Com os juros nominais muito baixos e expectativas, confirmadas ou não, de renda bastante significativa muitas pessoas passaram a consumir além das suas condições de pagamentos, pelo menos pontualmente. A vontade de consumir está aí, as lojas e entidades financeiras estão dispostas a conceder crédito e existem muitos produtos e serviços disponíveis para o consumo. O resultado é o aumento dos valores das dívidas, tendo como uma conseqüência quase que natural o aumento da inadimplência na economia. 
De acordo com a Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio-SP), quase a metade das famílias paulistanas começou o ano mais endividada, tanto em relação a dezembro quanto a janeiro do ano passado. Houve um aumento de 2,6 pontos porcentuais no mês, atingindo 48,8% o porcentual de endividados. Isso pode se configurar como um fator limitador ao aumento do PIB, tendo em vista que as pessoas com mais dívidas e, mais que isso, com dívida em atraso, podem passar a consumir menos e as empresas passem a produzir menos ou pelo menos em quantidade menor do que se houvesse maior apetite da população para o consumo. 
O aumento do endividamento pode até não resultar em mais aumento na inadimplência, entretanto é necessário que esse aumento no endividamento venha também com o aumento do emprego e da renda e com a inflação sob controle. Isso tem que ser garantido, o nível de desemprego não deve aumentar e a inflação não pode fugir da meta estabelecida pelo governo. 
A inadimplência das pessoas físicas alcançou um nível elevado em dezembro (7,9%, segundo as informações do Banco Central). Já a inadimplência das empresas, segundo a Serasa Experian, diminuiu em dezembro, mas aumentou 10,4% entre 2011 e 2012, em decorrência dos atrasos nos pagamentos pelos consumidores, o que afeta as contas a receber das empresas. 
Segundo a Fecomércio-SP, houve um aumento em quase 100 mil o número de famílias endividadas (que passou de 1,659 milhão em dezembro do ano passado para 1,751 milhão, em janeiro último). O endividamento é maior nas famílias com renda mensal de até dez salários mínimos (52,8%). 
As pessoas mais significativamente o cartão de crédito para se endividar. São 68,2% do endividados que usam esse meio para realizar os seus desejos ou necessidades por meio do crédito. O que é extremamente negativo é o fato que o seu custo mensal em dezembro de 2012, por exemplo, foi de 192% ao ano. Um custo muito alto para qualquer padrão que se queira comparar. É bem menor o porcentual de endividados em linhas mais baratas, como carnês, financiamento de veículos, cheque especial, financiamento da casa própria e outras modalidades. Os financiamentos habitacionais têm pesado mais no endividamento, mas eles substituem compromissos com aluguéis nos orçamentos domésticos. 
É preciso muito cuidado para não cair em custos desnecessários e ter que pagar muito caro por algo que não precisa. Ter pagar juros em patamares altíssimos como os verificados acima é um contra-senso que vai contra qualquer tipo de racionalidade, principalmente quando isso não ocorre uma função de alguma emergência em que as alternativas muito mais baratas sejam escassas.
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