quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Jovem do DF viciado em crack se acorrenta para evitar uso da droga


Mãe diz que não consegue tratamento adequado na rede pública de saúde. 
DF terá cinco Casas Abrigos para internação voluntária, diz Saúde.

Do G1 DF
Um jovem viciado em crack, morador de Samambaia, no Distrito Federal, impôs uma sentença a si mesmo: acorrentou os pés com cadeados para evitar sair de casa e comprar a droga.
“Eu prefiro ficar acorrentado porque hoje em dia as coisas não estão brincadeira. É perigoso e tantas pessoas morrem por causa desse vício que eu prefiro ficar passando mal com vontade de usar, mas não ficar arriscando perder a minha vida”, diz o rapaz, que não quer ser identificado.
Na casa onde ele mora estão as marcas da destruição causada pelo impulso do vício. Um vidro na entrada da residência está quebrado, a maçaneta também. No lugar há outras portas arrombadas. Segundo a mãe do rapaz, isso aconteceu quando ele tenta fugir de casa para usar a droga.
“Estou destruindo minha família. Sou o caçula, sempre fui um menino carinhoso. Depois que conheci essa vida, essa droga, minha vida praticamente foi para o fundo do fundo do poço”, comenta o homem.
O rapaz de 25 anos começou usar o crack com 15. Ele está disposto a se internar, mas a família não consegue uma clínica.
“Tem muito tempo que a gente está lutando para conseguir uma clínica”, relata a mãe do rapaz. "Na verdade, o poder público não tem. A gente procura, eles mandam a gente para o Caps [Centros de Atenção Psicossocial] e o Caps não funciona. Eles fazem uma visita e vão embora, marcam um retorno para daqui a três, quatro meses
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que o DF não possui política de internação compulsória de pacientes usuários de droga. Segundo a pasta, o modelo a ser adotado no Distrito Federal terá cinco Casas Abrigos, a serem inauguradas nos próximos dias,  onde os usuários poderão ficar em tratamento por tempo indeterminado, por livre vontade.
Atualmente o tratamento de usuários de drogas ocorre com apoio dos Caps - o DF tem 14 deles, sendo sete especializados em álcool e drogas, seis para atendimento a adultos e um para crianças e adolescentes. Nos centros não há internações. Além dos Caps, o Distrito Federal conta com um hospital psiquiátrico e um Centro de Orientação Psicossocial (COMPP), diz a Secretaria de Saúde.
O homem reconhece a destruição causada pela droga. “O sofrimento que eu estou passando eu não desejo pra ser humano nenhum na Terra.”
“O desejo de uma mãe é ver o sucesso do filho, que ele tenha uma vida digna. E ele está vivendo um momento muito triste, porque ele não tem controle sobre ele mesmo”, fala a mãe do jovem.

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