O gatilho no salário não faz reposição do poder de compra do trabalhador e prejudica a todos

A inflação que está em 6,59% ao ano, considerando o IPCA dos últimos 12 meses, é preocupante e deve ser feito de tudo para que esse nível seja rebaixado para patamares muito menores. Deve-se repelir qualquer meios, mecanismos e fatores que favoreçam o aumento do nível geral de preços na economia brasileira. Quanto menores forem os aumentos dos preços na nossa economia, menores serão as perdas com a diminuição do poder de compra da nossa moeda que a inflação proporciona. Entre os que mais são afetados com essa perda são os os que não possuem contas em bancos com remuneração e os assalariados.

 Isso não significa que os sindicatos devam defender reposição sistemática de todas as perdas com a inflação que os traballhadores sofreram por períodos curtos de tempo. Essa prática se caracteriza como o gatilho salarial, que se propoe a repor as perdas dos salários a cada período de tempo, como por exemplo: seis meses, três meses, um mês, etc., quando a inflação acumulada ultrapasse a determinado nível. Isso constitui-se como um dos principais fatores que ajudam a elevar o aumento de preços, fazendo com que a inflação fique muito mais difícil de baixar e com sério risco de sair totalmente do controle.

 Numa situação dessas, todos saem perdendo, principalmente os trabalhadores.

Na verdade, o País perderia, e a sociedade toda também,  e colocaria rem risco a vitória que o Plano Real proporcionou ao povo brasileiro por meio de pesadíssimo custo no qual todos nós pagamos, principalmente pelos altíssimos juros da dívida pública, que ainda estamos pagando muito. Os preços não podem sair do controle somente para atender momentaneamente os interesses de alguns sindicalistas.

Devemos fazer com que a sociedade brasileira tenha a inflação como uma das preocupações mais distantes, em razão do baixo nível de variação de preços no País. Não é razoável que voltemos ao passado quando a carestia e o aumento dos preços eram as maiores preocupações dos brasileiros. Trinta anos atrás, a inflação estava no topo da lista das dores de cabeça de todos os brasileiros em qualquer pesquisa de opinião. O que explica essa inversão de valores? As próprias centrais sindicais poderiam dar seu testemunho, pois elas ajudaram a formular uma equação que garante a reposição das perdas inflacionárias e um ganho real de salário. Quem recebe o mínimo atualmente tem garantida a reposição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (maior que o IPCA), combinado com a variação do PIB de dois anos atrás.