quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Siderúrgicas de Açailândia causam mortes e doenças em Piquiá de Baixo



Cinco siderúrgicas instaladas na região fazem do bairro o mais afetado pela poluição
Siderúrgi..
Açailândia - Telhados de casas protegidos por lonas, poeira, árvores cobertas de pó de ferro. Esse é o cenário que centenas de famílias precisam conviver diariamente no bairro Piquiá de Baixo, em Açailândia (MA). Mas os maiores problemas são as doenças e mortes que ocorrem com frequência como resultado do alto índice de poluição.
Só é preciso algumas horas de passeio pelo bairro para se dar conta do índice de poluição que é gerado no local. São cinco siderúrgicas instaladas na região que fazem do bairro o mais afetado pelo pólo siderúrgico de Açailândia. A maioria dos moradores conhece alguém ou tem um familiar que já morreu com problemas de saúde ligados à poluição.
No último dia 20 de dezembro, uma criança de quatro anos morreu com pneumonia e sarcoma de Ewing, um tipo de câncer raro que atinge os ossos e o pulmão. “Ela passou 75 dias internada e eu nunca pude fazer uma ligação para casa dizendo que minha filha estava melhor, a cada dia ela só piorava”, afirma o pai da criança.
De acordo com o médico que faz atendimento no posto de saúde do bairro, esse tipo de câncer é um caso raro, mas, a maioria dos moradores que passa por uma avaliação médica descobre que estão com o pulmão manchado, com algum tipo de alergia na pele ou problemas respiratórios. “Se você entrar em uma casa e passar a mão nos móveis, a mão fica toda preta de pó. Esse pó atua causando muitos quadros de cansaço, bronquite asmática, dificuldades de respiração, tosse contínua, e problemas na pele. Algumas doenças não são muito graves, mas elas são recorrentes, a gente passa o remédio, melhora, mas depois a pessoa volta a ser contaminada”, relata Mauro Alvarenga.
Casos de pneumonia são comuns. Dona Maria das Dores mora no bairro há 15 anos e conta que já perdeu três pessoas da família, todas com pneumonia. Maria Aldenir da Silva perdeu a irmã de 43 anos que morreu com infecção pulmonar. Agora ela está cuidando do filho de 25 anos que há seis meses sente cansaço, dor nas costelas e tosse. A mãe conta que o jovem já foi afastado do serviço por recomendação médica. Ele trabalhava nos altos-fornos da empresa Gusa Nordeste.
No bairro muitos homens trabalham em empresas terceirizadas que prestam serviço para as siderúrgicas ou nas próprias siderúrgicas, desenvolvendo atividades de risco como a do jovem que limpava os autos-fornos. Segundo Mauro Alvarenga a procura por atestados médicos é grande, mas esses trabalhadores que procuram atendimento não apresentam condições de retornar ao trabalho.
Assim, centenas de pessoas sobrevivem, alimentando o desejo de em breve poder morar em outro lugar. A situação do bairro foi condenada pela vigilância sanitária e os moradores já conseguiram um terreno para a construção de novas moradias, distante das siderúrgicas.
Com a implantação das siderúrgicas, na década de 80, os moradores sonhavam com o progresso, com empregos, com o crescimento do bairro e da cidade. Ao contrário, com o passar dos anos a atividade siderúrgica foi se intensificando, o que gerou maior índice de poluição e ficou inviável viver com qualidade no local. No bairro não se observa super mercados, restaurantes, hotéis, nenhum tipo de empreendimento. As pessoas que tiveram condições procuraram outro lugar para morar. Hoje, o futuro do bairro é desaparecer.
Com informações da Rede Justiça nos Trilhos

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