É duro ter de admitir que um jogador jovem como Neymar --já tinha acontecido com Lucas no final do ano passado-- só conseguirá mostrar que é um grande jogador se atuar na Europa. Atualmente, com o baixo nível técnico do futebol que é jogado no Brasil, não é possível dizer se qualquer profissional pode realmente ser chamado de grande jogador.
Infelizmente, os elencos do futebol brasileiro hoje são formados por alguns novatos com algum talento, veteranos que não aguentam o ritmo do futebol no exterior e enxergam aqui a chance de ganhar um bom dinheiro no final de carreira e ter o destaque técnico que não teriam se jogassem em qualquer liga mediana da Europa, e um punhado de profissionais de segunda classe, que só servem de coadjuvantes para novatos e veteranos.
Pare e pense. Qual seria o grande jogador que seu time poderia contratar de um rival agora e resolveria alguns problemas do clube? São muitos raros. Não temos, hoje, em times brasileiros um jogador de primeira linha no auge da carreira, que é entre os 25 e 30 anos.
Qualquer torcedor, inclusive das equipes que estão ganhando muitos títulos nos últimos anos, vai perceber que a qualidade das equipes cai temporada após temporada. Vemos em times da Série A jogadores extremamente limitados, e em quase todas as equipes não encontramos um elenco em que se consiga ter dois jogadores razoáveis para cada posição.
Não sei se todos estão percebendo quanto os chamados times grandes do país estão cada vez mais assumindo o papel que era dos clubes chamados pequenos há 20 ou 30 anos. Não faz tanto tempo assim, a sequência de qualquer jogador era a seguinte: ele surgia num clube do interior, jogava num time grande e, depois, era chamado para um centro maior ou para o exterior.
Agora, qualquer time que nós gostamos de chamar de "grandes" não é mais o objetivo dos atletas e de quem cuida de suas carreiras. O clube tradicional é apenas uma vitrine para valorizar o jogador, nada mais do que isso.
Falando em valorização, é bom lembrar que os brasileiros cada vez mais perdem espaço nas principais equipes. Tirando os casos já citados de Neymar e Lucas, nossos jogadores custam bem menos que atletas de outros países e vão para ligas medianas da Europa.
Temos de parar urgentemente com a ilusão que foi criada nos últimos anos de que, com a multiplicação de receitas dos clubes, nosso futebol está ficando muito mais forte. Infelizmente, o crescimento financeiro das agremiações ainda não é proporcional ao crescimento técnico das equipes.
Sei que pode parecer loucura alguém escrever isso no momento que temos o atual campeão do Mundo, o Corinthians, e alguns títulos seguidos da Copa Libertadores. Mas não há como ficar satisfeito com o nível de futebol de segunda classe que estamos nos acostumando a ver em nosso país. O Brasil não pode ter como destino um futebol de segunda classe - e muito menos se conformar com essa situação.
Até a próxima!
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