quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O mercado exige profissionais cada vez mais polivalentes, se possível com mais de uma formação superior


De acordo com os dados do último Censo Demográfico realizado pelo IBGE, cerca de 11% dos estudantes universitários do Brasil em 2010 estavam fazendo uma segunda  faculdade ou já era formado em mais de uma profissão de nível universitária. Nesse mesmo levantamento também foi constatado que 30,1% dos universitários que fazem uma segunda graduação estão na faixa etária de 40 anos. Nesse trabalho, o IBGE apresentou também que 13,2% dos estudantes que estão na segunda graduação fizeram ou fazem a primeira graduação numa instituição pública federal ou estadual. Isso mostra, pelo menos teoricamente, que a imensa maioria dos que fazem uma segunda ou terceira faculdade é oriunda de faculdades particulares que geralmente oferecem qualidade de ensino de pior nível. 
Mesmo o IBGE não tendo indagado sobre os motivos que fizeram com que 11% dos universitários brasileiros passaram a fazer um segundo curso de graduação é possível inferir as principais razões dessa mudança na carreira profissional. Os especialistas na área apresentam algumas hipóteses que podem explicar, pelo menos em parte, isso. Uma delas é o descontentamento com a carreira profissional e por isso partem para a formação em outra área mais identificada com as aspirações no trabalho. A pessoa escolheu uma carreira e não se identificou com ela, então parte para outra. 
Uma segunda possibilidade que pode ajudar na explicação de cursar uma nova faculdade são os avanços tecnológicos que alteram radicalmente as relações e as divisões dos vários tipos de trabalhos, seja intelectual ou não. Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, essas áreas se entrecruzaram. Em razão disso, muitas empresas passaram a exigir profissionais com formação interdisciplinar. Com a dinâmica do mercado de trabalho, muita gente se conscientizou da necessidade de complementar sua formação com disciplinas que não dominam. As empresas exigem cada vez mais dos empregados e as pessoas cada vez mais trabalham em equipes interdisciplinares. 
Uma terceira possibilidade é que as mudanças tecnológicas, científicas e de mercado ocorrem em velocidade muito grande, alterando significativamente os graus de exigências nas empresas. Esse processo leva o conhecimento a tender evoluir velozmente, o que obriga as pessoas passarem por reciclagens constantemente, incluindo eventualmente até mesmo cursar uma outra faculdade diferente da que havia se formado anteriormente. Na maioria dos casos, quem não está disposto a se renovar, que pode até mesmo incluir repensar a profissão com a qual sonhava quando jovem, pode até ser expulso do mercado de trabalho ao qual está inserido. Assim, voltar a estudar pode ser questão de sobrevivência profissional. 
As escolas, as faculdades e os cursos técnicos precisam mudar para atender de forma mais direta o que as empresas estão necessitando. É preciso alterar grade curricular, dando aos estudantes mais liberdade de aprendizagem, mas sempre imbuído da idéia de preparar os estudantes para o mercado de trabalho que sempre está mudando, com a constante incorporação de novas tecnologias, ferramentas e métodos que exigem cada vez mais do conhecimento interdisciplinar. É bom ter especialistas, mas a dinâmica do mercado exige muito mais que isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário