quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Morte com linha de pipa levanta debate sobre legislação mais rígida


Para quem usa linhas cortantes, juristas apontam um certo vazio legal. A punição é possível, mas depende de interpretações da lei. Além disso, a identificação dos responsáveis é sempre muito difícil.



Foi enterrado nesta quinta-feira (27) em São Paulo um homem que morreu atingido por uma linha de pipa. Advogados criminalistas defendem uma legislação mais rigorosa para quem fabrica e vende essas linhas cortantes.
Meninos pequenos, mas sabem tudo sobre linhas cortantes.
“Essa linha é uma chilena. Também existe o cerol. A diferença é que a linha chilena é mais forte”, detalha uma criança.
Nas batalhas entre pipas, uma tenta romper a linha da outra. Em um bairro, nessa quarta-feira (26) à noite, uma delas caiu no caminho de Antônio Edinaldo Gomes, de 45 anos.
“A linha estava esticada no meio e quando ele pegou a descida em alta velocidade com a bicicleta, a linha pegou no pescoço dele”, conta o comerciante José Afonso Rafael.
Antônio voltava do trabalho de bicicleta, teve o pescoço cortado e ainda feriu a cabeça ao cair. Foi sepultado nesta quinta-feira à tarde.
“Aqui é direto, só com o cerol, infelizmente. Esse cerol corta mais que uma faca”, diz o motorista Carlos José.
Todo mundo sabe disso, mas a rede elétrica cheia de pipas enroladas mostra como a brincadeira com linhas afiadas é comum pelo local.
Para quem usa, juristas apontam um certo vazio legal. A punição, principalmente quando há consequências graves, é possível, mas depende de interpretações da lei. Além disso, a identificação dos responsáveis é sempre muito difícil.
Como encontrar o dono de uma linha já perdida, solta no ar?
“O direito penal tem que ir antes, naqueles que preparam esses cordões cortantes, quem expõe à venda e quem entrega para essas crianças. Isso é uma barbaridade”, defende o advogado criminalista Roberto Delmanto Jr.
Na semana passada, também em São Paulo, a vítima foi um motociclista. Ele perdeu muito sangue, mas sobreviveu. Durante o atendimento, bem perto do local do acidente, a diversão, que alguns transformam em ameaça, continuava no ar.

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