quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Para o Corinthians, já acabou a Libertadores 2013


O Brasil liderou o ranking mundial de mortes (comprovadamente) ligadas a futebol em 2012. E começamos bem 2013. Neste momento, há um torcedor do Náutico hospitalizado em estado grave no Recife, foi baleado por um “torcedor” do Sport no último sábado, dia em que as equipes sequer se enfrentaram! Ontem, 12 torcedores do Corinthians passaram a noite detidos em Oruro, acusados de matar um moleque boliviano de 14 anos, que foi ao estádio ontem e não voltou para casa porque foi atingido em cheio por um rojão.
Não tenho a menor expectativa que o governo brasileiro, como fez a Inglaterra nos anos 1980, abrace essa questão e trate do assunto com a gravidade que ele merece, e não apenas com medidas paliativas e midiáticas dos ministérios públicos estaduais, como acontece há 20 anos por aqui, fechando e abrindo torcida organizada, como se isso resolvesse alguma coisa.
Ontem, aconteceu uma mancha irreparável na história do Corinthians, na história do futebol brasileiro. Porque se é verdade que o Corinthians é uma torcida que tem um clube, que alguns de seus episódios mais bonitos estão diretamente ligados a ela, como a invasão do Maracanã, a invasão de Tóquio, a premissa também tem de ser verdadeira para falar de uma das páginas mais tristes e hediondas da vida alvinegra.
Se for comprovado que o rojão partiu mesmo da torcida corintiana, como neste momento apontam as evidências, o mínimo, mas o mínimo mesmo, que deveria acontecer é o Corinthians ser sumariamente eliminado da Libertadores, como aliás prevê o código disciplinar da Conmebol (desde que o clube boliviano decida denunciar o brasileiro). Talvez assim estes trogloditas sintam a gravidade do que fizeram, porque uma vida parece valer pouco para esse tipo de gente. Talvez assim outros trogloditas fiquem inibidos de fazer isso no próximo jogo. O que não dá para permitir é que o Corinthians siga jogando a competição depois do que aconteceu ontem. Era para ser uma festa a estreia do atual do campeão. Como encarar com naturalidade, agora, que torcedores do Corinthians (por mais que 98% deles sejam de paz) sigam viajando pelo continente, sigam entrando em estádios, como se nada tivesse acontecido?
O clube brasileiro diz que vai fazer o que estiver ao alcance para ajudar a família do rapaz. Não jogar mais esta competição em 2013, de luto, ainda que seja uma medida imposta pela Conmebol, já é bom começo.

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