quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Corpo de cadeirante morto na São Silvestre chega no Pará


Com a presença de amigos e familiares, o corpo do cadeirante Israel Cruz Jackson de Barros, 41, morto em acidente na corrida de São Silvestre na última segunda-feira, foi velado na tarde desta quarta-feira na casa onde morava, na periferia de Ananindeua (região metropolitana de Belém). O enterro será na manhã de quinta-feira.
O corpo foi recebido por cerca de 50 pessoas em uma sala enfeitada com troféus e medalhas de Israel. Uma televisão exibia um vídeo com fotos dele.
Amigos reclamavam da mudança no percurso da São Silvestre, associando-a ao acidente. "Isso tem que ser reavaliado. O acidente poderia ser evitado", afirmou Valdir Moura, presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Pará.

Corrida de São Silvestre

 Ver em tamanho maior »
Rafael Valente/Folhapress
AnteriorPróxima
O que restou da cadeira de Israel de Barro depois do acidente fatal na 91ª delegacia de polícia
Para Waldir Negrão, 63, que treinava com Israel, "ele pode ter se excedido na velocidade", mas afirma que Israel nunca teve problemas durante os treinos.
Um dos seus patrocinadores, o empresário Leonardo Daher, diz considerar improvável o acidente ter sido provocado por problema na cadeira de Israel. "A cadeira foi desenvolvida no Japão sob medida para ele."
Segundo ele, a família ainda está abalada e somente depois avaliará se pretende ingressar com alguma ação na Justiça contra a organização da corrida.
Israel deixa uma filha, um enteado e a mulher. Emocionados e aos prantos, nenhum deles quis dar entrevista. Amigos afirmam que ele sustentava a família com os patrocínios.
ACIDENTE
Barros saiu às 6h50 com outros sete cadeirantes na largada especial para portadores de deficiência. Às 7h, segundo o boletim de ocorrência da polícia, ele se chocou contra o muro do estádio ao descer a rua Itajobi, continuação da rua Major Natanael.
Às 7h35, deu entrada na Santa Casa; morreu às 8h50, dez minutos antes da largada principal. O diretor técnico definiu o caso como uma "fatalidade inexplicável".
INVESTIGAÇÃO
A morte de Barros, 41, durante a corrida de São Silvestre, será investigada como homicídio culposo (sem intenção de matar) pela polícia. A intenção é apurar para saber se houve e de quem seria a responsabilidade pelo acidente, segundo o delegado Rodrigo Celso Alasmar.
Editoria de Arte/Folhapress
Ainda conforme o delegado, a perícia é quem vai determinar se houve, por exemplo, falha na escolha do trajeto ou mesmo na cadeira usada por Barros. Mas há ainda outras possibilidades levantadas pela polícia.
A cadeira usada por Barros já passou por perícia e está no 91º DP (Ceasa). Segundo o delegado, ela já pode ser retirada pela organização ou pela família de Israel. Alasmar afirmou também que um policial militar é testemunha no caso.
O resultado da perícia deve sair entre 30 e 40 dias.
OUTRO LADO
A organização da São Silvestre comunicou, em nota, que aguardará o resultado do laudo do IML e da perícia técnica para comentar o caso.
Leia abaixo a íntegra:
"O Comitê Organizador da 88ª Corrida Internacional de São Silvestre 2012 esclarece que o corpo do atleta Israel Barros, falecido na última segunda-feira, após acidente na prova, seguiu na manhã desta quarta-feira, dia 2 de Janeiro, às 11h05, para a cidade de Belém (PA), pelo vôo 1872 da Gol.
A Organização deu todo o suporte necessário para os trâmites legais e liberação do corpo, custeando inclusive o traslado. Todos os procedimentos foram acompanhados por um representante do Comitê Organizador e da ADD, mantendo contato direto com o patrocinador do atleta e representante da família em Belém. Os custos totais, inclusive em Belém, também serão pagos pelo Comitê Organizador da prova.
Agora, o próximo passo é aguardar a conclusão do laudo do IML e da perícia técnica para novo posicionamento sobre a fatalidade.
Para a próxima edição, como tradicionalmente acontece, o Comitê Organizador se reunirá na segunda quinzena de fevereiro para uma avaliação técnica e preparação dos critérios de participação e organização geral, tratando das necessidades e eventuais ajustes necessários."
Gabo Morales/Folhapress
Vista da rua Major Natanael, onde cadeirante morreu durante a prova da São Silvestre 2012
Vista da rua Major Natanael, onde cadeirante morreu durante a prova da São Silvestre 2012
PONTO CRÍTICO
O acidente que matou o cadeirante ocorreu em um ponto da prova considerado crítico pelos cadeirantes.
No ano passado, pela primeira vez os corredores deixaram de descer rumo ao centro pela rua da Consolação para fazerem o percurso pela rua Major Natanael, que leva ao estádio do Pacaembu.
Os cadeirantes temiam a descida, mais curta e inclinada que a do percurso anterior. Se preocupavam também com os olhos-de-gato na pista, que podiam levar o cadeirante a levar um tombo.
Durante a prova de 2011, Fernando Aranha, então pentacampeão da categoria, teve dois pneus de sua cadeira estourados exatamente na rua Major Natanael. O vencedor, naquela ocasião, foi Jaciel Paulino, que também venceu a prova de 2012.
Paulino, 39, faturou o tetracampeonato para cadeirantes com o tempo de 46min01s.
Jaciel elogiou o percurso deste ano, que voltou a ter a chegada na avenida Paulista, e o horário da prova --a largada para cadeirantes foi às 6h50.

Nenhum comentário:

Postar um comentário