Do UOL, em São Paulo
Presidente do Grupo Sada, patrocinador master do Cruzeiro, vice-campeão da Superliga Masculina, o empresário Vittorio Medioli perdeu a paciência com alguns pontos relacionados à competição nacional e também com a Globo, emissora que detém os direitos de transmissão do campeonato.
Na última segunda-feira, o Blog Saque, do jornalista Daniel Bortoletto, do jornal Lance, publicou em primeira mão um e-mail enviado por Medioli à diretoria da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), no domingo, pouco após a derrota de sua equipe para o RJX. O UOL Esporte teve acesso ao mesmo conteúdo.
No texto, o empresário detona a emissora carioca. Em uma primeira crítica, ressalta o problema das narrações omitirem o nome dos patrocinadores das equipes e, na maioria das vezes, chamá-los pelo nome das cidades que representam na Superliga, tanto nas transmissões em TV aberta como as de TV fechada.
"Os times, por imposição de CBV/Globo, não possuem nome. Quem decide o nome ridículo do time é a rede que levou os direitos televisivos, sem pagá-los aos clubes. Pelo menos, pagasse para fazer o que quer!, mas é de graça", diz trecho do e-mail.
Outro ponto questionado é o calendário da competição. Atualmente, a Superliga é disputada em aproximadamente cinco meses, com a final em jogo único, em uma sede determinada em conjunto pela Globo e pela Confederação.
"A final da Superliga se disputa em uma manhã de domingo. A grade não permite outra solução. A rede de tevê determinou, ponto final. No exterior, é melhor de 3 ou 5 jogos, aproveitando a importância da decisão para dar retorno aos patrocinadores e satisfação aos torcedores, vender camisas e dar visibilidade a quem investe", reclama.
O UOL Esporte apurou que o e-mail não foi bem recebido pela CBV, mas foi analisado e colocado em discussão em uma reunião com os atletas e dirigentes, na última terça-feira, no Rio de Janeiro. Todos os envolvidos, porém, evitam comentar publicamente a questão, para não criar um debate polêmico e evitar possíveis rusgas.
A reportagem também procurou Vittorio Medioli, que disse não temer retaliações por parte da emissora e até mesmo da entidade máxima do vôlei brasileiro pelas críticas fortes que fez.
"O que os clubes desejam é a sustentabilidade de todos, também da parceria com a tevê. Essa é fundamental. Uma Superliga melhor, melhora também os negócios da tevê. O vôlei precisa de organização e de formulas sustentáveis, que hoje faltam no Brasil e até em muitos outros países. Retaliações? Isso não existe. Falei com Ary Graça e ele entende a necessidade de todos se unirem para um vôlei melhor.
A carta enviada é direcionada a Ary Graça, presidente da Federação Internacional e licenciado da CBV, e também ataca também clubes rivais. Especialmente RJX, equipe do bilionário Eike Batista, e Sesi/SP, por motivos financeiros. Segundo ele, os dois projetos, de R$ 17 milhões e R$ 12 milhões, respectivamente, 'abrigam' 11 jogadores de seleção brasileira.
Medioli vai além, e diz que a verba utilizada pelo Sesi para manter a equipe é conquistada "por contribuição sindical compulsória, por força de lei, inclusive da minhas empresas. Recursos destinados legalmente e estatutariamente ao amparo social e educacional dos trabalhadores e de seus filhos", diz o empresário, referindo-se ao fato de o Sesi ser uma entidade para prestar assistência social aos trabalhadores industriais.
"Lembremos que os clubes representam municípios, possuem torcidas bairristas apaixonadas, e o SESI chega nesses mesmos municípios para competir contra os times do coração dos trabalhadores das empresas, as mesmas empresas que contribuem para seus cofres. A meu ver não tem sentido! Seria como o SESI disputar com time próprio no futebol contra o Palmeiras e cobrar contribuição dos torcedores palmeirenses", disse, à reportagem.
"Depois de 4 temporadas de Sesi, o que sobrou? O RJX, com 50% mais de orçamento (!) do que o próprio SESI. Os atletas da seleção se dividem entre eles. A próxima Superliga já tem finalistas decididos e campeão garantido", escreve o dirigente, no e-mail enviado.
O longo texto critica o calendário da competição e diz que as equipes trabalham durante cinco meses no ano. Nos outros, apenas '12 atletas milionários', dos dois clubes citados, ficarão na ativa - referência à seleção brasileira.
Procurada pelo UOL Esporte na noite de quarta-feira para comentar as declarações do presidente do Cruzeiro, a Globo ainda não se pronunciou sobre o assunto.
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