terça-feira, 4 de dezembro de 2012

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O JEITO MUSTAFÁ DE GERENCIAR O FUTEBOL DO PALMEIRAS
No ano de 1978 a Sociedade Esportiva Palmeiras, já com seis títulos de nível nacional conquistados, chegava pela oitava vez a uma final de campeonato. Disputaria a final do Brasileiro contra o Guarani de Campinas em dois jogos, sendo que o primeiro ocorreria no estádio do Morumbi, em São Paulo, e o segundo, no estádio Brinco de Ouro em Campinas.  Às vésperas do primeiro jogo da final, o então diretor de futebol Mustafá Contursi manifestou-se publicamente sobre o pagamento do prêmio aos jogadores em caso de conquista do sétimo título nacional. Essa manifestação foi publicada no jornal FOLHA DE SÃO PAULO, sendo que não há disponibilidade desse arquivo em mídia eletrônica:
ANTES, A TENSÃO POR CAUSA DO BOM PRÊMIO

Na concentração do Palmeiras (Lord Hotel), ontem à tarde, algumas horas antes do jogo, o ambiente entre os jogadores ainda era bastante tenso, a exemplo do dia anterior, quando todos se revoltaram ao saber que os diretores Mustafá Contursi e Humberto Gregnanin não queriam fixar o prêmio do título.

Os jogadores revelaram a sua proposta à diretoria do clube: 25 mil cruzeiros em caso de vitória na primeira partida, mais 25 mil na segunda e, na hipótese da conquista do título, outros 50 mil cruzeiros. Total: 100 mil cruzeiros.

Quando apareceu no Lord Hotel, na Rua das Palmeiras, Mustafá Contursi desmentiu a informação dos jogadores:

“A proposta à diretoria é a seguinte: 50 mil cruzeiros de bicho pela conquista do título. Pelas duas partidas com o Guarani, ainda não nos decidimos. Vamos pagar mais do que 50 mil e isto dependerá do número de jogos que cada jogador fez”.

Ar autoritário, entremeado com sorriso irônico, o gordo Mustafá chegou a fazer uma ameaça, como se estivesse seguro de que o Palmeiras nada deve a seus jogadores:

“Se não quiserem entrar em campo, que não entrem, ora bolas!”

Mustafá dizia que o Palmeiras pagava os salários em dia, dava os melhores prêmios do futebol brasileiro e tratava a todos os jogadores com dignidade e respeito:

“Por isso, não podemos admitir uma palhaçada. Eu entendo que é uma exploração o que certos jogadores estão querendo fazer”.

O centro-avante Toninho, que liderou o movimento reivindicatório dos prêmios, assegurava que o pedido é de 100 mil cruzeiros:

“Mas, até agora, a diretoria não se pronunciou. Isto não nos dá condições de entrar com tranqüilidade em campo. Parece que a diretoria não tem confiança em nós.”

Andando de um lado para o outro, o técnico Jorge Vieira aparentava tranqüilidade. E estava um pouco aliviado com a decisão de Jair Gonçalves, que aceitou jogar mesmo sem contrato e sem seguro:

“Ele mudou de opinião, apenas isso”.

Para o diretor Mustafá Contursi, não há necessidade de seguro para Jair Gonçalves, que entraria em campo sem contrato e, por azar, poderia sair contundido:

“O maior seguro que o clube dá ao jogador é o zêlo, o bom atendimento, a garantia até nas horas mais difíceis. Cito dois casos: o Fedato se machucou no Náutico e até hoje está se recuperando no Palmeiras. Aconteceu a mesma coisa com o Pavan, que voltou estourado do América. Isto, ninguém fala, ninguém se lembra. O Palmeiras tem um enorme zêlo pelos seus jogadores e, como resposta, recebe uma exploração.
NOSSO COMENTÁRIO
Entende-se que o então diretor Mustafá, de uma certa forma, prejudicou a campanha do Palmeiras nos jogos finais contra o Guarani. Em uma disputa de futebol, há vários fatores que podem influenciar no rendimento dos atletas, entre eles, não há como descartar a questão motivacional. Dessa forma, entende-se que se não fosse a atitude inoportuna do Sr. Mustafá de posicionar-se sobre a questão da premiação, da forma e no momento que ocorreu, o ambiente e, consequentemente, o ânimo dos jogadores para essa disputa provavelmente teria sido outro, permitindo criar dúvidas se o resultado obtido nesse campeonato não seria diferente, sem as “intervenções” do Sr. Mustafá.
Outro fato intrigante é a forma como essa negociação vazou para a imprensa, sem nenhuma preocupação com o impacto que tal notícia causaria na mídia da época.
No início da década de 90, mais precisamente no ano de 1992, a Sociedade Esportiva Palmeiras firmou uma parceria, no futebol, com a empresa Parmalat, que durou até 1999. Nesse período o presidente do clube era o Sr. Mustafá Contursi, porém, sem participação direta sobre a gestão do futebol no Palmeiras. Porém, sempre que possível, expunha sua forma de tratar as coisas do futebol, como algo a ser tratado em segundo ou terceiro plano. Basta ler a reportagem do JORNAL DA TARDE de 08 de Novembro de 1998:

SUPERTIME DE SCOLARI PODE PARAR EM MUSTAFÁ

Mustapha Contursi, presidente do Palmeiras, precisa conversar mais com Luiz Felipe Scolari. Enquanto o treinador garante que formará um elenco de 27 jogadores de alto nível para 99, Contursi diz que é preciso ter os pés no chão para falar sobre futuros investimentos. As divergências existentes entre o técnico e o dirigente demonstram que está faltando entrosamento na cúpula do Palmeiras.
Mustapha está acabando com os sonhos de Scolari, prometendo muita cautela para a formação do time de 99. Segundo o presidente, o atual elenco tem a qualidade suficiente para disputar as três competições do primeiro semestre: Libertadores da América, Copa do Brasil e Campeonato Paulista. 
“É importante que todos saibam que se um elenco de alto nível, como quer o nosso treinador Luiz Felipe Scolari, significa alto custo, não o teremos”, disse Mustapha. “Nosso patrocinador está sabendo o que fazer e já temos algumas previsões. Mas ninguém deve imaginar que vamos contratar grandes estrelas por altos preços.”
A Parmalat, parceira do Palmeiras, ofereceu US$ 6 milhões para contratar o centroavante Fábio Júnior, do Cruzeiro. Porém, o clube mineiro recusou a oferta. O atacante do Cruzeiro traduz exatamente o que Scolari entende com a formação de um elenco de alto nível – ao lado de nomes como Alex, Rogério, Paulo Nunes e Zinho. O treinador gostaria de ter, no mínimo, mais quatro estrelas do futebol brasileiro. Entre elas, o volante César Sampaio, do Yokohama Flugels, e o meia Jackson, do Sport.
Mustapha e Scolari não conseguem se entender. As divergências existentes entre os dois já provocaram várias situações embaraçosas, principalmente para o treinador, que é, como ele próprio define, apenas mais um empregado do Palmeiras. Scolari já reclamou, por exemplo, do estado do gramado do Parque Antártica, insinuando que o presidente não estava dando a devida atenção ao patrimônio do clube. Mustapha apenas respondeu que o técnico não deveria falar sobre o que não lhe diz respeito.
As infantis discussões entre Scolari e Eurico Miranda, vice-presidente de Futebol do Vasco, também provocaram irritação em Mustapha, famoso pelo seu comportamento discreto e sua peculiar capacidade de se manter afastado de todas as polêmicas que envolvem o clube.
“Ele não deve responder a nenhum dirigente. Não é assunto que o nosso treinador deva ficar alimentando”, criticou o dirigente.
Outro tema que acabou assustando Scolari, deixando-o encabulado, refere-se ao complicado calendário do Palmeiras para os próximos dias. Pelas contas do treinador, por mais que CBF encontre boas soluções, o Palmeiras disputará seis ou sete partidas em um intervalo de 15 dias. O técnico gostaria que o clube lançasse mão da mesma lei aproveitada pela direção do Vasco, por intermédio do sindicato dos atletas do Rio, que proíbe um jogador de realizar duas partidas em menos de 60 horas. Mas o presidente já deixou bem clara sua posição sobre o assunto: “O Palmeiras vai honrar todos seus compromissos. Não podemos fugir ao que nos foi designado. Se aceitamos as tabelas do Brasileiro e da Mercosul, precisamos respeitá-la agora.”
O ano de 99 não promete ser diferente. Scolari manterá seu estilo, reclamando de quase tudo que não lhe agrade. E Mustapha permanecerá atento, vigiando com discreção seu funcionário mais rebelde.
NOSSO COMENTÁRIO
Entende-se que naquela época (1998) já era óbvio o desejo do Sr. Mustafá em aplicar a sua política de futebol, popularmente chamada pelos palmeirenses de política do “bom e barato”. Além disso, de acordo com a matéria exposta, Mustafá Contursi demonstra total desinteresse com a direção de futebol, aceitando passivamente os desmandos da CBF, fazendo vistas grossas inclusive perante as Leis vigentes na época, mesmo sabendo que haveria pejuízo no rendimento do Palmeiras em campo.
Na época, o Palmeiras chegou à sua décima primeira participação nas finais de um campeonato de futebol à nível nacional. Essa final ocorreu contra o Vasco da Gama do Rio de Janeiro, sendo que o time ficou com o vice campeonato, após dois empates em 0x0. Vejam que Eurico Miranda, então presidente do Vasco da Gama, fez prevalecer o regulamento em favor de sua agremiação. Mais uma vez, conclui-se que as atitudes do Sr. Mustafá, ao não levar em consideração o fato do time ter que jogar sete partidas em um intervalo de quinze dias pode ter contribuído para que o Palmeiras entrasse em desvantagem nas finais contra o Vasco da Gama. Se levarmos em consideração que o Vasco da Gama foi campeão por ter alcançado vantagem do desempate por melhor campanha, então, novamente as atitudes do Sr. Mustafá podem ter contribuído, ainda que indiretamente, para a perda de mais um título nacional para a Sociedade Esportiva Palmeiras, pois à medida que esses sete jogos fossem distribuídos em um espaço de tempo necessário para o descanso e treinamento, provavelmente o desempenho do Palmeiras no campeonato poderia ter sido melhor, colocando-o à frente do Vasco da Gama e, consequentemente, dando ao Palmeiras a referida vantagem do desempate.
Para reforçar a idéia de equívocos e desmandos da gestão do Sr. Mustafá Contursi ao longo da sua história à frente da Sociedade Esportiva Palmeiras, trazemos à lembrança mais uma matéria publicada no site PALMEIRAS DA MÍDIA de 20 de Janeiro de 1999:
CONTURSO ASSUME E RESISTE ÀS MUDANÇAS
Manter a união de sucesso com a Parmalat e impedir a transformação do futebol profissional em clube-empresa são dois dos objetivos do presidente do Palmeiras, Mustaphá Contursi, para seu quarto mandato. Segunda-feira, o dirigente tomou posse, logo depois de ter sido eleito em chapa única. A situação do presidente é privilegiada: o clube conta com uma equipe vencedora, forte patrocínio, bons assessores e nenhuma oposição em um clube que já foi famoso pela rivalidade entre facções. Mustaphá Contursi, no entanto, não se considera o único presidente em boa fase. “Existem outros presidentes em situação tranqüila, como o do Cruzeiro, do Vasco e do Sport.”
Para a próxima gestão, até janeiro de 2001, o dirigente quer fazer valer a velha máxima de que “em time que está ganhando não se mexe”. Contursi já definiu que não irá atender ao pedido do técnico Luiz Felipe Scolari de dar mais autonomia ao diretor de futebol, Sebastião Lapola. “O sistema funciona bem há seis anos e será mantido.” Contursi quer inclusive evitar que o futebol profissional do clube precise tornar-se uma empresa, como determina a Lei Pelé. “Não sou totalmente contra a lei, mas não sou a favor de que todos os clubes tenham de adotar o sistema de clube-empresa”, diz o presidente. “Usaremos todos os recursos legais para impedir que o Palmeiras mude seu sistema de gestão.”A única mudança prevista é a conclusão da reforma do Parque Antártica.
NOSSO COMENTÁRIO
Destacamos da matéria publicada o trecho que desmente as falácias do Sr. Mustafá Contursi  pois foi na sua gestão que se criou a empresa PALMEIRAS S/A (ver Capítulo 1) e também pelo fato de não existir qualquer registro sobre a reforma do estádio Palestra Itália.
Sobre as questões específicas da gestão do Sr. Mustafá Contursi em relação ao futebol, entende-se importante recordar que em 9 de novembro de 2001 o Sr. Luiz Fernando Bindi publicou uma crônica no site “Sampa Online” citando as bizarras e pífias contratações feitas pela gestão do Palmeiras durante o ano, culminando com a vinda do “craque” Ricardo Boiadeiro, vindo do Olaria.
PALMEIRAS: UM GRAVE CASO DE INCOMPETÊNCIA
De trágico: Daniel, inútil e amedrontado. Alexandre, péssimo e mascarado. Misso, nada a dizer. Galeano, uma múmia que ficaria melhor em algum museu de horrores. Magrão, péssimo dos péssimos. Lopes, ninguém. Fábio Júnior, zero à esquerda. Tuta, sabe-se lá.
Em colunas passadas, fiz uma crítica à última contratação do Palmeiras, um tal de Ricardo Boiadeiro, que chegou ao Parque Antártica com chapéu de couro e visual country. Achei ridículo, não só pela indumentária bizarra, como pela contratação estapafúrdia de um obscuro centroavante do Olaria.
No domingo, dia 4 de novembro, o mesmo Ricardo Boiadeiro estava no Programa Mesa Redonda, da TV Gazeta. Bizarro por bizarro, o jogador permaneceu o tempo todo de chapéu, uma patética mistura de Indiana Jones e Tom Mix.
Como um clube como o Palmeiras, tradicionalíssimo, campeão de quase todos os torneios que disputou, considerado o Time do Século pela FIFA, aceita uma coisa dessas? Como permitem que esse jogador apareça representando o clube num programa de boa audiência?
Nada contra Ricardo Boiadeiro. Ele pode ser um craque e ter vindo do Olaria não diz nada a respeito de sua capacidade. Afinal, o Mestre Ademir da Guia veio do igualmente minúsculo Bangu. O que não pode se admitir é que ele seja uma personagem, lembrando Zé do Caixão, Pedro de Lara e Falcão. É o Palmeiras que ele representa, não o Vila Xurupita!
Mas a inércia da diretoria do Palmeiras é mais do que histórica.
Senão vejamos: o time foi campeoníssimo quando o futebol ainda era muito amador (na época que “se amarrava cachorro com lingüiça”, seguindo a infeliz frase de Felipão) e a paixão e a habilidade faziam ganhar jogos.
Após estar por quase 16 anos na fila, o Palmeiras, com uma diretoria surpreendentemente inovadora, fechou contrato com a Parmalat, num exemplo que até hoje provoca inveja em todos os clubes brasileiros.
A Parmalat tinha objetivos empresariais específicos: ganhar mercado no Brasil através de uma publicidade no maior esporte do país, o futebol. Em seus quadros, gente séria e competente como Marcos Bagatella e acima de tudo, José Carlos Brunoro, esse um gênio da área.

Lembro que logo depois de ter assumido o futebol do Palmeiras, a multinacional italiana anunciou intenção de contratar Maradona, já em fim de carreira. Foi um factóide, mas veio para gritar: nosso trabalho é sério. E foi.
O Palmeiras ganhou títulos, chegou à Libertadores e foi vice mundial, perdendo para o fraco Manchester United. Perdendo porque Felipão deixou Evair no banco em detrimento de um Asprilla sem ritmo tampouco emoção. Perdendo por uma falha bisonha do goleiro Marcos.
Mas o acordo com a Parmalat acabou, pois a empresa atingiu seus objetivos profissionais (hoje, ganha até da Nestlé) e a diretoria do Palmeiras, capitaneadas por Mustafá Contursi, nem deu bola. Achou que tudo daria certo.
Pois bem: desde que a Parmalat definitivamente se afastou, o Palmeiras não ganhou rigorosamente mais nada. Não digo que a Parmalat fosse a melhor coisa do mundo, mas para o Palmeiras e sua diretoria inepta, sem dúvida era uma das melhores.
Hoje, o Palmeiras faz campanhas medianas (como fazia antes da Parmalat, na época do jejum), tem um elenco pavoroso (somente Marcos, Arce, Pedrinho e Muñoz teriam lugar em qualquer time do mundo), técnicos medíocres (culminando com Celso Roth, incrivelmente péssimo) e poucos títulos. Aliás, nenhum.
E por quê? Meu tio foi diretor de futebol do Palmeiras na época da chamada “2ª Academia” e por vezes, tempos mais tarde, me levou à Sala de Troféus do clube. Numa dessas visitas, conheci Mustafá Contursi. Eu tinha algo em torno de dez anos e mal me lembro do que meu tio falou à minha mãe, que me acompanhava.
Mas lembro que foi dito que Mustafá não gostava de futebol, adorava a parte social do clube e tudo mais. A imprensa esportiva diz o mesmo. O excelente jornalista Mauro Betting chega a afirmar que, se dependesse de Mustafá, o Palmeiras seria como o Juventus: um grande patrimônio social e um time “para disputar”, como se diz.
O Palmeiras não é lugar disso, Mustafá. Deixe de amadorismo e lembre-se que por trás da gloriosa camisa verde-e-branca existe 15 milhões de apaixonados que não querem Taddei, Alexandre, Galeano, Titi, Magrão, Claudecir, Tuta, Lopes, Fábio Júnior, Donizete, Misso, Rovílson, Thiago Mathias, Edmílson e outras mediocridades. Infelizmente, prevejo um futuro sombrio para o Palmeiras. Fora do Brasileiro, como há muito eu previ e longe dos títulos. A Parmalat foi o Pelé do Palmeiras; ela venceu dirigentes amadores mas foi vencida por incompetentes.
NOSSO COMENTÁRIO
Esse texto foi escrito um ano antes da fatídica campanha do Palmeiras no Campeonato Brasileiro de 2002, que culminaria com seu posicionamento final na tábua de classificação entre os quatro piores times do campeonato daquele ano, levando-o a participar do campeonato brasileiro na Série B em 2003. Em resumo, entende-se que o texto do Sr. Luiz Fernando Bindi foi a crônica da morte anunciada. O que o autor pedia em sua crônica era somente o resgate do grande Palmeiras do passado, pois se sentia humilhado ao ver seu clube do coração sendo administrado de forma tão amadora, desorganizada, descompromissada...
No ano seguinte, mais precisamente em 17 de Dezembro de 2002, poucos dias após o já comentado rebaixamento para a série B, o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO publicou notícia sobre a contratação do zagueiro Índio. Vejam o que diz:

PALMEIRAS CONTRATA ZAGUEIRO ÍNDIO
O primeiro indício de que Levir Culpi não ficará no Palmeiras foi dado ontem. O clube contratou o zagueiro Índio junto ao Juventude sem ouvir o técnico. Foi rompida assim a promessa do presidente Mustafá Contursi de que “só acertaria a chegada de novos jogadores depois de ouvir a avaliação do treinador”.
A contratação foi muito fácil, como o presidente do Palmeiras gosta. Índio é dono do passe e seu salário era baixo para um clube grande. De acordo com o jornal O Pioneiro, de Caxias do Sul, recebia R$ 10 mil mensais. Não foi difícil pagar o dobro para tê-lo por um ano. Em segredo, o zagueiro fez ontem exames médicos em São Paulo. E foi aprovado.
Mustafá também entrou em contato com Edmundo. Mas a conversa não evoluiu. Como o salário oferecido foi inferior ao de Zinho e Dodô, o atacante não quis nem discutir e voltou a conversar com empresários representando clubes japoneses.
O presidente do Palmeiras, candidato à reeleição em janeiro, continua atrás de reforços baratos para o clube, especialmente um lateral-esquerdo. Vários empresários buscam um jogador que preferencialmente seja dono do passe. Assim fica mais fácil para Mustafá convencê-lo a ganhar menos.
NOSSO COMENTÁRIO
O último parágrafo, em destaque, diz tudo. A política do bom e barato prevalecendo, em detrimento da perspectiva da montagem de um elenco de atletas que estivessem à altura do nome Palmeiras, contribuindo, dessa forma, a diminuir as possibilidades de conquista de campeonatos. Além disso, o texto mais uma vez deixa em evidência que o futebol na Sociedade Esportiva Palmeiras continuava sendo direcionado pelos ditames da diretoria, pois realizava negociações com atletas sem o aval da comissão técnica da época. Para ratificar o que foi comentado, entende-se ser necessária a leitura da seguinte matéria assinada pelo jornalista Eduardo Arruda, publicada na FOLHA DE SÃO PAULO em 20 de dezembro de 2002, logo após o término do campeonato brasileiro daquele ano:
APÓS QUEDA, PALMEIRAS PÕE O FUTEBOL EM TERCEIRO PLANO
Para Mustafá Contursi, se alguma coisa tiver de quebrar no Palmeiras, que seja o futebol. Por essa, nem os maiores aliados do presidente palmeirense esperavam. Na última reunião de diretoria, o dirigente disse que o futebol será a terceira prioridade do clube no ano que vem.

Em seu discurso para a cúpula palmeirense, Contursi surpreendeu e declarou que as finanças do clube estarão em primeiro lugar no ano que vem. Em seguida, na hierarquia administrativa, virá o patrimônio. E só depois estará o departamento de futebol.
O plano de gestão de Contursi, que ainda não lançou oficialmente sua candidatura à reeleição no pleito de janeiro, deixou a maioria dos dirigentes - vários deles também são conselheiros do clube - de cabelos em pé.
Entre os membros da situação, é quase unanimidade que o futebol deve ditar os rumos do Palmeiras no ano que vem, principalmente após o fiasco deste ano, em que o time acabou rebaixado para a segunda divisão do Brasileiro.
Aliás, conselheiros mais próximos do presidente palmeirense têm feito pressão para que ele tente uma virada de mesa. Na avaliação deles, o Palmeiras não tem de posar de moralizador do futebol.
O mal-estar provocado pelas declarações de Contursi veio à tona com a indignação de um dos participantes da reunião, que levantou a voz para o dirigente.
Diante de olhares desconfiados, o dirigente calou a todos quando disse que quem não estivesse satisfeito que passasse para o lado da oposição, liderada pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo.
Contursi deixou claro que está preocupado com as finanças principalmente porque, na segunda divisão, o clube receberá metade do valor da cota de televisão que receberia se tivesse permanecido na Série A do Nacional. Nos últimos 22 meses, o Palmeiras deixou sair de seus cofres quase R$ 22 milhões. Em reunião em janeiro de 2001, Mustafá Contursi disse aos conselheiros que tinha em caixa R$ 40 milhões. No último encontro, afirmou que o número caiu para R$ 18 milhões.
Ontem, Contursi não foi localizado pela reportagem, que tentou contato por meio de seu celular, para comentar o assunto. Além de tentar dar novo fôlego ao caixa do clube, o dirigente, aproveitando o momento eleitoral, também já começou a revigorar o patrimônio do clube.

Os portões e as paredes da entrada do Parque Antarctica pela avenida Francisco Matarazzo estão sendo pintados. No último sábado, Contursi reuniu os conselheiros para apresentar o novo centro de treinamento do clube, que ainda está em construção, no Parque Ecológico do Tietê, para as categorias de base palmeirenses.
NOSSO COMENTÁRIO
Entende-se importante frisar o decréscimo de valores que a Sociedade Esportiva Palmeiras teve em seus cofres em cerca de R$ 22 milhões em período inferior a dois anos.  De qual forma ocorreu este decréscimo médio de um milhão de reais por mês nos cofres da instituição, se não ocorreram grandes investimentos em contratações e tão pouco ocorreu a reforma alardeada pelo Sr. Mustafá no estádio do Palestra Itália, é que fica como incógnita.

Amanhã, Capítulo 3: "O Caso Rhume

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