sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O festival de cargos públicos para os aliados do governo continua dando vida boa a muitas pessoas



Os arranjos políticos, sejam em quaisquer dos três níveis de poder, sempre vem carregados de trocas, favores, compras disfarçadas e outras contrapartidas nem sempre republicanas e dignas de serem classificadas como éticas e dentro da lei. Os apoios que os chefes dos executivos recebem dos legislativos requerem que o prefeito, o governador ou o presidente da república ofereçam algo que seja do agrado de quem está dando (ou vendendo!) o apoio necessário à governabilidade.
São obras construídas no reduto eleitoral do parlamentar (quando existiam outros locais ou outras obras mais necessárias e urgentes), são cargos dados a políticos ou a indicados por eles (quando existiam pessoas muito mais preparadas para exercer aquele cargo). Esses são os que vêem á tona a todo momento e quase todo mundo sabe. Existem aquelas outras contrapartidas que ocorrem às escondidas e quase ninguém sabe direito.
Um caso que vem sendo divulgado pela mídia e que deixa algumas pessoas não acostumadas com esse mercado de favores que existem na administração pública no Brasil sem compreender como um governo que se diz sério fazer isso. Refere-se ao aumento do loteamento político na Caixa Econômica Federal para abrigar o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab. Além do Ministério da Micro e Pequena Empresa, que o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, deverá assumir, o PSD irá receber também uma vice-presidência da Caixa que está sendo criada que terá o mesmo nome do futuro ministério.
Segundo fontes do banco, a reestrutura da Caixa deverá ficar pronta até fevereiro próximo. Terá três novas vice-presidências, uma será voltada para a habitação, que ficará sob o comando do PT. Além disso, serão criadas dez novas diretorias, sendo que algumas delas também serão distribuídas a aliados de Kassab e a maioria delas deverá ficar com o PT. Evidentemente que a Caixa nega que essa reestruturação tenha conotação política, mas não restam dúvidas de que os políticos farão a festa com mais esses cargos de tamanha importância que estão à disposição deles.
De acordo com o jornal Estado de São Paulo, para compensar o PT por ceder lugares ao PSD no comando da Caixa, há hoje um movimento para fortalecer os nomes ligados à sigla dentro do banco: José Urbano, vice-presidente de Governo e Habitação; Marcos Vasconcelos, vice-presidente de Gestão de Ativos e Terceiros; e Márcio Percival Alves Pinto, vice-presidente de Finanças e Mercado de Capitais.
Desde que o Partido dos trabalhadores assumiu a Presidência da República, Historicamente o PT teve predomínio na Caixa, mas em razão dos arranjos políticos sempre foi obrigado a dividir o poder naquela instituição financeira com outros partidos aliados. Atualmente, ela é presidida por Jorge Hereda que de 1993 a 2002 foi secretário de gestões petistas em Diadema e Ribeirão Pires e também presidente da Companhia de Habitação de São Paulo (COHAB). Com a eleição de Lula em 2002, Hereda mudou-se para Brasília e ocupou a Secretaria de Habitação do Ministério das Cidades até 2005. Em seguida, foi para a vice-presidência de Governo da Caixa.
A reformulação que está sendo feita nos bastidores está gerando profundo mal-estar entre os dirigentes da instituição e entre os partidos que já dividem as fatias do comando da estatal. Eles estão temendo perder força e até mesmo os seus cargos. Os trabalhadores da Caixa certamente não estão gostando nada disso, da empresa em que trabalham servir de objeto de troca por apoio político. Infelizmente, isso não está restrito somente á Caixa. Todos os órgãos públicos, sejam empresas estatais ou não, estão passando ou já passaram por processo semelhante.
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