quarta-feira, 3 de julho de 2013

A burrice, no Brasil, tem um passado glorioso e um futuro promissor

Um dos livros mais interessantes para se ler nesses dias de manifestações é “O homem revoltado” de Albert Camus, no qual o autor apresenta a fenomenologia do “espírito da revolta” mostrando que os atos de revolta da história podem ser encarados como uma revolta metafísica, uma rebelião contra Deus e contra a realidade.
“Se Deus não existe, tudo é permitido”. Igualitarismo, socialismo, marxismo e todas essas ideologias modernas são apenas uma elaboração intelectual “elegante” para expressar os sentimentos mais primitivos de revolta e de negação.
Mais de 40 anos de revolução cultural gramsciana em curso no Brasil, com a doutrinação maciça, em especial, da juventude nos colégios e universidades, entronizaram o vírus da revolta como algo bom e como a expressão máxima da democracia.
Qual foi mesmo o partido que destruiu adversários, adestrou uma enorme militância e ganhou apoio popular liderando a “luta contra corrupção” e pela “ética na política”?
Acostumados a ver o PT, MST, ONGs e “movimentos sociais” tomando as ruas e trazendo o caos com a desculpa de lutar por “um mundo melhor”, nada mais natural para milhares e milhares de pessoas, que expressarem seu descontentamento com o status quo, reproduzindo o mesmo modus operandi absorvido.
Mas querer “fazer algo” só por fazer, expondo reclamações difusas e aleatórias, mostra apenas um sentimento imaturo de frustração e revolta. Isso não é um súbito “despertar de cidadania”, é apenas, a exposição pública de um grau de alienação grotesco das massas: um bando de gente na rua, gritando contra “tudo isso que está aí”, sem perceber que, ao provocarem uma situação artificial de convulsão social, precipitam mudanças, as quais, no fim, favorecem quem está no poder, ampliando exatamente, “tudo isso que está aí”.
Quando se comenta da falta de representatividade dos partidos políticos, pouco é mencionado sobre o vácuo proporcionado pela inexistência de partidos com uma orientação conservadora, próxima ao sentimento médio da maioria da população brasileira.
Ou seja, embora haja milhares – talvez a grande maioria – que tenham até boas intenções, eles servem de massa de manobra para quem verdadeiramente encontra-se posicionado para impor sua agenda à sociedade.
É a revolução gramsciana perfeita, a constatação empírica de que a cosmovisão esquerdista, um zeitgeist vermelho, alcançou o ideal do lendário estrategista militar chinês Sun Tsu, em seu clássico livro “A Arte da Guerra”: “Lutar e vencer todas as batalhas não é a glória suprema. A glória suprema consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar. É preferível capturar o exército adversário a destruí-lo. (…) Dominar o inimigo sem combater, isso sim é o cúmulo da habilidade”.
A maré pode virar? Pode, mas para isso acontecer, teriam que existir lideranças capazes de conduzir esse descontentamento para fora da cosmovisão da luta por mais “direitos”, passe livre, mais saúde, mais educação e, como consequência, mais impostos e mais Estado provedor e interventor.
Tais lideranças, porém, ainda não se avistam no horizonte. Por enquanto, o que temos é o tom profético das palavras do saudoso Roberto Campos: “A burrice, no Brasil, tem um passado glorioso e um futuro promissor”.
Por Rodrigo Sias, economista pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  http://www.franciscocastro.com.br/blog/

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