sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A escassez de de ensino de boa qualidade é um dos fatores mais importantes que impedem o Brasil de crescer a taxas altas por um longo período



Para qualquer país crescer de forma sustentada e com poucos problemas é necessário que existam ofertas substanciais de três fatores: capital humano, capital físico e infraestrutura. Infelizmente, o Brasil carece de todos esses fatores. As dificuldades que temos em todas essas áreas são imensas e é preciso muita força de vontade política, determinação dos dirigentes políticos e empresariais do País para mudar em definitivo a atual situação. Se o país cresceu muito em um determinado período, faltará mão de obra com qualificação para atender a demanda das empresas. Também faltarão estradas, portos, aeroportos para escoar a produção e o trânsito de pessoas. Sem falar em energia que pode até ser um gargalo mesmo a economia não crescendo tanto. 
No caso da formação dos nossos profissionais, a situação é bastante grave e de solução difícil. A última avaliação da ONU, o Pisa, classificou o Brasil em 53º entre 65 países avaliados. Enquanto os russos fizeram 459 pontos em leitura, a nota do Brasil foi 412. Mas, a Rússia ficou somente em 43ª na classificação. Os líderes são os chineses de Xangai. Eles fizeram 556 pontos no exame da ONU. Dadas as condições atuais do Brasil, essa distância não pode ser reduzida no curto prazo. Os resultados de políticas adotadas hoje levarão pelo menos uma década para serem percebidos. O maior desafio é o aprendizado. 
Melhorar a educação requer investimentos pesados em treinamentos dos professores e melhores condições na carreira profissional para quem se propõe a ensinar. Para isso, deve-se resolver algumas questões que ainda perduram me nosso país quanto aos professores. O primeiro deles é valorizar os professores de modo que a carreira se torne atrativa, tanto do ponto de vista financeiro quanto do reconhecimento da sociedade. O salário anual de um professor do ensino fundamental nos Estados Unidos é próximo dos US$ 55 mil. Esse valor é 20% superior à renda per capita americana e corresponde a 64% do salário de um engenheiro. No Brasil, a lei atual prevê que um professor receba no mínimo R$ 1.451 ao mês, algo em torno de US$ 9 mil ao ano. Esse valor é 20% inferior à renda per capita brasileira e corresponde a apenas 35% do salário médio de um engenheiro no Brasil. 
É importante verificar o que deu certo em outros países e tentar aplicar aqui, evidentemente considerando as nossas peculiaridades e diferenças. Além de melhorar as remunerações dos professores é necessário que se faça outras alterações como mudar a grade curricular, aumentar o tempo de permanência na escolar, elevar a nota mínima de aprovação, etc. Isso, certamente, mudaria no quadro atual do ensino no Brasil. Outra coisa que deve ser feito de imediato é avaliar os alunos de forma contínua em duas áreas fundamentais: língua portuguesa e matemática. Se os alunos foram mal ao calcular proporções de triângulos, então que seja repensado o modo de ensino dessa matéria. Isso significa usar a avaliação não só para classificar escolas, mas também para melhorar o ensino. 
Antes de nos propormos a crescer e nos igualarmos aos países mais ricos do mundo é preciso que todas condições estejam dadas. Caso contrário, apenas criamos expectativas e no final das contas geramos frustrações e até mesmo complexo de inferioridade em razão dos outros terem chegado lá e nós, não. Não podemos ser apenas o país do futuro, temos potencial e capacidade de lograrmos chegar muito mais longe do que chegamos até agora. Os nossos dirigentes não podem deixar criar gargalos que deixam o País refém. A sociedade brasileira deseja ser uma nação independente, respeitada em todo e qualquer lugar do mundo. Para isso, é preciso que os donos do poder façam a parte que lhes cabe.

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