A alta rotatividade e a instabilidade da ocupação contribuem mais para os elevados índices de desemprego entre jovens que a falta de vagas de trabalho. A constatação está em um estudo preliminar (Inserção dos jovens no emprego formal: uma abordagem de fluxos) apresentado pelo diretor-adjunto de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Carlos Henrique Corseuil, durante o painel Juventude e Trabalho, promovido no instituto.
A pesquisa utilizou dados da RAIS, do Ministério do Trabalho, para avaliar, entre outros fatores, o tipo de relação de trabalho dos jovens com as empresas e os motivos que levam ao desligamento/demissão.
Carlos Henrique afirmou que o desemprego juvenil não deve ser entendido como uma falta de vagas de trabalho, pois o número de admissões é superior nesta faixa etária. Em compensação, a taxa de desligamentos também é consideravelmente maior que entre os adultos. O estudo descarta como causas deste fenômeno a existência de vínculos trabalhistas frágeis, como a contratação temporária, e a tendência, supostamente maior entre jovens, de abandono do emprego. De acordo com o estudo, as diferenças entre o desligamento voluntário, apesar de ser maior na faixa de 14 a 24 anos, não parece ter magnitude suficiente para causar elevação no desemprego e na rotatividade.
As análises levam a entender que boa parte da população entre 14 e 24 anos está em setores da economia com grande instabilidade, fato que, para o diretor do Instituto, pode ser provocado pela falta de qualificação. “Realmente existe, como base nos cálculos que fizemos, uma rotatividade causada por características da idade, mas um componente importante é o setor de ocupação, pouca experiência e qualificação parece empurrar o jovem para firmas de alta instabilidade”, argumentou.
De acordo com Anne Posthuma, da Organização Internacional do Trabalho, há um ciclo vicioso entre pobreza, desigualdade e baixa qualificação que impede os jovens de aproveitarem as oportunidades do bom momento vivido pelo mercado de trabalho. É preciso um marco de políticas públicas que atenda a necessidade da juventude, e pense tanto na oferta de qualificação como na criação de uma demanda em áreas com trabalho digno.
Para saber mais, acesse o link no site do IPEA.
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