A denominação que começou como uma sigla tem ganhado forma no mundo da política e dos negócios. O acrônimo BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – criado em 2001 pelo economista Jim O’Neill, do banco de investimento Goldman Sachs, conseguiu se firmar como uma alternativa do mundo emergente diante da crise que atinge a Europa e os Estados Unidos. A reunião de cúpula dos BRICS em Durban, na África do Sul, a quinta do bloco, realizada recente, apesar de atrasos e muita desorganização foi muito importante para as economias desses países.
Entre as várias definições realizadas no encontro, dois acordos assinados em Durban são muito importantes. Em um dele cria um banco de investimento e em entro cria um fundo de reservas. Somente com esses dois acordos mostra-se que o bloco está disposto a mostrar disposição de fortalecer o grupo contra eventuais problemas mais sérios na economia dos países ricos. Os cinco principais países emergentes querem estreitar laços e criarem mecanismos de apoio e sustentação mútuos em eventuais crises financeiras que afetem de forma substancial a economia mundial.
Muito embora tenham disparidades em termos de coesão política, nível econômico e cultural, os cinco países formam um grupo muito representativo em termos de poderio econômico. Eles juntos tem a possibilidade real de incomodar o mundo todo, incluindo todas as outras potências mundiais. Somando os cinco países, eles possuem uma população de 2,9 bilhões de pessoas, ou 42% do total da população mundial, e foram responsáveis por 21% do PIB mundial em 2012, com um PIB total de US$ 15 trilhões.
Além disso, o comércio entre os BRICS alcançou US$ 282 bilhões no ano passado, valor que corresponde a dez vezes do que era negociado em 2002. A previsão é que nos próximos dois anos o comércio entre os cinco países deve ser superior a US$ 500 bilhões. Toda essa relevância econômica, no entanto, ainda não tinha sido colocada em prática. Daí a importância da cúpula sul-africana que entra para a história como o momento em que se decidiu criar um banco de desenvolvimento do grupo. O formato do banco ainda está em negociação, mas a intenção é criar um instrumento para apoiar a atuação de empresas dos BRICS em projetos de infraestrutura em outros países. Na verdade, a idéia é criar um banco nos mesmos moldes do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os detalhes serão desse novo banco serão definidos somente na próxima reunião de ministros da Fazenda do grupo de países, que será realizada durante a cúpula do G20, em setembro, em São Petersburgo, na Rússia. A proposta apresentada na cúpula previa a dominância da China, com 41% das reservas. Brasil, Rússia e Índia teriam 18% cada um e a África do Sul 5%. Esses recursos representam mais que uma nova linha de defesa contra crises econômicas, constitui-se, na verdade, também em uma declaração política do grupo e, mais que isso, uma demonstração de força e poder do grupo.
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