As manifestações em todo o país, com exceção dos atos isolados de vandalismo, são de emocionar. Após 20 anos do movimento dos caras-pintadas, o povo volta às ruas para demonstrar sua indignação, não pelos 20 centavos, mas por bilhões que há anos foram e ainda são desviados dos cofres públicos ou mal gastos pelos governantes.
Não podemos desistir nem nos deixarmos seduzir por partidos ou políticos oportunistas. Devemos continuar nas ruas com uma única identidade, a de cidadão. Nosso principal instrumento é o voto, e respondê-los nas urnas com o mesmo desprezo que eles nos tratam talvez seja um protesto a se pensar.
O que mais ouvimos é que fomos nós quem os elegemos e, por isso, temos que aceitar o que se tem. Não concordo, mas, se é assim, podemos agir diferente. Já são quase 30 anos de democracia e nos livramos da ditadura militar, mas, na realidade, ficamos reféns de políticos corruptos que priorizam a manutenção do poder. Ato que em nada se diferencia do coronelismo. Aliás, as artimanhas são as mesmas, e a troca de favores por voto ainda é uma realidade no Brasil.
Dessa forma, centenas de políticos se mantêm no poder, enriquecendo em detrimento de um povo que agoniza com sistema de saúde precário, transporte ineficaz e falta de segurança.
Recurso há, mas a forma de fazer política no Brasil é o que há de mais inescrupuloso e, por isso, ainda vemos miséria em todo o país. Aprendemos durante toda a nossa formação estudantil que o voto é a nossa maior arma, mas, diante de total falta de opção, talvez devêssemos nos manter nas ruas e, inclusive, inovando. Imagine uma grande manifestação nas eleições, promovendo o maior índice de abstenção já visto? Fica a dica.
Por Alan Pereira, jornalista e empresário
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