O coordenador-geral da Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, participou na semana passada de um programa do jornal britânicoThe Guardian sobre as modernas formas de escravidão. O programa, em formato de podcast, também reuniu na discussão Beate Andrees, responsável pelo programa de combate ao trabalho forçado da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Romana Cacchioli, da Anti-Slavery International, e Andrew Wallis, chefe-executivo da ONG inglesa de combate ao tráfico de pessoasUnseen.
Por telefone, Leonardo avaliou que a escravidão ainda existe no Brasil devido à tríade “pobreza, impunidade e ganância”. Para ele, a existência de trabalho escravo é sintomática: “É necessário não apenas resgatar trabalhadores, mas também mudar nosso modelo de desenvolvimento, que é a doença”.
“Nosso modelo de desenvolvimento é excludente, concentra a riqueza e cria problemas, por exemplo, para trabalhadores rurais terem suas próprias terras para plantar e produzir. Esse modelo é responsável pela escravidão no Brasil”, disse.
Para Andrew Wallis, do ponto de vista financeiro, existem duas motivações que se relacionam: a demanda por bens baratos e a busca por lucros feita por “pessoas de negócios muito ‘espertas’”. Mas, além da questão financeira, ele acrescentou que existe uma questão moral envolvida em torno da demanda por trabalho escravo.
Beate Andrees explicou que o programa de combate ao trabalho forçado da OIT, que ela coordena, leva esse nome porque “a definição de trabalho forçado ajuda a focar mais na exploração e menos na transação que pode ou não preceder a situação de exploração”. “O uso da expressão ‘trabalho escravo’ pode levar a uma má compreensão das modernas formas de escravidão”, diz.
O programa também levou ao ar o caso de uma chinesa que foi vítima de tráfico de pessoas. Com ameaças à vida de sua avó, ela foi aprisionada em uma fábrica de maconha na Inglaterra e, quando o local foi descoberto e fechado pela polícia, ela foi sentenciada a doze meses de prisão por cultivar a droga, mesmo tendo sido vítima. A história completa pode ser lida no site do jornal (em inglês).
Reportagem exclusiva da repórter Brasil:http://reporterbrasil.org.br/blogdaredacao/?p=1545
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