Por Carlos Henrique
Quer montar um pequeno comércio ou uma pequena prestadora de serviços? Uma pequena fábrica no fundo da casa? Então assista ou compre a publicação de nome PEGN – Pequenas Empresas & Grandes Negócios, apenas para imaginar onde poderá chegar, um dia.
No Brasil, desde os anos 90, grandes empresas precisaram terceirizar partes não essenciais do negócio e com isso acabaram favorecendo ao surgimento de pequenas empresas, principalmente nos ramos de segurança e limpeza. Além disso, muitos brasileiros se viram desempregados e por não conseguirem outro trabalho, nos mesmos padrões do anterior, decidiram arriscar, montando microempresas.
O que desejo deixar claro é que quando compramos a revista ou assistimos ao programa, queremos encontrar ideias de como começar uma empresa pequena, com pouco ou nenhum capital, num espaço mínimo, sem funcionários e aos poucos ir crescendo, não é mesmo? Isto é bem diferente de montar uma pequena empresa.
Um microempreendedor individual é aquele que tem como faturamento bruto anual até R$ 60 mil, ou seja, R$5 mil /mês ou ainda, R$ 166,67/dia. Já o microempresário é o que possui um faturamento de até R$ 240,000 mil por ano, R$ 20,000 mil por mês ou R$ 666,67 por dia. Certamente é isso o que procuramos e entendemos ser uma pequena empresa e por este motivo recorremos a este programa ou sua revista.
Na realidade, na PEGN, encontramos um universo bem maior, difícil de alcançar e isso se deve ao fato de uma pequena empresa ser uma atividade onde o faturamento anual gira entre R$ 240 mil até R$ 2milhões e R$ 400 mil. Numa média mensal de R$ 180 mil ou ainda, R$ 6 mil por dia. Para tal, o investimento inicial fica bem longe da realidade da grande parte do povo brasileiro.
Recorrendo à publicação da PEGN de janeiro deste ano, para ilustrar melhor o que digo, onde seu título era “100 Ideias para montar o seu negócio” em letras bem chamativas e que na verdade eram apenas 50 oportunidades a partir de R$ 30 mil e mais 50 dicas e conselhos para não falir (valem para empresas de qualquer tamanho), na base da capa, em letras menores, classifiquei estas 50 ideias da seguinte forma:
Investimento Inicial até R$50 mil, apenas quatro ideias.
De R$ 50 a R$ 100 mil, seis.
De R$ 100 a R$ 300 mil, dezesseis.
De R$ 300 até R$ 500 mil, quatro e de valores superiores a R$ 500 mil, vinte.
Uma delas, acessórios para cães, o valor era de R$ 3.053.000,00.
Ao tirar a média destas cinquenta ideias de empresas, encontrei o valor de R$ 627.550,00 para iniciar uma pequena empresa. Este capital é o que possui “nos bolsos” um brasileiro que está desempregado e que tenta recomeçar a vida empreendendo? Acredito que não. Por este fato, acredito que, este programa ou publicação, na realidade é assistida e lida por muitos, mas só tem função verdadeira para poucos.
É preciso deixar claro que a PEGN, não está cometendo nenhum erro ou crime. O nosso entendimento sobre o que é uma pequena empresa é que está errado.
Na verdade, o que povo brasileiro precisa (e não encontra) é de programas ou publicações para Microempreendedores individuais & Grandes Negócios ou ainda, Microempresários & Grandes Negócios (fica aqui, minha sugestão). A PEGN, não é o que a maioria do povo brasileiro busca ou necessita para recomeçar a vida, ela é para poucos que possuem um capital elevado e que procuram onde investir. Para ser um pequeno empresário leva tempo e requer investimentos. Pode levar uns bons dez anos de trabalho. Como disse no início, serve apenas para ilustrar onde podemos chegar, um dia.
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