalho são muito precárias. O transporte é velho e perigoso, os trabalhadores têm jornadas e condições de trabalho excessivas, muitas vezes não tendo nem o que comer durante o trabalho. Temos de denunciar essas condições precárias de trabalho e de vida, e cobrar da Cutrale a obrigação de fornecer transporte, alimentação e uma jornada de trabalho adequadas”, afirma Adir.

Por Repórter Brasil

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