Um líder quilombola envolvido em disputas de terras com fazendeiros na ilha do Marajó (PA) foi morto nesta segunda-feira (19).
Segundo informações do Ministério Público Federal, que acompanha o caso, Teodoro Lalor de Lima, conhecido como "seu Lalor", foi morto com uma facada nas costas, na periferia de Belém. A Polícia Civil do Pará apura o homicídio.
Lalor vivia na cidade de Cachoeira do Arari e lutava pela titulação de terras para quilombolas. Nos últimos anos, fez denúncias à Procuradoria sobre ameaças e violências contra essa população.
O Ministério Público Federal informou que irá enviar à polícia documentos com relatos de ameaças, expulsões e até prisões ilegais contra os quilombolas da comunidade de Gurupá, onde vivia Lalor.
A tensão fundiária na região, com confrontos entre quilombolas e fazendeiros, foi parar na Justiça Federal. A Procuradoria chegou a pedir a retirada do fazendeiro Liberato de Castro da região, suspeito de contratar pistoleiros para expulsar os moradores. O processo tramita na 5ª Vara Federal em Belém.
Há ainda um procedimento aberto na Corregedoria de Polícia Civil do Pará apurando eventual participação de servidores públicos nas ameaças à comunidade de Gurupá. Segundo a Procuradoria, quilombolas chegaram a ser presos ou intimados a comparecer à delegacia para responder a acusações falsas do fazendeiro.
"Em sua luta pela permanência na área, Teodoro Lalor de Lima já foi preso inúmeras vezes, de forma injusta e ilegal, bem como foi obrigado a atender diversas ocorrências policiais, sob as mais variadas acusações, que vão desde a suposta prática de crime ambiental, em razão do trabalho de manejo do açaí até o suposto porte ilegal de armas, em razão da utilização de apetrechos voltados à caça para subsistência. Tudo porque resiste em entregar o lugar onde vive", dizia o procurador da República Felício Pontes na ação.
A reportagem não conseguiu contato com Liberato de Castro nesta terça-feira (20).
Nenhum comentário:
Postar um comentário