Na realidade, esse gesto de bondade do governo com relação às dívidas federais (FGTS, INSS e Imposto de Renda), de cerda de R$ 3 bilhões, não resolve todos os problemas financeiros das agremiações. A dívida total é estimada em mais de R$ 5 bilhões e inclui tributos estaduais e municipais, empréstimos bancários e processos trabalhistas, entre outros.
Essa idéia “brilhante” de pagar as dívidas desse times com o dinheiro do povo brasileiro é do deputado Vicente Cândido (PT/SP), que é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol para a região metropolitana e o ABC. O que mais é estranho é que foi apoiada pelo ministro do Esporte, mesmo com a taxa de crescimento da economia brasileira muito baixa como foras os anos de 2011 e 2012. Somando esse fato, sabe-se que existem muitas falcatruas, corrupção, benefícios próprios para dirigentes, entre muitas outras malandragens que extrapolam o futebol jogado dentro de campo.
Aliás, em 2011, após a “CPI da CBF Nike”, o atual ministro, Aldo Rebelo, e o ex-deputado Silvio Torres escreveram o livro CBF/Nike e entraram de sola na cartolagem: “… são milhões de dólares que rolam em contratos obscuros e desaparecem. Quanto maiores os contratos, mais endividados ficam a CBF, as federações e os clubes, enquanto fortunas privadas formam-se rapidamente, administradas em paraísos fiscais de onde brotam mansões, iates, e se alimenta o poder de cooptação e de corrupção”.
O que se percebe é que no futebol brasileiro, o crime compensa e tem o aval do governo para isso. Isso é posto para público em geral na nomenclatura “reestruturação da dívida”. Pela proposta dos políticos e burocratas, que dizem querer “salvar” o futebol brasileiro, os clubes devedores pagariam apenas 10% do principal em 240 meses. Para quitar os 90% restantes as instituições esportivas ofereceriam contrapartidas de incentivo ao esporte olímpico e projetos sociais.
Fora tudo isso, somente em 2014 e 2015 deverão ocorrer cerca de R$ 2 bilhões de renúncia fiscal para o esporte. A maior parte para o futebol. Enquanto isso, existe uma verdadeira calamidade nos serviços de saúde oferecidos pelo setor público, com pessoas sem atendimento adequado. Não é razoável a sociedade brasileira deixar que os escassos recursos públicos sejam utilizados para manter as riquezas de clubes de futebol que já são muito ricos. Primeiro tem que oferecer educação e saúde decentes para a população.
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