sábado, 13 de julho de 2013

A oposição cresce significativamente e deixa a reeleição de Dilma ameaçada

Antes de os aumentos sincronizados nas passagens de ônibus nas principais capitais do País levarem milhões de estudantes a marcharem pelas ruas, na segunda quinzena de junho, a oposição ao governo Dilma era criticada até mesmo pela oposição. Estava sem bandeira, sem garra, sem voz.
Em mais de uma declaração, o ex-presidente Fernando Henrique, por exemplo, reclamara da suavidade das críticas feitas pelos tucanos do PSDB, seus amigos do DEM e parceiros do PPS aos diferentes programas do governo federal. A mensagem contemplava também a indecisão do PSB e a divisão no PDT entre apoiar ou fustigar a administração Dilma Rousseff. FH queria mais virulência na crítica – e a mudança radical nas circunstâncias políticas fez com que viesse a ser atendido.
Presidenciável tucano, o historicamente conciliador Aécio Neves concede entrevistas coletivas quase diárias, na sede do PSDB, em Brasília, nas quais têm acertado golpes demolidores diretamente sobre a antiga maior fortaleza de Dilma. “Esse governo desmoralizou a reeleição”, disse ele, atento às pesquisas de opinião. Antes das passeatas, a presidente era franca favorita nas pesquisas para obter, em 2014, seu segundo mandato. Após a tomada das ruas, tornou-se uma incógnita, com uma vertiginosa perda de quase 30 pontos percentuais de popularidade na medição do instituto Datafolha.
O normalmente monossílábico governador Geraldo Alckmin, de São Paulo, arregaçou as mangas para dizer que, ao propor uma constituinte exclusiva para fazer a reforma política, o governo lançava uma alternativa “sem sentido”. Ele assinalou, deixando de lado seu estilo comedido, que as ações de governo eram adotadas “numa enorme correria e de maneira confusa”.
A presidenciável Marina Silva talvez tenha sido a maior beneficiária da virada da maré. Enquanto isso, a coleta de assinaturas para a fundação do Rede, que patinava, decolou, chegando a 700 mil. Lembrando que esteve sem partido nos últimos três anos, Marina obteve sintonia natural com as ruas que se definiram como “sem partido”. A ex-ministra só ganha pontos com toda a crise de representatividade das instituições
Entre os socialistas, o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, que parecia ter retornado seu carro presidencial de vez para a garagem, voltou a acelerar, abordando os problemas da economia. “Se as coisas continuarem como estão, teremos muitas dificuldades”, assinala.
No PDT do sindicalista Paulo Pereira da Silva, a dúvida entre apoiar o governo ou bater o mais duro possível parece ter acabado. Com a máquina da central Força Sindical, Paulinho mandou bloquear rodovias federais no Dia de Lutas, na quinta-feira 11, e ameaçou seus adversários da CUT e abrir a campanha ‘fora, Dilma’. É um caminho seu volta para o outro lado.
No PMDB, segundo maior partido do Congresso depois do PT, a tradicional inquietude reapareceu com força. O partido liderado por Eduardo Cunha, francamente oposicionista, foi determinante para derrubar a ideia lançada por Dilma de um plebiscito popular para fazer a reforma política. A partir do presidente da Câmara, Henrique Alves e, antes dele, pelo posicionamento contrário do vice-presidente Michel Temer ao plebiscito, a agremiação afastou-se da presidente a ponto de estrategistas do PT já a considerarem fora do palanque de Dilma no próximo ano.
A presidente Dilma tem surgido abatida nas imagens divulgas pela Presidência da República. Suas estafantes negociações pelo plebiscito morreram na praia do Colégio de Líderes da Câmara, sem nem chegar ao plenário. A manobra que ia lhe sendo imputada, de tentar jogar sobre o Congresso a responsabilidade pela crise, não funcionou como o previsto. Entre a semana que termina e a que começa na segunda-feira 15, o que se tem é uma presidente e seus ministros na defensiva, dependendo de um improvável fato novo para estancar o agigantamento de praticamente todos os líderes da oposição. Dilma nunca esteve tão cercada como agora.
Do 247

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