quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O respeito no trânsito passa pelas pessoas não agirem como os bandidos

Diariamente subo a Ramiro Barcelos no caminho da Rádio Gaúcha para minha casa. No trecho entre a Protásio Alves e a Independência há três faixas de segurança exatamente como aquelas onde devemos dar prioridade ao pedestre. Daquelas que a fracassada campanha da “mãozinha” preconizava que respeitássemos. Não há sinaleira em nenhuma delas. Quando freio para a travessia de um pedestre vem junto o medo. Seja de uma colisão traseira, seja de uma ultrapassagem na lateral que venha a atropelar quem atravessa a rua.
Seria apenas uma parte a resolver se o problema fosse apenas este. Há também os casos de pedestres que insistem em atravessar fora da faixa de segurança. Na maioria das vezes a poucos metros dela. Muitas vezes, idosos. Não é por nada que as mortes por atropelamento cresceram quase 82% nos sete primeiros meses do ano em Porto Alegre. Junto com esta estatística há outra que aponta o mês de julho como o mais mortífero do trânsito da capital.
Estamos cada vez mais estúpidos e com menos paciência. Mas quando cada um de nós for buscar uma razão para a violência sem freio do trânsito dificilmente um de nós assumirá a sua culpa. A responsabilidade será sempre da EPTC que só quer arrecadar, do pavimento irregular de muitas ruas ou avenidas ou então do motorista do outro veículo que é imprudente. São as nossas desculpas corriqueiras. Num rápido exame de consciência você pode dizer que respeita as regras de trânsito? Para na faixa quando alguém quer atravessar?
Nossa cultura é tão absurda que há poucos dias recebi no Twitter uma mensagem dizendo que “só faltava eu querer dizer que andava a 80 km/h”. O Joãozinho-Passo-Certo não é bem-vindo na nossa sociedade. Quem respeita a lei é “trouxa”. Quem segue a regra de trânsito é “mala”. Minha esperança de um trânsito melhor não está na nossa geração. Está em quem hoje ocupa os bancos escolares (mesmo com o estado dramático da nossa Educação).
A verdade é que estamos cada vez mais burros. Talvez sempre tenhamos sido. Construímos uma cidade que privilegia o transporte individual em detrimento do público. Não temos metrô, desistimos dos bondes e transformamos o nosso aeromóvel em uma linha minúscula décadas depois de ter sido criado por um gaúcho.
Montamos um sistema viário de ruas apertadas e excessos de sinaleiras. A combinação de cada vez mais carros nas ruas em meio a um estoque assustador de semáforos é um convite ao trânsito lento e ao stress. E este certamente contribui para que o motorista seja mais estúpido pela sua impaciência. Por mais que esta premissa seja verdadeira há outra maior que não pode ser esquecida. O homem vem sempre antes da máquina. Nas ruas também.
Por André Machado, jornalista

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