sábado, 5 de janeiro de 2013

Veja o quanto a sociedade brasileira está mudando nos mais diferentes aspectos



As tendências são mostradas a todo momento e em magnitudes variadas, mas algumas delas são mais nítidas, fortes e perenes. Na sociedade são apresentadas mudanças substanciais no modo de vida das pessoas, nos tipos de comportamentos, nos relacionamentos sociais, familiares e no trabalho além de uma série de transformações que alteram significativamente o tipo de sociedade que existia há anos.  A maior parte das pessoas vai preferir morar sozinha, sem o apoio de empregados domésticos e sem sofrer com a solidão. A vida social online será intensa e a vida real, adequada a um mundo de diversidades. A imensa maioria da população não vai nem saber o que é dinheiro de papel e terá muitas outras facilidades que poderiam nem ser sonhadas há uns dez anos.
A revista Isto É em sua edição desta semana apresenta uma excelente matéria sobre as tendências de diversas áreas da nossa sociedade com alterações bastante significativas de hábitos e costumes Aqui apresento alguns pontos ou trechos da reportagem que julgo mais relevantes.
Na Noruega, Finlândia e Dinamarca mais de um terço das casas tem um só habitante. No Brasil, o fenômeno ainda desponta, mas com bastante vigor. Entre o censo de 2000 e o de 2010, o número total de moradias com um só habitante subiu 41%. Hoje são cerca de sete milhões de casas de sozinhos. A equação que explica o fenômeno, seja aqui, seja na Noruega, tem em sua base três fatores comuns. “São eles a estabilidade econômica, a independência feminina e a revolução da comunicação”, disse à ISTOÉ Eric Klinenberg, pesquisador da Universidade de Nova York e autor do livro “Vivendo Sozinho”. O dinheiro é fundamental para pagar os custos, que são maiores. A independência feminina permitiu às mulheres bancar um estilo de vida independente, tornando-as parcela significativa dessa população. E os meios de comunicação facilitam a convivência, evitando que os sozinhos se tornem solitários.
Enquanto cada vez mais gente opta por um estilo de vida sozinho (apenas nos Estados Unidos, 36% de sua população estará morando só até 2020), teóricos começam a discutir outra faceta desse fenômeno: sua sustentabilidade. “A quantidade de alimento que se compra é grande, então se perde muito, sem contar os gastos fixos, como eletricidade, que não são divididos”, afirma o professor Samy Dana, da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Todo esse consumo concentrado em uma só pessoa tem feito vários pesquisadores rotularem esse estilo de vida como insustentável em larga escala. O próprio Dana, porém, faz a defesa de quem mora só e diz que há necessidade de se estudar melhor o tema. “Se por um lado se gasta mais eletricidade, de outro se economiza combustível, porque a maior parte das residências dos sozinhos está nas regiões centrais, então se gasta menos com deslocamento.” .
O dinheiro de papel vislumbra uma derrota cada vez mais próxima para as novas tecnologias. Com um mercado de pagamentos móveis com potencial para movimentar US$ 600 bilhões por ano até 2016, nos cálculos da consultoria Gartner, o celular é a próxima fronteira a ser explorada pelos bancos (leia reportagem à página 64). Lançado recentemente pelo governo brasileiro, o Sistema de Pagamento Móvel promete ser uma alternativa para quem ainda não está incluído no sistema financeiro, além de reduzir os custos das transações eletrônicas e aumentar a concorrência, reinventando assim a forma como se utiliza a moeda no País. As regras do novo marco regulatório serão definidas pelo Congresso em 2013. O alcance da medida é amplo. Afinal, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 70% dos brasileiros acima de 10 anos de idade têm celular. A perspectiva da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) é que, até 2018, os aparelhos móveis tenham o mesmo peso que a internet nas transações bancárias.
Cerca de 500 mil mulheres, 10% do total, largaram a profissão entre 2009 e 2011, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As profissionais que se ocupavam dos afazeres domésticos tiveram acesso à educação e optaram por se recolocar em postos de trabalho no setor de comércio e serviços. E o mercado tem respondido com novos serviços e produtos para suprir os hábitos das famílias. De 2000 a 2012, cresceu três vezes e meia o custo de manter uma funcionária na residência, informa a consultoria econômica LCA, com base na inflação oficial. Em 2012, o custo do serviço aumentou 12,8%, quase o dobro da inflação. Para a economista Hildete Pereira de Melo, especializada no estudo do trabalho doméstico, sem a figura da mulher contratada para cuidar da casa, as relações familiares tendem a ser mais igualitárias. As estatísticas, porém, mostram que essa mudança caminha em ritmo lento. “Em alguns lares, filhos e homens ganham mais responsabilidades. Mas, na maioria, é a mulher que fica sobrecarregada”, afirma Alexandre Fraga, sociólogo do trabalho na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A vida social, antes condicionada à presença física em festas, viagens, passeios e encontros, hoje acontece cada vez mais no mundo virtual. Com a ajuda das mais populares redes sociais, como Facebook e Twitter, as pessoas compartilham de votos de felicidade a opiniões políticas, de fotos e vídeos de férias a reclamações de trabalho, de fofocas pessoais a gritos de torcida. E tudo de forma assustadoramente veloz, com alcance cada vez maior. Em 2012, por exemplo, 63,9 milhões de brasileiros se identificaram como usuários de redes sociais, acessando as páginas do computador de casa, do trabalho e pelo celular. Até 2014, serão pelo menos 79,3 milhões, ou 37,7% da população nacional, segundo dados da consultoria americana eMarketer. “Todos temos uma necessidade muito grande de pertencer a um grupo, de nos sentirmos parte de algo”, diz Luciana Ruffo, psicóloga do Núcleo de Pesquisa de Psicologia em Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Hoje, estar nas redes sociais é garantir pertencimento a um grupo cada vez maior e mais influente.”
Não passou despercebida a iniciativa da Rede Globo de mostrar, na final do reality show “The Voice”, em dezembro do ano passado, imagens da família da vencedora, Ellen Oléria, com a seguinte legenda: “Mãe e namorada de Ellen”. A opção por não esconder a identidade sexual da participante é reflexo da mudança no modo como a sociedade brasileira lida com a diversidade – um avanço que ocorre a passos rápidos. “Sou formada em direito e minha monografia, apresentada em 2009, foi sobre a união homoafetiva”, afirma Rosa Maria Gonzaga Arouche, que acaba de formalizar seu casamento com Antonieta Cavalcante de Sousa na cidade de Santos, em São Paulo. “Na hora em que assinei a certidão, três anos depois, senti toda a emoção de ver o meu trabalho se concretizar.”
O Brasil já é uma nação de idosos. “E os estudos apontam que a partir de 2030 a população com mais de 45 anos crescerá”, afirma a economista Ana Alice Camarano, especialista em longevidade do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Se por um lado a convivência entre gerações de uma mesma família é gratificante, por outro, quando o envelhecimento não ocorre de forma saudável, é motivo de apreensão. Hoje, por exemplo, 3,1 milhões de idosos brasileiros têm dificuldades de executar as atividades mais básicas da vida diária, como tomar banho, comer e ir ao banheiro sozinhos. Os impactos financeiros e emocionais para cuidar deles são grandes e desgastantes para toda a família.“Um familiar em geral abre mão da sua vida para assumir o gerenciamento da vida do idoso. As contas, a compra e a administração dos remédios, as consultas, tudo vira tarefa dessa pessoa”, afirma o geriatra Saulo Buksman, diretor da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. O peso é tamanho que existe até uma doença já descrita com o nome de “estresse do cuidador”. “Mistura depressão, culpa e raiva. A pessoa tem um estresse muito forte, que pode induzir a doenças”, diz o médico. 

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