sexta-feira, 22 de março de 2013

04/12/2012 23h07 - Atualizado em 05/12/2012 21h59 Rebanhos morrem de fome e sede na pior seca dos últimos 30 anos no MA


JMTV2 exibe a primeira reportagem da série "Seca".
Vaqueiros contam as mortes em longas jornadas pelo sertão maranhense.

Do G1 MA com informações da TV Mirante
O Maranhão enfrenta uma das piores secas dos últimos 30 anos. Os habitantes e produtores rurais das regiões Norte e Leste do Estado vivem um verdadeiro drama no esforço de salvar o rebanho que agoniza sem água e comida. Os vaqueiros vasculham a caatinga esturricada para salvar os animais que estão morrendo de fome e  sede.
Nas longas jornadas, seguem contando as mortes pelos caminhos da seca no sertão. "Morreram duas. Nós estamos lutando com três no cercado. A seca é muito grande e a gente caçando um meio de arrumar o que eles comerem e não encontra", lamentou o vaqueiro Raimundo Nonato Ribeiro Silva.
Já não chove há tanto tempo no Leste do Maranhão que os rios acabaram se tornando uma armadilha para os animais. O gado vai beber água e acaba ficando preso no lamaçal. "Essa aqui não tem mais jeito. Tá com os olhos inchados. A tendência é morrer", diagnosticou o vaqueiro Francisco Dário Pereira Pinto após examinar uma vaca deitada. Os vaqueiros usam métodos primitivos para aliviar o sofrimento da criação e buscam as poucas sombras que restaram na vegetação seca. Muitas vezes, é preciso usar a "esperteza cabocla" para achar o rebanho perdido na caatinga.
O rebanho cambaleia de fraqueza em 64 municípios maranhenses que já decretaram situação de emergência. Em uma fazenda em Magalhães de Almeida no Leste do Maranhão, foi improvisado uma espécie de enfermaria veterinária só para cuidar dos casos mais graves. Os animais ficam em redes e são alimentados na mamadeira. "Já levantei uma vaca, uma bezerra e tô com fé de levantar essa [bezerra] aqui também", comemorou o criador Raimundo Oliveira.
O vaqueiro Bernardo Raul passa os dias alimentando os animais com uma ração à base de cana e tentando levantar os bezerros que sofrem mais. "Essa não levanta mais, não tem mais jeito", diz o vaqueiro, em tom de despedida.

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