sábado, 4 de maio de 2013

Justiça do PA nega pedido de reintegração de posse em Belo Monte


Norte Energia ingressou com liminar na Justiça Federal na última sexta, 3.
Indígenas de oito etnias ocupam canteiro de obras há três dias.

Do G1 PA

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Indígenas de oito etnias reivindicam a suspensão das obras de construção da usina de Belo Monte, no sudoeste do Pará. (Foto: Reprodução/TV Liberal)Indígenas de oito etnias reivindicam a suspensão das obras de construção da usina de Belo Monte, no sudoeste do Pará. (Foto: Reprodução/TV Liberal)
A Justiça de Altamira negou o pedido de liminar da Norte Energia que visava a reintegração de posse da área onde se concentra o canteiro de obras Sítio Belo Monte, localizado em Altamira, no sudoeste do estado. Indígenas das etnias munduruku, araras, juruna, kaiapó, xipaya, kuruaya, assurini e parakanã ocupam desde a última quinta-feira (2) as áreas do escritório central do consórcio construtor da usina de Belo Monte.
A Norte Energia ingressou com a liminar na Justiça Federal na última sexta-feira (3) alegando que os mais de quatro mil funcionários alojados corriam risco de sofrer privação de luz e comida, o que poderia contribuir para uma iminência de conflito com os indígenas.

"A questão indígena e os impactos sociais da construção da hidrelétrica geram a necessidade de cautela na utilização de decisões unilateriais e da força para cumpri-las. A única saída, realmente, é a desocupação negociada da área", enfatiza o magistrado.
Na decisão,  o juiz federal Sérgio Wolney de Oliveira Batista Guedes argumentou que a medida de desobstrução da área necessitaria de uso da força policial, o que poderia representar risco de morte para os índios, mulheres e crianças que também estão  no local.
O juiz federal determinou ainda que a Fundação Nacional do Índio (Funai) informe em relatório se os indígenas estão impedindo a saída e entrada de pessoas, além de insumos, no canteiro de obras Sítio Belo Monte. E que a autarquia intervenha para que seja feita a desobstrução pacífica da área, com a presença de um procurador federal e especialistas indígenas.
De acordo com a decisão, a Polícia Federal também será chamada para apurar a possível participação de não-índios na ocupação e dos envolvidos no impedimento da entrada e saída dos trabalhadores no canteiro de obras.
Por telefone, a assessoria do consórcio construtor informou ao G1 que os sítios Pimental, bem como Canais e Diques seguem com funcionamento normal, e a expectativa é que os trabalhos no sítio Belo Monte sejam retomados a partir da próxima segunda-feira (6).
Reivindicação
Cerca de 150 indígenas de oito etnias do Xingu e Tapajós decidiram ocupar o canteiro de obras para pressionar uma negociação com o governo federal. A ocupação começou pela portaria principal e pelo escritório central, e prosseguiu com a tomada dos alojamentos e refeitórios. Eles afirmam que tiveram os direitos violados.
"Queremos que a obra fique parada. Viemos aqui, conversamos com os funcionários para que eles abandonassem a obra", contou o líder indígena Kandiru ari munduruku.
"O governo está desrespeitando nossos direitos, a constituição federal. Nós não viemos aqui para brigar, para machucar ninguém", garantiu um outro indígena.
Acompanhado por homens da Força Nacional, o representante da Secretaria Nacional de Presidência da República, Avelino Ganzer, esteve no local do protesto na última sexta-feira (3) para dialogar com as lideranças indígenas. Ele pediu a pauta com os pontos de negociação e estabeleceu algumas condições para que o acordo seja firmado com o governo.

Os caciques disseram que irão apresentar a pauta apenas para pessoas com poder de decisão. Os indígenas exigem conversar diretamente com o ministro da Casa Civil, Gilberto Carvalho.
A Norte Energia informou que as reivindicações dos índios estão fora do âmbito de competência da empresa.

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