sábado, 22 de dezembro de 2012

Após desabamento de muro, Defesa Civil e construtora decidem escorar prédio em Sorocaba (SP)


Uma reunião entre representantes da Defesa Civil de Sorocaba, cidade a 98 quilômetros de São Paulo, e da construtora responsável pela obra do Pátio Cianê Shopping definiu a necessidade de um plano de segurança para o local onde houve o desabamento de uma parede. Sete pessoas morreram no incidente. 
Depois que a perícia revelou que a extensão da parede de 10 metros de altura que desabou estava sem nenhum apoio, a empresa foi informada de que tem até o dia 27 de dezembro para realizar o escoramento de todo o entorno do prédio que permanece em pé.

CÂMERA DE SEGURANÇA FLAGRA QUEDA DE MURO EM SOROCABA (SP)

A obra foi interditada, e engenheiros da polícia técnica fizeram uma análise minuciosa do local. Eles mediram e fotografaram a área para a elaboração de um laudo, que será incluído no inquérito policial. A Defesa Civil confirmou o risco de novos desabamentos e isolou o local por tempo indeterminado. Ainda não existe previsão de demolição do restante do muro.
O órgão acredita que a chuva e as rajadas de vento de até 31 km/h no momento da tragédia podem ser as causas do desabamento. 
De acordo com o delegado seccional adjunto, José Antôno Belotti, os representantes do shopping serão chamados para prestar depoimento depois do Natal. Ele disse ainda que a polícia já pediu à empresa e à prefeitura todos os documentos que autorizaram o andamento das obras.
  • Adriana Fratini/Band Sorocaba
    Carro fica destruído após ser atingido por muro que desabou nesta quinta-feira (20)

Enterros

Na manhã deste sábado (22), os corpos das sete vítimas da tragédia foram enterrados. Três deles eram da mesma família: Tiago Alves Siqueira, 5, estava no carro com a mãe Evelin Cristina Siqueira e a tia Nhayara Pâmela Ayrola, quando houve o desabamento.
O médico Adilson Nunes Filho, que morava em Cerquilho(SP), o taxista Humberto Dias Ferreira, o segurança Rayner Alves, que estava na moto atingida pelo desabamento, e Samantha Shendroski, que era de Votorantim (SP), também foram enterrados.
Samantha estava em um carro com o marido, Anderson Assunção Shendroski, que sobreviveu ao acidente. Ele foi transferido para o hospital Unimed, não apresenta ferimentos graves e seu estado de saúde é considerado estável.

O desabamento

A parede, que tem cerca de 10 metros de altura e 40 metros de extensão, desabou sobre quatro carros e uma moto no início da noite desta quinta-feira (20). Ninguém passava pela calçada no momento do desabamento e testemunhas disseram que houve uma forte rajada de vento quando o muro caiu. Ao todo sete pessoas morreram e uma ficou ferida.
A parede que desabou é do Pavilhão Cianê, uma antiga tecelagem que funcionava no início do século passado. O prédio, construído em 1913, foi tombado pelo patrimônio histórico e passava por obras para a construção de um shopping. A estrutura original, porém, seria mantida. 
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (21), para esclarecer as circunstâncias do desabamento, o diretor do shopping Pátio Cianê admitiu que foram dispensadas escoras na parede que caiu. Márcio Araújo disse ainda que foram feitas mudanças na estrutura do prédio, como a retirada do mezanino e do telhado, e admitiu a possibilidade de as alterações terem deixado a construção mais exposta. 
Ainda de acordo com o representante do shopping, a decisão de dispensar o reforço do muro foi tomada por uma equipe de técnicos, arquitetos e projetistas, que avaliaram não haver necessidade de apoiar a parede que veio abaixo. 
"Pode ter acontecido algum abalo na estrutura, mas não podemos afirmar que isso provocou a queda da parede. Apenas o laudo pericial poderá mostrar claramente qual foi a causa desse acidente", disse.
Márcio Araújo esclareceu ainda que a obra do empreendimento dispunha do respaldo de todas as licenças exigidas para esse tipo de construção, e que a Prefeitura de Sorocaba realizava constantes vistorias no espaço.
Ainda de acordo com o diretor do shopping, a assistência às famílias das vítimas será priorizada. Sobre as indenizações, o representante disse que ainda não houve conversas nesse sentido, mas adiantou que o seguro da obra do empreendimento deverá custear o atendimento aos parentes dos mortos.

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